O Sheikh e Eu(Completo) romance Capítulo 15

Estou me olhando pela décima vez no espelho. Não sei o que dizer do vestido que a senhora Zilena me deu. Não tenho o que dizer do mesmo. Apenas acompanho o caimento do vestido, seguindo minhas formas até quase o joelho e as alças do mesmo. Ele é de um verde claro muito bonito e precisei me esforçar muito para conseguir fechar o zíper dele das costas. Tem alguns brilhos poucos e bonitos, no vestido, em dourado, o que parecem pequenas flores douradas no verde. Meu cabelo está solto e precisei de muito esforço para conseguir alisá-lo, o que, claro, não deu muito certo.

É perceptível minha tentativa. Se o tempo estivesse úmido, com certeza haveriam cachos nas pontas. Contudo, há apenas uma leve ondulação nele no meio das costas, ao total, três leves ondulações que se seguem.

Juro que tentei fazer uma maquiagem decente, mas toda vez que me olho tenho certeza de que Fernanda diria que parece que recebi uma pancada e estou com o olho roxo. Claro que, não foi essa minha intenção. Mas não sei o que fazer. Até tentei pintar os lábios de vermelho para ver se tirava um pouco da atenção dos olhos, mas acho que não foi uma boa ideia. Tem muita informação em mim e eu só consigo suspirar de frustrada.

Está frio. A noite no deserto cai para quase 15 graus. Não recuso colocar meu sobretudo que vai até quase o tornozelo fechando sobre o vestido. Quanto menos pessoas verem a minha barriguinha sobre o vestido, melhor. Embora eu não quisesse usar um vestido tão curto para cá. Além disso, a hora conta e eu preciso recepcionar os convidados que logo chegarão. Não posso ficar pensando no vestido que estou usando.

Por intermédio de Karen – novamente ela, como sempre – Seth deixou claro que não queria olhar para minha cara, se fosse possível. Disse que eu me encarregaria de recepcionar os convidados e dizer para que eles seguissem para as salas próximas da piscina porque, assim, ele aproveitaria a festa, sem a necessidade de fazer a parte mais chata de uma festa que era recepcionar os convidados.

Recepcionei primeiro os fotógrafos que seguiram ao encontro de Seth, provavelmente para tirar algumas fotos. Depois, continuei na porta tentando manter-me ereta e em boa compostura conforme as horas passavam.

É tão interessante como as coisas são. Hoje é um dia exaustivo, cheio de música altas e eu sendo obrigada a usar um vestido para parecer parte da festa. Quem diria que muita coisa ainda me aguardaria.

As horas passavam rapidamente. Conforme avançavam para próximo das oito, mais pessoas chegavam e eram recebidas por mim. No entanto, ao soar das oito, lembrando do meu compromisso em recepcionar a modelo, tive que pedir para Karen continuar o serviço para mim. Afinal, eu precisava cumprir com minhas obrigações.

Senhor Keat me acompanhou dirigindo o A8 que nos levaria até o local de pouso dos jatinhos. Estávamos num silêncio sepulcral, mas, a verdade, é que eu não sabia exatamente o que falar, tampouco como começar uma conversa. A verdade é que eu estava assustada, com a ideia muito vaga em minha mente de que alguma coisa ia dar muito, muito errado. Suspirei. Não podia ficar pensando nisso. A tendência era que eu me afligisse ainda mais pensando nessas coisas e as coisas, no fim, acabassem dando errado mesmo.

Esperamos por algum tempo a chegada da modelo. Não pude deixar de olhar o meu celular. Matheus tinha me mandado uma mensagem bonitinha e eu não pude deixar de sorrir enquanto lia:

“Boa organização de festa aí, amor. Te amo.

Sorri. Sentia falta do Brasil, sentia falta de falar com os outros em português. Sentia falta de não precisar ficar medindo minhas palavras com medo de falar algo errado para alguém. Parecia que já fazia tanto tempo que eu estava ali quando, na verdade, percebendo bem, eu podia contar cerca de um mês apenas.

Avistei o jatinho há cerca de trezentos metros de onde estávamos. O vento estava relativamente forte na areia próxima da pista de pouso, mas o Sr. Keat parecia calmo, como se já tivesse avistado muitas tempestades de areia por aí.

Ao passar do tempo em que a hélice diminuía sua velocidade, nos preparamos para sair. Rapidamente pude avistar a modelo aproximando-se de nós. Ela estava linda com um vestido que mostrava ainda mais suas curvas, bem como seus lindos seios. O vestido tinha uma cor vermelha bem vibrante. Ela sorria muito e me transpareceu simpatia.

– Pronto. – Ela disse quando se acomodou no banco de trás.

– Sou a Senhora Valença, governanta do senhor Seth, senhorita Alexis. Estarei levando-a para a festa do senhor Seth e, quando a senhorita precisar, é só me procurar, que o seu quarto já está organizado para recebê-la. – Ela concordou, embora não tenha dito nada. Me perguntei se ela tinha, por acaso, entendido alguma coisa da qual eu tinha dito. Dei de ombros. Não faria diferença eu me perguntar isso.

Quando chegamos, em poucos segundos, eu perdi a modelo de vista. Na verdade, com o tempo fora, eu tinha perdido o que era e como era a festa de vista. Estava era assustada com as proporções que a festa já tomava. Havia muita música de balada, muitas pessoas caminhando e dançando e, embora eu desconfiasse de que a religião de Seth o abolia das bebidas, ele não tinha deixado de as servi-las para quem não fosse da mesma religião que ele.

Karen já tinha saído da recepção, o que parecia indicar que a última pessoa contada para a festa que ainda faltava era justamente quem eu tinha ido buscar. Agora era só supervisionar a festa. Contudo, com a proporção que estava aquilo, eu não sabia dizer, primeiro, como tantas pessoas tinham chegado sem que eu percebesse e, segundo, como eu encontraria Seth para ficar de olho nele, naquela grande quantidade de pessoas que estavam ali.

Okay, Agnes. Você pode ser um pouco claustrofóbica, mas senhora Zilena conta com você. Os fotógrafos estão por aí e você não pode deixar que Seth faça uma besteira.

Fico a pensar se ele bebe. Não sei dizer. Com o mundo ocidental no oriente como está, talvez Seth possa me surpreender.

Comecei então a difícil tarefa de procurar Seth no meio daquelas gentes. Me esgueirando pelos espaços mínimos e claustrofóbicos, tomando cuidado para que ninguém jogasse álcool em cima de mim, fui andando como uma ninja a procura de seu alvo. Seria fácil achar ele se eu tivesse a mínima ideia de onde um homem bonitão poderia estar num lugar tão grande como aqui.

Suspirei. Eu estava ferrada. Seria deserdada, senhora Zilena me impediria de continuar o meu 1 ano de trabalho na mansão por ter estragado o seu nome ao ter impedido que uma besteira saísse por meio da mídia. Imagina, que divertido! Seria a primeira governanta a ser expulsa de uma família por ser tão estúpida ao cumprir o seu trabalho.

Em um dado momento, fui obrigada a parar, contra minha vontade, num dos salões que acontecia a festa, parada por uma mulher muito bêbada de cabelos laranja. Ela soluçava muito e ria muito também, enquanto me perguntava:

– Você sabia que a piscina está quentinha? Você sabe onde é a piscina? Eu gostaria de ver se está quentinha mesmo. – Soluço. – Quentinha. – Ela gargalhou, como se a palavra surtisse alguma espécie de risada interna, quase como uma piada da qual somente eu não percebia a graça.

– Ér, não. A senhorita não parece estar num quadro mental muito bom para pular numa piscina. – Comentei, mas acho que deixei a guria bem enfurecida na minha frente já que parecia que ela ia chorar e pular em cima de mim ao mesmo tempo. Tentei me afastar dela. Precisava achar onde Seth estava.

Comecei a andar novamente até o momento que passei a ouvir uma gritaria que se misturava ao som vindo de onde estavam as piscinas. Revirei os olhos. Queria não pensar que Seth poderia estar na piscina, para todo o efeito, mas eu precisava conferir. Afinal, eu ainda precisava salvar meu emprego.

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