Ponto de vista da Tanya:
Caspian é rápido em suas saudações ao Marco e é óbvio que ele tem algo em mente que está ansioso para revelar:
"Então, Tanya, você já foi à um banquete?" Ele sonda, com um sorriso cheio de dentes.
"Hum..." Eu tenho que me impedir de olhar na direção do Marco ao relembrar a noite no leilão. Com a perda de memória do Marco, o que restou do Equinócio de Outono? "Não." Meu tom não corresponde à energia da ansiedade dele, mas o Caspian não percebe.
"Bom, minha querida, você está convidada para o banquete da Alcateia Lua Azul!" Sinto-me mal por não parecer mais animada e tento abrir um sorriso satisfeito, mas os acontecimentos de hoje realmente me desgastaram.
"O tema será baile de máscaras e acontecerá ainda esta semana! Quase todos da alcateia estarão lá." Ele acrescenta.
Ao ouvir isso, no entanto, um desconforto se instala no meu estômago. Nunca fiquei muito à vontade em eventos tão movimentados. O ambiente desses bailes é muito intenso para mim, não gosto muito de dançar e sou tímida demais para puxar conversa com as outras pessoas, mesmo na Alcateia Lua Azul, onde me sinto confortável. Eu ainda prefiro ficar no conforto da minha própria casa trabalhando nos meus perfumes.
Coço nervosamente a parte de trás do meu pescoço enquanto tento rejeitá-lo: "Hum, eu não sei… não faz muito o meu estilo." Olho para ele com um sorriso de desculpas. "Eu agradeço o convite de coração, Caspian, mas talvez da próxima vez…"
No entanto, apesar das minhas tentativas, o Alfa não se intimida: "De jeito nenhum." Diz Caspian com um brilho excêntrico em sua voz. "Você vai amar! Eu sei que você vai adorar! Você conhece todo mundo da alcateia e haverá muita comida deliciosa."
É quando ouço a Claire, que está ao meu lado, gritar de emoção e eu suspiro enquanto ela puxa a minha camisa: "Mamãe, por favor, podemos ir? Por favor, por favor."
Se não fosse pela minha filha, eu teria negado até o fim, mas ela teve um longo dia, que terminou com uma nota amarga. Isso pareceu ter acabado com o ânimo dela, e eu não quero desiludi-la de novo hoje.
"Está bem, nós vamos." Caspian quase imita o jeito infantil da minha filha enquanto os dois comemoram em pleno entusiasmo. Eu não entendo por que ele foi tão persistente com o convite. O Caspian sabe que eu me dou bem com o resto da alcateia, afinal, já estou aqui há cinco anos. Não é como se eu precisasse me misturar e conhecer as pessoas. E, no entanto, ele parece realmente encantado agora que sabe que eu aceitei ir e se despede antes de partir com uma alegria em seus passos.
Apesar de tentar esconder o desconforto e a confusão, eu me viro para o Marco, percebendo que pela primeira vez ele não está escondendo nenhum dos seus sentimentos em relação à situação. Uma carranca pesada toma um lugar profundo em seus lábios enquanto ele observa o Caspian desaparecer.
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Estou meio acordada, minha visão está embaçada e só consigo distinguir alguns objetos na escuridão. O frio mexe levemente com os meus sentidos, fazendo o meu corpo tremer à sua mercê. Mas, quando estendo a mão para puxar as cobertas sobre mim, minha mão colide com algo sólido.
O quê?
Meus olhos se abrem em alarme quando acordo assustada, mas não estou no meu quarto. Estou do lado de fora da minha porta e o vento frio roça ferozmente contra a minha pele exposta que está quase nua, coberta apenas pela minha camisola curta. Minha respiração falha com a incerteza e a confusão até que olho para baixo e vejo um dos meus vasos de plantas derrubado. A cerâmica está rachada e jaz desmontada no chão, enquanto o solo enlameado cobre os degraus da minha casa.
Suspiro, agachando-me para limpar a bagunça, enquanto penso no fato de que tive outro episódio de sonambulismo. Quando tive que pular daquele penhasco para escapar do Dorian, o meu colar foi danificado durante a queda. O pingente de rubi ficou com uma rachadura e a pedra que antes era brilhante ficou opaca. Depois disso, sofri de sonambulismo até quando a Claire nasceu. Durante as crises, eu andava sem consciência até esbarrar em algo que me acordasse.
O dia seguinte é um dia de trabalho típico para mim e, à tarde, estou voltando do trabalho para casa observando a luz natural diminuir à medida que a noite avança e o sol se põe lentamente. Por isso, noto o contraste da luz artificial no canto da minha visão.
Eu viro a minha cabeça para ver pequenas lâmpadas piscando com um brilho laranja quente e encantador. Cada uma delas está presa por um fio ao longo da cerca branca que leva até minha casa.
Estou ansiosa para segui-las como uma mariposa em transe atraída pela luz. Acelero o passo em direção à minha casa e é quando a vejo lindamente enfeitada com as minúsculas lâmpadas penduradas na infraestrutura que a cerca, quase como pequenos vaga-lumes que brilham calmamente contra a crescente escuridão.
Mas o que atrai o meu olhar é o indivíduo à minha esquerda parado em uma escada de metal. Claro que nunca pensei que o Marco precisasse de uma, afinal, ele é bem alto. No entanto, eu o observo em silêncio enquanto ele está posicionado perto de uma das lâmpadas da rua, que foi removida enquanto ele mexe na fiação elétrica dentro da sua estrutura.
As sobrancelhas dele estão estreitadas em foco, a camisa está suada e o cabelo está despenteado, o que sugere que ele está trabalhando nisso há algum tempo. Claro, eventualmente ele percebe que estou observando e pisca para mim.
"Você não precisava fazer isso." Eu digo baixinho, claramente ciente de que ele está consertando as luminárias quebradas depois do meu acidente da noite anterior.
"É bom ter iluminação pública adequada, principalmente nos meses mais escuros do ano." Diz Marco de forma lógica, ainda focando na luminária que estava consertando. "Mas vai demorar um pouco mais para consertar, então aquelas luzes pequenas servirão por enquanto." Finalmente, seu olhar pisca de volta para mim e, embora mal esteja lá, eu juro que pude ver um pequeno sorriso brincalhão se esgueirando. "Além disso, acho que a Claire gostaria que nenhuma das suas plantas favoritas fosse derrubada durante a noite."
E, assim, o sorriso desaparece e, como se nunca tivesse dito uma palavra, o Marco volta a trabalhar na fiação. Ele me faz sorrir e estou admirada enquanto observo a silhueta dele trabalhando conforme o céu escurece.
O brilho suave das luzes leva a minha memória para o dia em que eu estava perto do Templo da Deusa da Lua, cinco anos atrás, quando percebi pela primeira vez que as luzes da rua haviam sido consertadas, o dia em que tudo entre nós havia se encaixado. A memória parece semelhante e estranha quando comparada a agora, e os meus olhos brilham com o pensamento.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Melhor de Mim
Cadê o restante do livro? Só tem 8 capítulos aqui .......
Cadê o restante da história?...
Gostaria de ler o desenrolar da estória...
Aguardando ansiosa a atualização do livro 😃...
Gostaria de continuar a ler. Gosto muito de romances ❣️❣️❣️ Dão cor e sabor a vida 🌷🌸🌹🌺🌻🌼...