O Padrasto 1 romance Capítulo 5

É que eu preciso dizer que te amo.

Ganhar-te ou perder sem engano

Eu preciso dizer que te amo tanto.

Cazuza

Eu sou despertada pelos raios de sol adentrando o quarto pelas frestas da janela balcão. Eu me sinto satisfeita, amada e desejada como sempre sonhei que seria. Respirando fundo, inalo o misto de perfumes florais que, assim como os raios de sol, invadem o ambiente, deixando-me muito feliz. Eu abro os olhos lentamente para me acostumar com a luz do dia.

Deslizando as mãos ao lado na cama improvisada em que dormimos, constato que ela já está fria, vazia, revelando que faz algum tempo que ele abandonou o lugar, mas o seu perfume está impregnado nos lençóis, não deixando dúvidas de que houve uma intensa noite de amor aqui. Ao me recordar do prazer que Christopher me proporcionou na noite passada, o perfeito momento em que ele me fez sua e me levou à loucura, eu sorrio satisfeita.

Ele despertou em mim muitos sentimentos que nunca imaginei sentir. Meus olhos lacrimejam de emoção, prazer e felicidade. Eu não sei como será a nossa vida quando voltarmos para Nova Iorque, mas aqui irei viver intensamente cada momento ao lado dele.

Eu não controlo o sorriso de satisfação, e mesmo que não tenha um espelho para que eu possa contemplá-lo, sei que ele ilumina o meu rosto. Ele é o motivo de todos os meus sorrisos. Eu o amo, amo tanto que chega a doer. Anseio para que esse momento nunca chegue ao fim.

Percebo que já está na hora de deixar a cama quando sinto minha barriga reclamar. Estou faminta. Eu me levanto e faço uma careta ao sentir uma dor aguda entre as minhas pernas. Enrolo o lençol no meu corpo nu ao sentir o vento frio lambê-lo, deixando-me arrepiada e com os mamilos duros, que estão marcados pelos lábios de Christopher. Ao perceber que as minhas pernas estão trêmulas, eu volto a me sentar. Às vezes penso que nunca vou me acostumar com o tamanho do seu membro, com a sua grossura me invadindo forte, duro, se encaixando nas paredes da minha vulva. Mesmo sentindo o meu corpo dolorido como se tivesse sido atropelado por um caminhão, eu não me canso de senti-lo dentro de mim. Do prazer de ter as suas digitais tatuadas em minha pele. Seu perfume está impregnado em meu corpo, o sabor dos seus lábios ainda está vivo nos meus. Estou marcada por ele. Sou dele. Só para ele.

— Bom dia, minha pequena.

Saio dos meus pensamentos ao ouvir a sua voz levemente rouca. Ergo os meus olhos em sua direção e o vejo se aproximar com uma bandeja com o que eu suponho que seja o nosso café da manhã.

— Bom dia — digo ao mesmo tempo em que sinto as maçãs do meu rosto aquecerem. Eu me sento com as pernas cruzadas em estilo “borboleta” com um pouco de dificuldade por estar com a minha intimidade dolorida, e acabo fazendo uma pequena careta com o leve incômodo, mas disfarço para que ele não perceba.

Ele se aproxima de mim após depositar a bandeja sobre a cama improvisada e me dá um selinho demorado. Amo seus carinhos.

— Que horas são?

— São oito. — Ele coloca um pouco de leite e café em uma xícara de porcelana e me oferece.

— Obrigada — agradeço com um sorriso e beberico a bebida fumegante. Está uma delícia. — Eu quero ir para a cidade com você. — Deposito a xícara na bandeja e volto a minha atenção para ele. — Enquanto você vai para os seus compromissos, eu posso fazer algumas compras, depois almoço e te espero para voltarmos juntos.

Carinhosamente e de um jeito que me emociona, ele me oferece um morango ao colocá-lo em minha boca. Eu o aceito, mordendo e me deleitando com o sabor do fruto percorrendo cada canto dos meus lábios. Satisfeita, solto um gemido e sinto as minhas bochechas aquecerem ao perceber o seu olhar devorador em mim.

— O que foi? — pergunto, baixando os olhos e fitando a farta bandeja à minha frente.

— Você fica ainda mais linda quando acorda. — Envergonhada, eu sorrio. Ele se aproxima, toma o meu queixo em uma de suas mãos e ergue minha cabeça para os nossos olhos se encontrarem. Suavemente, ele beija os meus lábios enquanto o seu perfume amadeirado invade as minhas narinas. — Depois — diz entre selinhos demorados — que eu a alimentar — selinho — nós vamos — selinho — andar a cavalo.

— Mas e o seu trabalho? — Eu o fito, confusa. — Christopher, pode não parecer, mas eu posso me virar sozinha, não precisa ficar dando uma de babá pra mim.

— Primeiro — ele dá um sorriso irônico e revira os olhos —, eu não estou de babá pra você, e, segundo, eu quero passar o dia inteiro com você. Não é sacrifício nenhum. Quando vai entender que eu gosto de você? De estar com você? Posso ser um cretino de vez em quando — eu o fito com os olhos semicerrados —, tudo bem, eu sei que abuso da minha cretinice, mas quero que saiba que você é muito importante para mim. — Ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e nossos olhos se cruzam, suas íris azuis revelam o quanto suas palavras são sinceras. — Dizer que vim a trabalho foi a maneira que encontrei de não levantar suspeitas do que realmente viemos fazer aqui.

— E o que nós viemos fazer aqui, Christopher? — Faço a pergunta e respondo antes que ele o faça. — Sexo?

— Amor — ele diz, me pegando de surpresa.

E sim, não vou me fazer de rogada, fico muito feliz ao ouvir as palavras que saíram dos seus lábios. Após tomarmos o nosso café reforçado regado com muitos beijos e carícias, Christopher sai para selar os cavalos, enquanto eu, como uma criança que está a um passo de ganhar o seu tão desejado brinquedo, guardo os cobertores da nossa cama improvisada e limpo a cozinha. Faço tudo isso com um largo sorriso nos lábios. Depois sigo para o quarto e arrumo algumas roupas nossas que ainda estão na mochila que Christopher me ofereceu, sem esquecer o biquíni que Ada havia colocado na mala. Um sorriso de gratidão dança em meus lábios ao pensar em Ada e o carinho com que cuida de mim.

Sempre fomos muito amigas, próximas, mas nos últimos dias temos nos afastado. Eu gostaria de contar tudo o que está acontecendo na minha vida, mas ela não entenderia o que sinto por ele, o quanto estar com ele me faz bem. Talvez um dia eu me sinta segura em contar toda a verdade a ela. Afasto esses pensamentos e vou para o banheiro me vestir. Prendo o meu cabelo em um rabo de cavalo no alto da cabeça, passo protetor solar, visto uma regata branca, um short jeans, calço um par de botas pretas de Larissa, sobrinha dele, que para a minha surpresa calça o mesmo número que o meu.

Após pegar a nossa mochila, vou ao seu encontro. Paro na porta da entrada principal e fico hipnotizada com a imagem dele que mais parece um belo quadro pintado por Picasso. Ele está sem camisa, seus braços e peito musculosos expostos para o deleite do sol que lambe sua pele, dando-lhe um tom levemente avermelhado. Uma bermuda jeans surrada levemente baixa em quadril deixa exposto, para meu deleite agora, o caminho em V que me leva à felicidade.

— Gosta da vista?

Sou pega descaradamente o cobiçando. Ele vira o corpo sobre os calcanhares e me fita com um sorriso malicioso. Nossos olhos se cruzam, e mesmo estando em uma distância considerável, consigo sentir a eletricidade que emana do corpo dele.

— Sim. — Rio, divertida. Lentamente, desço os degraus da escada sob o seu olhar atento. — São lindos — digo, me referindo aos belos cavalos malhados que estão acoplados a uma grande charrete parecendo antiga. Ele sorri lindamente, divertido, entrando na brincadeira.

— São da raça Paint Horse. — Ele bate a mão no pescoço dos dois cavalos com carinho. — Ventania e Trovão, essa é a garota de que eu falei.

— Então estava falando de mim?

— Sim, estava.

— E posso saber qual era o assunto?

— Conversa de meninos. — Ele dá uma piscadela provocativa.

— Está bem. — Dou um pequeno sorriso. — Prazer, Ventania e Trovão, vocês são muito lindos. — Acaricio um e depois o outro.

Christopher me pega de surpresa ao envolver os braços em volta da minha cintura, colando o seu corpo ao meu e me fazendo soltar um riso nervoso.

— Seu sorriso é lindo! — Aproxima os seus lábios dos meus em um selinho demorado. O seu perfume amadeirado misturado ao seu hálito de hortelã e o doce perfume das flores é inebriante, a melhor fragrância que jamais será encontrada nos melhores perfumes de grandes marcas.

— Vamos, temos um longo caminho pela frente — diz ao pararmos o beijo. — A estrada não é asfaltada, o que vai dificultar um pouco o nosso acesso para onde quero levá-la. Só um momento. — Ele vai até o fundo da charrete e retira algo de lá, depois volta trazendo uma almofada. — Eu sei que você está dolorida, portanto acomode-se sobre esta almofada. — Ele toma a minha mão na sua e num impulso subo na charrete. Ele joga a mochila ao lado de um pano branco que parece estar cobrindo algo e, em seguida, toma o seu lugar ao meu lado, segurando as rédeas.

— Eu posso ficar mal-acostumada com tanto cuidado — digo, com sinceridade.

— Não vejo problema algum, eu mesmo estou viciado em você. — Ele sorri, seu sorriso é sexy.

Não consigo controlar o sorriso de satisfação ao ouvir a sua declaração.

Intencionalmente, eu mordo o lábio inferior e seu olhar percorre meu rosto e morre em meus lábios. Seus olhos adquirem um tom acinzentado, então sinto uma fisgada se concentrando entre as minhas pernas e se misturando com a pulsação que se formou ali.

— Porra, Julha. — Ele fecha os olhos, buscando em cada canto dentro de si um vestígio de controle que seja. Engulo em seco. — Não repita isso. — Sua voz soa rouca. Com o dedo indicador, ele aponta para os meus lábios. — Não morda a porra desse lábio gostoso ou eu vou foder você aqui mesmo, e não me importo se teremos plateia. — Suas palavras me atingem de uma maneira considerável, minha pele aquece, minha respiração se torna ofegante e meu coração falha uma batida. Ser observada enquanto Christopher me toma para si não seria de todo o mal se fôssemos livres para amar. — Controle-se. Você está dolorida e não quero que se machuque mais. Não estamos em um carro de luxo com que está acostumada, mas a recompensa valerá a pena — diz, dando uma piscadela sedutora ao se referir ao assento duro do nosso meio de locomoção. O que Christopher não sabe é que estar ao lado dele já é a glória para mim. — A propósito, as botas de Lari ficaram perfeitas.

— Sim, ficaram — concordo. — O que tem embaixo deste lençol? — pergunto, enquanto percorro os olhos pela antiga e restaurada, mas ainda bela charrete branca.

— Vamos ficar o dia inteiro fora e você precisa se alimentar.

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