O Melhor de Mim romance Capítulo 52

Ponto de vista da Tanya:

Uma parte de mim espera uma reação diferente do meu amor do passado, talvez alguma forma de reconhecimento que mudaria tudo, mas a esperança costuma ser uma coisa fraca e que pode ser facilmente destruída pela realidade da vida. Essa realidade cruel esmaga as minhas expectativas e anseios, porque o Marco me deixa completamente sem reação. Seus olhares cravam o meu coração enquanto ele se instala na casa ao lado.

Não querendo que a minha filha veja os meus sentimentos bagunçados, pego a mão da Claire e a levo para a nossa casa. Eu preparo o jantar e comemos enquanto ela me conta tudo sobre o seu dia. Eu sempre adoro ouvir as histórias sobre o que ela fez e, apesar do desejo persistente de falar com o vizinho, continuo entusiasmada e presente em nossa conversa.

Mais tarde, porém, enquanto lavo a louça, ouço um som alto vindo da casa do Marco. Lembrando do pedido da Lisa, meus olhos se arregalam com a compreensão. Pego a Claire, saímos correndo por uma porta e entramos na outra. A luz do banheiro está acesa e ouço o Marco xingar, claramente aborrecido.

Temendo o pior, corro para o banheiro, mas sou interrompida por uma surpresa. O Marco está completamente nu. Ele está no chuveiro, coberto de espuma e com bolhas de sabão no cabelo. Rapidamente desvio o olhar, mas as minhas bochechas ficam vermelhas com um rubor aparente. Minha filha, por outro lado, não tem tanto medo ou vergonha de afirmar o óbvio.

"O papai está pelado!"

Enquanto dou olhadas rápidas, noto o olhar inexpressivo do Marco. Entretanto, escondido, um olhar de raiva se formula lentamente. Será que é vergonha? Não sei dizer. Mas, em resposta, corro para cobrir os olhos da minha filha, que se esforçam infantilmente para tentar tirar meus dedos, pensando que é apenas uma brincadeira boba.

Ainda olhando para o chão, falo com o Marco: "Eu posso consertar isso para você. Acho que o cano está entupido..." Tenho certeza que o cano está entupido. O Marco me encara por um momento e um longo silêncio paira no ar, até que eu o ouço suspirar, reconhecendo que ele está deixando de lado seu orgulho, apesar da sua antipatia por mim no momento. "Conserte então." É tudo o que ele murmura.

Deixo a Claire na sala e pego rapidamente as minhas ferramentas na porta ao lado. À essa altura, o Marco já saiu do chuveiro e enrolou uma toalha na cintura, mas continua encharcado de sabão, então tento não olhar enquanto passo pelo seu corpo musculoso. Se ele soubesse quantas vezes eu corri minhas mãos por aquele abdômen, o quanto eu admirava a sua força...

Saio do meu devaneio travesso e, uma a uma, tiro as ferramentas necessárias para a tarefa, ficando em silêncio enquanto trabalho no conserto do cano, embora esteja muito ciente de que o Marco está me observando atentamente.

Suor e sujeira enfeitam as pontas dos meus dedos enquanto a precipitação escorre pela minha testa. Eu desobstruo o cano dos resíduos que estão impedindo o fluxo de água ao mesmo tempo em que conserto as pequenas rachaduras na tubulação. O banheiro definitivamente precisa de um novo encanamento, mas isso não é problema meu. Faço o básico para que o Marco possa tomar um banho decente e não ficar encharcado de sabão.

Eventualmente, o trabalho é concluído. Guardo as minhas ferramentas e lavo as mãos na pia enquanto falo: "Isso deve mantê-lo funcionando por enquanto, mas eu recomendo não tomar banhos muito longos e manter o chuveiro em uma temperatura mais fria." Sorrio timidamente. O Marco apenas acena com a cabeça e noto que ele parece bastante impressionado com o meu trabalho. É claro que ele não diz isso, mas o seu olhar não está mais tão frio.

Em seguida, deixamos o Marco terminar o banho e a Claire e eu vamos para casa. Já é muito tarde, então ajudo a minha filha a vestir o pijama e a coloco para dormir. Leio para ela uma das histórias de ninar que pegamos emprestadas da biblioteca antes de apagar as luzes.

Eu esfrego suas costas suavemente enquanto o tempo nos escapa lentamente. Estou quase pegando no sono quando a sua vozinha soa sonolenta na escuridão: "Mamãe, está chovendo lá fora." Nesse momento, um forte trovão faz a casa estremecer, o que me obriga a acordar, então me levanto para espreitar pela janela, observando a forte chuva a escorrer pela vidraça.

Mas, exatamente neste momento, percebo que a casa que o Marco está alugando tem vazamentos terríveis.

Que sorte a dele...

Corro para a casa do Marco pela segunda vez esta noite, empurro a porta e os meus sapatos pisam no tapete escuro e sombrio que agora está encharcado. Eu me movo rapidamente, abrindo a porta do quarto enquanto ouço o som claro de água correndo, quase como um rio ou córrego.

Parece uma cena de filme de comédia. Vejo baldes, potes e panelas espalhados pela sala na tentativa de isolar a água da chuva. No entanto, a cama não pôde ser salva, pois há uma grande goteira derramando água sobre ela, que se acumula em uma poça enorme e afunda o colchão.

Apesar da linha reta nos lábios dele, as veias em sua testa estão bem visíveis através de mechas loiras molhadas. Os olhos do Marco parecem cansados e claramente sobrecarregados e suas roupas estão encharcadas, assim como alguns dos pertences que ele desempacotou. Apesar de me ver, ele opta por não falar nada, pois o seu silêncio ilustra a fúria oculta diante das circunstâncias.

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