Benjamim chegou à empresa, imerso nos pensamentos. Parou em frente à mesa de Antonela, agora vazia, sabendo que não a veria mais. Sabia que ainda era muito cedo, e que talvez ela desistisse da demissão e retrocedesse. Ele tinha esperança de vê-la entrando pela porta da empresa e pedi seu emprego de volta.
Antonela era orgulhosa, ela não retrocederia em sua decisão.
Ele bateu com os dedos sobre a mesa dela e lembrou-se do seu belo rosto, e então, depois de alguns segundos, se virou para Caroline e se dirigiu a ela.
— Peça para que a Dominique vá até minha sala quando chegar.
Ele girou e virando as costas se trancou no escritório. A noite anterior havia sido a mais longa de sua vida. Ele chegou em sua casa se deparando com Carlota, que preparava o seu casamento com grande empolgação. Ela não percebia que a única que estava feliz com aquela decisão era exclusivamente ela.
Considerando que já não havia clima para permanecer debaixo do mesmo teto que Carlota, Benjamim decidiu que depois do casamento, compraria uma casa, longe dali para não ter que ver Carlota depreciar de sua infelicidade.
Ela bateu algumas vezes na porta, na tentativa de convencê-lo a participar de suas decisões, mas Benjamim a tratou com indiferença e nenhuma palavra foi proferida por ele.
Demorou para dormir, às vezes tinha o celular em punho, com o número de Antonela aparecendo em sua tela, mas lhe faltou coragem para concluir a ligação. Benjamim deixaria Antonela ir embora, sem se despedir. Ele não via outra saída.
Ele nunca imaginou que perderia o sono por uma mulher e que ela lhe roubaria a paz ao ponto de ele pensar somente naquilo.
Despertou na manhã seguinte, assustado. O dia clareava lentamente, quando ele abriu a janela para recuperar o ar que havia fugido de seus pulmões. Ele jamais havia experimentado um sentimento tão profundo quanto aquele. Sentiu a ar frio em contato com os peitos descobertos. Depois de muito, muito tempo ele entrou, indo direto ao banheiro. Era hora de voltar a vida normal, como sempre fora antes de Antonela aparecer em sua vida.
Surpreendeu Carlota por ter que acordar tão cedo, ainda envolvida em suas loucuras daquele casamento. Ela olhou com grande expectativa para Benjamim, levantando-se e indo em direção a ele. Ela não queria ter que tomar as decisões do casamento sozinha. Desejava ardentemente que ele participasse, dando sua opinião, mas Benjamim passou por ela e saiu da casa em silêncio.
Ele se recusava a falar com ela e sua decisão magoava Carlota profundamente. Não havia nada mais doloroso do que o desprezo de um filho.
Agora, no escritório pouco iluminado, ele tinha reuniões e decisões importantes para tomar na empresa, mas não conseguia se concentrar em nada além dos acontecimentos de sua vida.
Viu a porta do escritório abrir e Dominique entrar, para a surpresa de Benjamim ela estava atrasada e ele nem se deu conta disso, até olhar as horas no relógio.
— Peço desculpas pelo meu atraso, senhor – disse, ofegante, como se tivesse corrido muito para chegar ali – precisei resolver algumas coisas antes de vir para o trabalho.
Dominique acreditou que ele a puniria depois, claro de lhe dar um sermão sobre como não chegar atrasada no trabalho. Mas estranhamente não foi isso o que aconteceu.
— Onde está a Antonela? – Benjamim quase entrou em uma crise depressão ao dizer isso.
Dominique saiu da sala na mesma velocidade em que entrou, satisfeita por ser ela a portadora de boas notícias. Quando Benjamim se viu sozinho novamente, pegou o celular em punho e ligou para o seu advogado.
Em seguida, pediu para o setor financeiro depositar uma enorme quantia para a fábrica de Henrico. Instituiu uma equipe para orientá-lo e ajudá-lo a erguer sua fábrica.
Ele precisava garantir que os negócios de Henrico prosperassem, para assim Antonela permanecer por perto.
O pensamento de tê-la parecia errado a princípio, se não fosse, claro, pelo casamento falso a que ele seria submetido dali a poucas horas. Saiu da empresa e se dirigiu à casa de Henrico. Ele arriscava encontrar Alessia, o que era estranho para ele não sentir nenhuma empolgação ao encontrá-la, mas ele precisava saber os motivos de Henrico em pedir para Antonela ficar na cidade.
A expressão de Henrico, ao se deparar com Benjamim parado em frente à sua porta, era de surpresa. Dando espaço, pediu para que ele entrasse sem questionar seus motivos de ter ido ali pessoalmente.
— Sei da verdade, Henrico, ele disse isso, fazendo uma ruga a mais se formar no rosto do velho homem – por que você pediu para a Antonela ficar na cidade?
De repente, um grito agudo os interrompeu e passos apressados desceram a velha escadaria da casa. Benjamim se viu de frente com Alessia, que ouvia toda a conversa às escondidas.
— O senhor pediu para Antonela ficar na cidade? – Um brilho cruel brilhou em seus olhos, quando ela se aproximou de Henrico, possuída pelo ódio – por que fez isso, pai?

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