Antonela saiu da fábrica sob o olhar atento de Alessia, que a observava da janela. Mas ela não percebeu, estava concentrada na missão de tornar o dia de Adam feliz e nada atrapalharia seus planos.
Ela passou em uma loja infantil e saiu de lá com um carrinho embrulhado para presente. Imaginou como Adam se comportaria ao receber o agrado. Há muito tempo ela não comprava nada para o filho. Não proporcionava a ele momentos divertidos como aquele.
Voltou para casa feliz e cheia de expectativas.
Desceu do ônibus e caminhou pela longa estrada de chão, quando avistou Carmélia correndo para fora da casa, com Adam nos braços.
Foi como se o tempo parasse ao redor dela, ficasse suspenso e deixasse de existir. O presente que ela segurava nas mãos, caiu e os olhos de Antonela encheram-se de lagrimas.
Ela correu na direção de Carmélia, prevendo o pior. Correu até o alcançar. Arrancou Adam dos braços dela e deixou que o desespero tomasse conta de suas emoções.
Adam estava desacordado. Seu rosto pálido fez Antonela pensar o pior. Ela sacudia o garoto para ele acordar, mas Adam não reagia.
— O que aconteceu? – os olhos de Antonela derramaram as lagrimas que havia nascido minutos antes.
— Eu não sei – Carmélia atropelava as palavras, gaguejando-as – eu o encontrei assim, desacordado na porta do quarto, com o nariz sangrando.
Em desespero, Antonela correu para a estrada de chão, em direção à avenida principal. Ela precisava pedir ajuda e levar Adam rapidamente para o hospital antes que fosse tarde demais.
Carmélia a acompanhou, enquanto ligava para o serviço de emergência na esperança de que uma ambulância os socorresse. Um carro parou ao sinal de Antonela. Sem pensar muito, elas entraram no veículo e o homem desconhecido as levou para um hospital.
Antonela entregou o garoto nos braços do médico que o levaram, ainda desacordado para dentro. Foi orientado que ela fizesse o cadastro dele, mas Antonela mal se segurava em pé.
Carmélia a sentou em um banco e fez o que o médico havia pedido. Em seguida, ligou para Dominique informando o que havia acontecido. Quando se sentou ao lado de Antonela, ela parecia em choque, tinha o rosto branco como uma folha de papel e seu olhar permanecia perdido, como se ela estivesse desconectada do próprio corpo.
— Sinto muito, Antonela – as lágrimas escorreram pelos olhos de Carmélia – eu não sei o que aconteceu. Eu o deixei sozinho por apenas alguns minutos e, quando voltei, ele estava desacordado.
Antonela levou o olhar até ela, sabendo que a culpa não era de Carmélia. Adam já vinha apresentando falhas na saúde. O menino vivia fraco e dando sinais febris. Tinha algo acontecendo com ele, coisa a qual Antonela não deu a devida atenção.
Se havia alguém culpada nessa história era ela, que trabalhava demais, passando horas longe do filho não dando a atenção que ele merecia.
Ela não deveria ter passado a noite longe dele. Deveria ter voltado para casa. Se tivesse feito isso, talvez as coisas não terminassem assim.
— A culpa não é sua – Antonela sussurrou, passando a mão sobre o rosto molhado.
Em seguida, ela se levantou e caminhou até a emergência. Ela não suportaria ficar esperando, enquanto seu filho era socorrido. Foi autorizado que ela entrasse.
Antonela percorreu os corredores em busca de Adam. Não sabia para onde ir e ninguém tinha nenhuma informação para onde ele havia sido levado. Seus olhos atentos percorriam cada canto e sua atenção voltada apenas para encontrar o filho não a fez perceber a presença de Benjamim e se esbarrar nele de repente.
Ela olhou nos olhos dele, enquanto Benjamim a envolvia em seus braços.
— Está tudo resolvido, senhor Benjamim – Fred disse, limpando as lágrimas e elevando o olhar até Antonela.
Teve a impressão de conhecê-la de algum lugar.
— Essa é Antonela – Benjamim apontou para ela – a irmã mais velha da Alessia.
O rosto de Fred se contorceu, transformando-se em algo sombrio. Agora ele sabia de onde vinha a impressão de conhecê-la. Antonela se parecia muito com Alessia. Por outro lado, Antonela se agitou. Ela queria encerrar aquela conversa de uma vez, embora tivesse questionamentos sobre quem era aquele rapaz e como ele conhecia a Alessia.
Antonela tinha problemas maiores para resolver. Precisava encontrar Adam e saber se seu filho estava bem. Ficando ali, corria o risco de o seu segredo ser descoberto.
— Preciso ir – ela disse, dando dois passos para trás – a Carmélia está me esperando. Conversamos em outro momento.
Benjamim abriu os lábios para dizer algo a ela, mas Antonela girou os calcanhares e caminhou com passos apressados para longe dele.
Logo, Benjamim não a viu mais.
Assim que Antonela girou o corredor, avistou o médico que havia levado Adam para ser socorrido. Correu para alcançá-lo. Ele a levou até onde o menino estava e, no caminho, explicou toda a situação.
— Precisaremos fazer alguns exames para ter certeza do diagnóstico – havia uma enorme preocupação no rosto do homem – por enquanto, Adam ficará internado, mas quero que se prepare. O caso do Adam parece grave.

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