O ʟᴇɪʟᴀ̃ᴏ romance Capítulo 114

" Volta teu rosto sempre na direção do sol, e então, as sombras ficarão para trás. "

• TEMPOS ATUAIS •

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• ALESSANDRA AMATTO •

Fará um mês que essa nova governanta assumiu o lugar da anterior que era boçal e agressiva. Toda vez que ela segurava firme o rosto da minha filha, tinha vontade de quebrar o prato que estava em sua mão e furar sua garganta. — Não sei o que aconteceu para ela ser demitida, mas fico feliz por isso, já foi tarde!

Parece que finalmente os céus me ouviram, Constância é gentil e sempre nos traz mais comida do que o normal. Minha filha até ganhou peso, estava tão magrinha e vivia doente por conta do lugar úmido e frio em que vivemos. — Meu Deus! Sei que estou pedindo demais, mas nos tire daqui! La mia stella (minha estrela) merece ver o céu, dormir em uma cama e ter uma vida boa longe desse maldito lugar... lamentavelmente não conhecerá o pai, mas torço que o avô ainda esteja vivo ou o tio Fabrizio e o irmão Domenico... minha menina merece algo digno do sobrenome que tem caramba! É uma Amatto e Maceratta!

Respirei profundamente tendo a noção que o sol já se pôs, devido à única janelinha que possui nesse porão não passar mais a claridade.

— Filha, vem! Em breve Constância trará o jantar... ela confirmou que hoje teríamos comida. — Chamei minha menina que está começando a ficar com seu rostinho cheinho.

Embora tenha aparência de uma garota de 12, Lexie atualmente está com 14 anos, infelizmente nunca tomou vitaminas, injeções ou nada do tipo, sendo de extrema importância para ter uma vida saudável, por muito custo nasceu no hospital e assim que terminou o período de observação, retornamos imediatamente para esse porão onde vivemos como animais enjaulados. A única coisa que me deixa aliviada é que toda vez que ele me possui é sempre em seu quarto, por respeito a minha filha que ainda é uma criança.

— Mãe, me conta como era o meu pai novamente! Preciso voltar a sonhar com ele, e fala da minha irmã raio de sol. — Alisei seu lindo rosto, vendo meu Enrico nele.

— Minha fadinha dos olhos azuis, és a cara do papai Lexie... — declarei segurando a imensa vontade de chorar.

— Que pena que ele já se foi, queria tanto conhecê-lo — desde que comecei a falar de seu pai vive me pedindo para contar nossas histórias — por favor, mamãe!

— Depois, filha, sabe como é o meu senhor, ele não gosta dessas conversas, mas prometo contar o dia que conheci seu pai. — Aquele sorriso lindo que faz la mia stella estreitar os olhos, foi redirecionado a mim.

Escutamos o barulho da porta que dá para cozinha ser aberta e prontamente o cheiro gostoso invadiu minhas narinas. Por pouco não agi como uma fera louca para atacar o alvo. Recuperei o raciocínio e sei que fiquei nesse estado, pois só fazemos refeição uma vez ao dia e Constância sempre traz em abundância, visto que a própria me informou ter sido instruída de fornecer nossa alimentação somente no almoço, mas quando chega a comida ela traz fruta e água escondido em sua saia, e mesmo magra a mulher de cabelos grisalhos e olhos azuis nunca nos trata como animais.

— Minha senhora Alessandra! — fiquei surpresa por ser chamada desta forma, ela jamais ouviu, já que Ivo me chama sempre de escrava e escutar meu lindo nome é novidade — ... Toma, coma! Se alimentem bem... já volto!

Saiu apressada e notei estar inquieta, mas nos deixou uma bandeja com muita comida e água, assim que a porta foi fechada rapidamente eu e Lexie devoramos tudo, as frutas escondi para mais tarde. — Obrigada, meu Deus, muito obrigada pelo alimento de hoje que veio em dobro! Amém! ...

— Vamos filha! Agradece a Deus por nosso alimento e mais tarde tem história e fruta para você, minha menina — chorei forte por ter maçã e banana para Lexie comer antes de dormir, diariamente escuto seu estômago reclamar da ausência de alimentos — obrigada meu Deus!

— Mamãe não chora... — Me abraçou e seu sorrisinho sumiu devido ao meu desespero.

A porta foi aberta novamente me dando um susto.

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