Vladir pegou em suas mãos o papel amassado e com manchas de sujeira, como se Fred o olhasse diariamente. As marcas de seus dedos estavam em todos os lugares e o desgaste do papel provava que ele pensava sobre o que havia feito insistentemente por vezes que Vladir não soube enumerar.
Voltou a olhar para as horas no relógio. Já não havia tempo para pensar sobre o que fazer. Pediu para o policial levar Fred para a cela e saiu da delegacia em direção ao local onde o casamento aconteceria.
Do lado de fora da igreja, Carlota olhava para todos os lados, aflita, em busca de Alessia. Henrico caminhava de um lado a outro em frente à enorme escadaria com o celular em punho, insistindo em uma ligação atrás da outra, em vão. Alessia não atendia o maldito telefone.
Henrico sentiu um aperto no peito ao olhar a igreja cheia e os minutos transcorrendo sem ter ideia do que havia acontecido. Ele fartaria novamente se Alessia não aparecesse imediatamente. Desligou o aparelho e voltou a perguntar a Carlota o que havia acontecido.
Carlota vinha relutando contra a ideia de contar a ele a verdade. Alessia pedira total sigilo com a única intenção de fazer a ele uma surpresa, mas os acontecimentos não faziam o menor sentido para ela.
— Ela disse que iria atrás de você – as mãos dela tremularam ao confessar – me confessou que havia pegado seu dinheiro emprestado e que precisava pagá-lo. Dei o dinheiro a ela e Alessia atravessou a porta desesperada atrás de você.
Henrico franziu a testa completamente confuso.
— E ela não saberia que eu estaria aqui, na porta da igreja esperando por ela?
— Ela não sabia – sentiu o cansaço abafar sua voz e precisou encher os pulmões de ar para finalmente prosseguir – ela acreditava que você se negaria a levá-la até o altar se ela não lhe devolvesse o dinheiro.
Aquilo não fez o menor sentido para Henrico. Ele jamais havia declarado isso para Alessia nem levantado hipóteses que certamente existiam apenas em sua mente conturbada. Tentou pensar nos lugares que Alessia o procuraria.
Lembrou-se da fábrica. Antonela estava lá e o encontro das duas não terminaria nada bem.
— E se ele desistir? – uma lagrima escorreu pelo rosto dela estragando a maquiagem – e se ele fizer comigo o que fez com a Antonela? Por favor, pai, não permita que isso aconteça.
Ele não conseguia acreditar, que Alessia sendo arrogante e destemida ficasse tão desesperada e temendo um possível abandono do pai do seu filho. Henrico suavizou um pouco ao ver o medo estampado no rosto da filha, mas ainda assim falou friamente.
— Isso não vai acontecer – ele agarrou a mão gelada de Alessia – você carrega dentro do seu ventre o herdeiro que ele sempre quis. É tarde demais para que ele desista.
Alessia tentou acreditar nas palavras do pai, embora não conseguisse parar de pensar que Fred cumpriria sua promessa a qualquer momento e contaria a Benjamim a verdade sobre sua falsa gravidez.
Henrico voltou a abrir a porta do carro e pedir para que Alessia entrasse de volta no veículo para que esperassem ali dentro a chegada de Benjamim. Observou-a estremecer e ficar com o olhar fixo na entrada da igreja, como se pressentisse o pior. Henrico, por outro lado, ficou com as palavras de Carlota martelando em sua mente o tempo todo, porém considerou que aquele não era o momento para perguntar a Alessia sobre o dinheiro que ela deveria lhe entregar.

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