O Melhor de Mim romance Capítulo 60

Ponto de vista do Marco:

Em geral, eu detesto banquetes dessa natureza. Obviamente, o fato de fazer parte da família real, que usa todas as desculpas possíveis para sediar eventos como este, não ajuda. Minha experiência com os banquetes reais me fez supor que eles são todos forçados.

Nenhum dos nobres gosta um do outro na verdade, seja por causa de política ou rivalidade pelo poder. Além disso, todos têm cabelos oleosos penteados para trás contra seus couros cabeludos calvos. Já as esposas apodrecem de ciúmes das garotas mais novas, enquanto suas expressões ficam endurecidas com uma quantidade desnecessária de pó, que de alguma forma é ofuscada pelos enormes vestidos em forma de balão de ar.

No entanto, logo percebo que a minha opinião negativa sobre os banquetes não se aplica à esse na Alcateia Lua Azul.

Quando a Tanya, a Claire e eu entramos no salão principal, a atmosfera parece leve e tranquila. Apesar da escuridão da noite que brilha através das grandes janelas, a sala emana claridade e tem cortinas transparentes azul-celeste amarradas elegantemente, enquanto as paredes são decoradas com padrões de design perolados.

Devido aos problemas econômicos da Alcateia Lua Azul, eles compreensivelmente não têm os mesmos luxos que as outras alcateias mais ricas, e o salão de baile aqui é menor até mesmo do que alguns quartos do palácio, mas pelo jeito eles sabem como administrar bem o dinheiro e os residentes parecem ansiosos para se voluntariar para ajudar em eventos especiais como este.

Nos dias que antecederam o banquete, concordei em cuidar da Claire em várias ocasiões, enquanto a Tanya ia à padaria da Sra. Monroe para ajudar a idosa a fazer guloseimas para o evento e agora eu olho para a mesa onde fileiras de lindas sobremesas estão prontas para serem ingeridas. A Claire me disse que a sua turma estava entre as escolhidas para ajudar a pendurar a decoração no dia anterior. E, agora, vejo os enfeites prateados brilhantes que pendem de uma lâmpada para outra.

Eu me pergunto como o Eric pode ser tão arrogante. Apesar das desvantagens econômicas, a alcateia vive em harmonia e tem um carinho especial pela árvore, que é central para a fé e as crenças de todos.

Tudo isso faz eu me lembrar de como a Tanya está trabalhando dia e noite para criar uma versão modificada do seu perfume da Árvore da Lua Azul, um que possa durar horas. Com isso em mente, minha cabeça se inclina para trás para inalar o cheiro aromático profundo que faz cócegas nos meus sentidos lupinos, formando um pequeno sorriso em meus lábios.

"Você acha que ficou bom?" Minhas íris se abrem ao som da voz suave da Tanya. Ela olha para mim inocentemente com os seus olhos esverdeados envoltos por uma máscara azul brilhante. Claramente ciente de que gosto do cheiro, eu aceno silenciosamente com o sorriso relaxado que ainda não desapareceu dos meus lábios enquanto os meus olhos descem para o vestido dela.

Ela está usando um lindo vestido azul claro cuja parte de cima é coberta por uma renda intrincada e é apertado na cintura para maximizar o volume da parte de baixo. A saia é feita de camadas sobrepostas de tule branco que ficam umas sobre as outras para fazer a saia parecer mais fofa do que é.

Eu me pego olhando para ela, mas desvio o meu olhar de volta para o rosto dela, para vê-la espelhar o meu sorriso inicial. Ela então se vira para a Claire, que protesta adoravelmente porque está com fome. Eu rio baixinho: "Vá em frente, vou esperar por aqui."

Tanya corre atrás da filha enquanto eu vou até o canto do salão. Embora o ambiente seja bastante agradável, ainda acho que é muita gente, e encontro muito conforto em sentar em uma cadeira no canto, podendo observar as pessoas de uma distância confortável.

É aí que a minha atenção é atraída para duas vozes masculinas familiares:

"Está resolvido?" Caspian profere em um tom baixo.

"Sim, consegui alguém para passar o número para a Tanya durante o sorteio das cartas. Vocês dois terão o número nove." Ouço o Beta do Caspian, Dylan, resporder.

Levo um momento para entender do que eles estão falando. Foi a Claire quem me contou com entusiasmo as conversas que teve com um dos seus colegas de classe, cujo pai estava ajudando a organizar o evento. Aparentemente, os adultos deverão sortear cartas com números e os homens e mulheres com números correspondentes devem dançar juntos a primeira música da noite.

Ao perceber o que isso significa, meu olhar se estreita enquanto os homens confirmam as minhas suspeitas, com Dylan falando primeiro: "O plano vai funcionar, senhor."

"Eu espero que sim, Dylan." Caspian murmura, hesitante.

"Confie no seu instinto, Caspian. Você ama a Tanya desde o concurso de perfumes cinco anos atrás e só não se declarou na época por causa dele." Diz o Beta, com convicção, mas não ouço o Caspian responder e presumo que ele ainda esteja inseguro. Depois, o Dylan continua: "Você foi responsável e reprimiu os seus sentimentos até agora, mas a Tanya está na sua alcateia há muito tempo. Essa é a sua chance, senhor. Nunca houve um momento melhor!"

"Você está certo, Dylan." A convicção recém-descoberta do Alfa provoca um frio perigoso nos meus ossos. "Esta é a minha chance. Eu vou dançar com a Tanya esta noite e, então, vou confessar o meu amor por ela. É isso que vou fazer. Obrigado por toda a sua ajuda, Dylan. Saúde."

Eu mal me movo e ele toma a iniciativa de caminhar até mim. Um leve sorriso aparece em seus lábios e ele estende a mão para mim. Meu olhar quica entre a mão e aqueles olhos benevolentes dele.

"Me dá o prazer desta dança?" Ainda estou muito atônita para oferecer uma resposta mas, como o cavalheiro gracioso que sei que ele é capaz de ser, o Marco abaixa sua postura, diminuindo a estatura e figura dominadora para...

Para se curvar para mim, com um braço cruzado nas costas, enquanto o outro descansa sobre o peito em uma exibição cavalheiresca. "Por favor…"

Marco não é do tipo que 'pede' as coisas, especificamente de pessoas que ele 'acredita' que não conhece muito bem. O pedido foi sincero. Ele realmente quer dançar comigo. Chego à conclusão de que o universo tem uma maneira estranha de infligir dor e prazer aos seus residentes.

De repente, me sinto honrada. Todas as minhas queixas anteriores em relação à este banquete desaparecem naquele único momento. E, assim, as minhas mãos puxam as laterais do meu vestido e retribuo a reverência.

Obtendo a minha permissão, o Marco retoma a sua postura, que se eleva acima de mim e pega a minha mão. Claro que estou nervosa porque, apesar da beleza desse momento, não sou tão boa dançando. Por isso, sou conservadora nos meus movimentos e tento manter o ritmo ao lado dos movimentos graciosos do Marco, que nos fazem deslizar pelo piso de mármore.

Claro, em um momento, eu quase tropeço nos meus pés e por pouco não me rendo ao meu constrangimento, pronta para cair, mas um braço passa por baixo da minha cintura, me endireitando com rapidez. O Marco me roda para esconder o passo errado e me gira elegantemente de volta para o lugar em seus braços.

O calor que corre dentro de mim por causa dessa ação me deixa assustadoramente tonta e a felicidade me domina. Este momento parece com tantos outros de todos aqueles anos atrás e eu me apego desesperadamente à isso. Mesmo que haja música tocando, mal presto atenção. Estou extasiada e contida na nossa própria bolha da sorte, dançando ao som da música que sincroniza as nossas almas de maneiras que eu não poderia descrever e talvez nunca entenda.

O banquete dura horas e nós dançamos à vontade, até é claro que me lembro que tenho uma filha para cuidar. Obviamente, a Claire não ficou muito preocupada por eu deixá-la brincar com as outras crianças e comer todos os doces que o seu coração desejou, mas, eventualmente, posso dizer que a minha filhinha está cansada e o Marco concorda que é hora de voltarmos para casa.

Claire e eu saímos bem a tempo de ver os fogos de artifício, que explodem em uma linda matriz de luz, iluminando o céu noturno em cores deslumbrantes. Sorrindo, começamos o caminho de volta para casa. E é aí que vejo o Caspian parado do outro lado da rua. A princípio, eu me pergunto por que ele está sozinho do lado de fora, até que vejo o grande buquê de flores embalado em seus braços fortes.