Benjamim estacionou o carro em frente à sua casa. Parou por um momento olhando para o local, que tinha em seu interior algumas luzes, ainda acessa. Ele não fazia ideia do que encontraria ali dentro, e certamente se soubesse que Henrico e Alessia estavam ali, ele não entraria.
Olhou as horas no relógio. Eram três horas daquela madrugada fria e solitária. Imaginou que naquele momento estaria casado com uma grande mentirosa, se Fred não tivesse sido preso, se nenhum daqueles acontecimentos tivessem de fato ocorrido, sua vida seria triste e amargurada, vivendo ao lado de uma mulher que ele não amava.
Se pegou pensando como suportou ficar ao lado de Alessia por tanto tempo e porque considerou que se casar com ela era a única opção. Certamente ele já obtinha todas as respostas, só não sentia preparado para aceitá-la.
Parou em frente a porta, olhando ao redor. Nem sequer uma alma viva havia por perto. Pegou as chaves do bolso, colocou na fechadura e girou, abrindo-a.
Foi só quando Benjamim girou o calcanhar para ir em direção às escadas que ele se deparou com Henrico, agora de pé, parado há alguns metros dele, com os olhos fixados no seu.
Benjamim jogou a cabeça para trás e bufou. Aquela noite nunca terminaria?
Não viu quando Henrico caminhou em sua direção com os punhos fechados e o semblante contrariado. Quando olhou nos olhos do velho, deu um passo atrás, pronto para se defender, mas Henrico não ousou sequer levantar a mão para tocá-lo.
— Você vai me explicar agora mesmo todos os motivos que fizeram você agir como um moleque irresponsável e ter abandonado minha segunda filha no altar – disse, com os olhos flamejando – se é que existe explicação para o que você fez.
Benjamim olhou para o chão, depois voltou a olhar para Henrico. Seu rosto indicou que Henrico não iria gostar nada de ouvir o que ele tinha para dizer. Seu corpo enrijeceu.
Por outro lado, Benjamim não queria ter que repetir a mesma história outra vez, não mais naquele dia. Ele só desejava subir aquelas escadas e se deitar em sua cama para dormir.
— Podemos deixar essa conversa para depois? – Benjamim detestou ter que fazer aquilo, mas sem pensar muito desviou e passou por Henrico na intenção de encerrar a conversa que nem havia começado.
— Você vai ficar aqui, Benjamim – o grito de Henrico ecoou como um estrondo pela casa silenciosa – e só vai sair quando me contar tudo o que aconteceu.
Benjamim foi pego desprevenido outra vez. Parou no meio do caminho e virou para olhar nos olhos de Henrico. O homem tinha o rosto vermelho e os olhos arregalados, com olheiras embaixo indicando que ele não havia dormido um minuto sequer aquela noite.
Passos apressados foram ouvidos descendo as escadas e Carlota paralisou quando viu Benjamim de volta em casa. Caminhou lentamente, temendo também a péssima reação que ele teria ao vê-la novamente.
Como ele ficaria quando soubesse que Alessia estava ali, a poucos metros dele?
Benjamim girou o pescoço e olhou nos olhos da mãe. Parecia que todos sofriam por aquele casamento que não aconteceu, menos ele, é claro, que tudo o que conseguia sentir era um enorme alívio.
— O que você está fazendo na minha casa, Henrico? – ele encarou o homem com desprezo – ficou acordado até agora apenas para ouvir a verdade? Quer mesmo saber a verdade?
Lentamente, ela levantou os olhos e o viu. Um sorriso sincero repuxou seus lábios e seus olhos encheram-se de lágrimas. Alessia se jogou nos braços dele, quando foi puxada abruptamente pelo próprio Henrico.
— Diga-me que o que estou lendo nesse documento não é verdade? – Henrico balançou o teste de gravidez em frente ao seu rosto – diga-me que você não usou o meu dinheiro para falsificar um teste de gravidez.
Alessia paralisou e uma lagrima escorreu de seu belo rosto. Fred havia cumprido sua promessa e revelado toda a verdade a Benjamim. O que ela deveria fazer agora? Negar? Fugir? Havia ainda esperança de reverter essa situação?
— Responda ao que o seu pai perguntou – a voz fria de Benjamim ecoou nos ouvidos dela, fazendo sua cabeça explodir – embora eu não precise de sua validação para ter certeza da verdade.
Alessia fechou os olhos enquanto seu rosto tornava-se vermelho e ela levava as duas mãos em frente ao rosto, juntando-as pronta para implorar.
— Sinto muito, Benjamim – ela derramou outras dezenas de lagrimas – mas eu sabia que você não iria querer se casar comigo se eu não lhe desse um filho. Eu não podia perdê-lo.
Henrico quase desabou com a confissão dela, porém Benjamim não expressou nada. Estava completamente vazio por dentro, nem mesmo o seu desprezo, Alessia merecia.
— Está aí sua verdade, Henrico – ele apontou o dedo para Alessia – e por esse motivo eu a abandonei no altar. E, por outros milhares de motivos, não quero vê-la nunca mais. Acabou Alessia, dessa vez para sempre.

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