Benjamim percorreu o caminho de volta para casa pensando em como contaria a Antonela que passaria a noite no hospital com Helen. Ela jamais aceitaria essa possibilidade, Antonela não era tão compreensiva assim.
Qual era o sentido de colocar seu casamento em risco só para ajudar Helen? Desde quando ele havia se tornado um homem com o coração tão mole assim?
Mas as recordações que Benjamim tinha da mãe de Helen permaneciam vivas em seu coração. Ela, por muito tempo agiu melhor do que a própria Carlota. Foi aquela mulher que o ajudou a ser o homem de negócios bem-sucedidos que hoje Benjamim era. Foi a mãe de Helen que ensinou tudo o que ele sabia.
Ele devia isso a ela. Será que Antonela compreenderia? Ele estacionou o carro em frente à casa e jogou a cabeça para trás. Antonela não compreenderia e nem mesmo aceitaria e ela tinha todas as razões do mundo para isso.
Ele saiu do carro e assim que abriu a porta foi recebido por um abraço de Adam, que veio correndo quando ouviu seus passos e se jogou em seus braços. Era bom ser recebido dessa maneira. E ele até mesmo se esqueceu do problema que estava prestes a enfrentar.
Ele foi perdendo a coragem de contar a verdade a Antonela, assim que ela se aproximou dele e o abraçou, dizendo o quanto era bom tê-lo em casa. Não havia lugar melhor para estar do que nos braços da mulher que ele amava. Ele concordava com tudo o que ela dizia.
— Fui visitar o Henrico hoje – ela disse, quando segurou na mão dele e o arrastou até o andar de cima – ele está pensando em vender a fábrica. Você poderia conversar com ele?
Benjamim desfrouxou a gravata e jogou a maleta sobre a cama, virando as costas para Antonela. Ele não ouviu nada do que ela disse, continuava pensando em como contar a verdade a ela.
— Benjamim? – foi o toque das mãos dela sobre o seu ombro que fez ele voltar a realidade – você ouviu o que eu disse.
— O quê? – ele girou o pescoço e a encarou – desculpa, eu não entendi o que você disse.
— Está acontecendo algo? – ela encontrou a cabeça no ombro dele e o esperou responder.
— Não é nada – ele engoliu a seco, sentindo-se a pior pessoa do mundo por fazer aquilo com Antonela – vou precisar voltar à empresa, tenho uma reunião agora à noite com alguns investidores.
Antonela achou estranho à informação que ele havia dado. No tempo em que trabalhou com ele nunca soube que Benjamim fazia reuniões no turno da noite. Uma ruga surgiu em sua testa e ele percebeu a desconfiança dela.
Não seria mais honesto contar a verdade? Benjamim não tinha coragem.
— Prometo que não vou demorar – ele sentiu sua garganta rasgar com aquela mentira. Virou-se para olhá-la – é um negócio muito importante e não teríamos outra oportunidade.
Benjamim sentiu que seria incapaz de sustentar aquilo por muito tempo. De repente, ele se sentiu a pior pessoa do mundo, mas torceu para que Antonela jamais descobrisse sua mentira. Ele beijou seus lábios, um toque leve e rápido e depois, com a mesma velocidade com que chegou, saiu do quarto, com ela vindo atrás dele.
Antonela sentia-se extremamente incomodada com aquilo, mas não o questionou. Decidiu que confiaria no marido. Se aquela reunião era importante para Benjamim, era importante para ela também.
— Não quer jantar antes de voltar? – ela indagou, quando ele se virou para olhá-la – fui eu que fiz o jantar.
Mas se Benjamim parasse para se sentar à mesa ao lado dela desistiria de ajudar Helen, preferiu não fazer nenhuma pausa que complicasse ainda mais as coisas.

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