Emma permanecia em choque, assim como quando eu a encontrei em frente à minha casa, completamente transtornada. Ela chorava como uma criança no canto de meu quarto. Eu tentei por diversas vezes acalma-la, mas a mesma parecia não me ouvir, foi quando eu me sentei ao seu lado e ela finalmente se acalmou e tentou falar o que tinha acontecido.
— No seu tempo, querida. — Digo passando as mãos em seus cabelos negros.
Ela soluçava mas respirou fundo e enxugou suas lágrimas.
— Eu não lembro se comentei, mas no começo da semana passada, meu padrasto voltou. Tudo estava indo bem, mas minha mãe viajou...— ela volta a chorar.
— Está bem, não precisa falar.
— Ele queria me tocar, falou coisas obscenas sobre meu corpo. Eu corri para o meu quarto, ele tentou arrombar minha porta! O pior foi quando minha mãe chegou e disse que era tudo coisa da minha cabeça. — As lágrimas escorrem de seus olhos. — Passei o domingo inteiro na rua, foi horrível.
Eu a abracei e comecei a chorar junto com ela.
— Você sabe que deve ir à polícia, certo?
— Não adianta, Charlie. Isso não vai mudar. Deixe-me ficar aqui, eu prometo pagar as diárias com o dinheiro do meu trabalho.
— Fique o quanto precisar, você sabe que não precisa pagar por nada. — Deposito um beijo em sua cabeça. — Agora vá tomar um banho longo e quente, depois vamos conversar melhor.
Eu entrego um roupão para ela e desço para falar com meus pais.
— Ela teve uma noite terrível. — Falo para minha mãe.
— Eu jamais a deixarei dormir lá novamente! — Ela fala com as mãos na cintura.
— Eu dormi na casa do Adam, você se confundiu. — Minto.
Ela franziu as sobrancelhas e olhou para mim.
— De qualquer forma, não irei deixar.
Pego a travessa que ela me entregou e coloco na mesa.
— Sabe, mamãe, Emma não pode voltar para casa agora.
— Eu sei, não vamos deixar ela na rua da amargura. Emma é da família também, mas preciso falar com a mãe dela antes de tudo.
— Por hoje, acho melhor não.
— Certo. Falarei com Diana amanhã, e ela poderá ficar aqui o tempo que precisar. — Ela diz.
— Obrigada, mamãe.
Ela volta para a cozinha e depois retorna com uma jarra de suco.
— Chame sua amiga para comer, é melhor eu e seu pai conversamos com ela.
Subi as escadas com rapidez, abrir a porta de meu quarto, mas ela ainda não havia saído do banheiro. Sentei em minha cama e peguei meu celular. Hunter me mandou mensagem, provavelmente estava preocupado. Encontrei Ashley ainda hoje, ela estava acompanhada de outro homem. Provavelmente eles fariam aquele encontro de "adultos". Às vezes eu esquecia quero Hunter já possuía seus 26 anos. O mais engraçado era que para mim, não parecia. Abrir sua mensagem e comentei sobre Emma, depois enviei a ele três fotos sensuais e Emma saiu do banheiro.
— Me sinto bem melhor. — Disse ela secando seus cabelos com outra toalha.
— Bem, conversei com minha mãe e ela deixou você ficar, mas ela irá conversar com sua mãe.
Ela revira os olhos.
— Ela não vai se importar, Charlie. Abrir minhas mensagens diversas vezes e nenhuma era dela. — Ela abaixa sua cabeça. — Disse que era melhor eu me manter afastada de casa, acredito que no fundo ela saiba de tudo. Eu já sou responsável por mim mesma, e digo, para lá eu não volto.
— Muito bem, então vamos pegar suas coisas amanhã.
Após o jantar, eu e ela fomos deitar, mas como sempre, ficamos conversando até mais tarde.
— E como foi com Hunter? — Ela perguntou sorrindo.
— Foi mágico, ele sabe muito bem o que faz. — Digo com os olhos brilhantes.
— Humm...
Ela faz cócegas em mim.
— Estamos bem, finalmente. E como transa bem.
— Ele é mais velho, é claro que sabe fazer as coisas. — Ela disse revirando os olhos e sorrindo.
Emma era a mais avançada do nosso trio. Com apenas 13 anos ela perdeu a virgindade com um primo. Segundo ela, ficou o mês inteiro pensando que estava grávida, mas logo que seu ciclo se fez, ela partiu para outros. Eu sabia que ela já havia se envolvido com homens mais velhos, professores e casados. Diferente das outras pessoas, eu fui a única que não a julguei quando vazaram fotos intimas dela. Até hoje ninguém na escola tem certeza se aqueles eram seus seios. Talvez ela quisesse agradar aos homens por conta da ausência de seu pai e a falta de amor de sua mãe. Com tudo, eu nunca a vi tão abalada como agora, a diferença é que tudo que isso que ela fez teve seu consentimento.
— Você acha que ele pode me pedir em namoro? — Pergunto.
— Sinceramente não, não fique magoada, mas homens mais velhos quase nunca namoram adolescentes. — Ela diz. — É apenas um caso, e tudo bem para você, certo? Os dois estão se beneficiando.
Aquelas palavras me deixaram pensativa, mas ela tinha razão e eu queria mudar de assunto.
— E você e a Adam? Sei que já ficaram mais vezes.
Ela pareceu desconfortável em falar sobre aquele assunto.
— Talvez ela esteja apaixonada por mim, mas enfim. Vamos dormir.
Ela fechou os olhos e se aconchegou em minha cama. Eu continuei encarando o teto e suspirei, não conseguiria dormir agora. Ouvir meu celular vibrar na mesa de cabeceira. Peguei o mesmo e vi uma mensagem de uma pessoa desconhecida. "Olá, sou eu, a Ashley". Revirei os olhos mas respondi, ela queria se encontrar comigo para falarmos sobre algo. Eu iria me encontrar com ela no dia seguinte.
Desci e já sai sem falar com ninguém ou comer, eu não estava com cabeça para aquilo. Respirei fundo e entrei na escola, durante toda a aula eu fiquei desfocada dos assuntos e de cara fechada. Conversei com Adam e falei sobre a situação de Emma, ele parecia abalado. Saí da escola as 14 horas, caminhei lentamente até o café aonde marcamos de nos encontrar. Avistei Ashley nos fundos com uma garrafa de água na mão. Segurei firme a alça da minha mochila e fui ao seu encontro.
— O que tem para me dizer? — Sou direta.
— Acalme-se. — ela vira a garrafa de água em sua boca e me olha dos pés à cabeça. — Sabe, te olhando assim, eu tenho inda mais certeza de que é apenas uma criança. Hunter não deveria se envolve com menores.
— Pediu que eu vinhesse para poder me ofender gratuitamente? — Olhei para ela da mesma forma. — Não estou aqui para isso.
Ela gargalhou e olhou seriamente para mim logo em seguida.
— Bem, mas deve ser muito difícil para você saber que ele está esperando um filho com outra mulher.
Minha respiração ficou ofegante, ela só poderia estar blefando.
— D-do que você está falando?
— Isso mesmo, eu e Hunter teremos um filho. Você é tão significante para ele que o mesmo nem falou que teria um filho fora da relação doentia de vocês!
— Eu não vou acreditar em nada que você diz.
Meus olhos se enchem de lágrimas.
— Acredite se quiser. Pergunte a ele, Charlie. Mas logo digo que será mais doloroso.
Saio de lá devastada, segurei firme minhas lágrimas.
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