— Como? – Antonela sentiu um peso esmagando seu estomago por dentro, como se tivesse levado um soco – eu não entendo.
— Eu também não – foi sincero – mas o enfermeiro tem uma mãe morrendo em um hospital e ele precisava urgentemente de uma enorme quantia para arcar com o tratamento dela. Então ele aceitou, mas Alessia não cumpriu com o combinado e pagou só metade do dinheiro.
— Onde Alessia conseguiu dinheiro?
Por alguns instantes, Benjamim ficou calado, sentindo um bolo que lhe obstruía a garganta. Antonela não podia pensar que aquilo fosse verdade.
— Ela roubou da fábrica do seu pai.
Ela engoliu em seco. Seus olhos faiscaram. Antonela passou um tempo sentada sem dizer nada. Absorvendo a verdade como uma comida amarga, difícil de ser digerida. Agora tudo fazia sentido.
Imaginou como Henrico se sentiria quando soubesse a verdade. Imaginou como Alessia se sairia quando toda a verdade fosse exposta em seu belo rosto.
— Paguei a fiança do Frederico, o enfermeiro coagido pela sua irmã – Benjamim prosseguiu – depois levei ele até o hospital onde a mãe dele está internada e paguei todo o tratamento dela. E agora estou aqui, bebendo para ter coragem de voltar para casa e acabar com isso de uma vez por todas.
Antonela percebeu a amargura no tom de voz dele. Ela se silenciou. Não havia nada que pudesse dizer a ele. Nem mesmo se desculpar por fazer um julgamento precipitado de suas atitudes. Ele estava agindo com uma enorme grandeza ao perdoar o enfermeiro e ainda o ajudar a salvar a vida da mãe do rapaz.
Sua atitude era nobre, não havia como descrever o quanto ela agora o admirava por isso.
Depois disso, ninguém se mexeu. Ainda abalados pelo que havia acontecido, ficaram apenas observando o movimento intenso do bar, ouvindo a música que ecoava logo atrás deles.
Ela partiria sem dizer a ele tudo o que precisava. Muitas coisas ficaram presas em sua garganta e que morreriam em seu coração depois daquilo.
Percebendo que ela partiria, Benjamim tocou seu braço, forçando Antonela a olhar para ele.
— Ao menos uma coisa boa aconteceu no meio de toda essa tragédia – ele disse isso, percebendo o rosto dela ficar vermelho de repente – você não foi embora como imaginei que iria. Eu ainda tenho você na minha vida.
Ela apenas escondeu o sorriso que tentou se formar em seus lábios ao ouvi-lo dizer aquilo e então saiu do carro, caminhando até a varanda. Olhou para trás, pela última vez, quando Benjamim acenou e finalmente partiu.
A casa estava escura. Não havia nenhum sinal de presença ali. Ao entrar, ela chamou pelo nome do pai, mas ninguém a respondeu. Antonela estava sozinha e teria tempo suficiente para pensar sobre tudo o que havia acontecido.

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