– Hoje vou falar com os funcionários sobre o que eles precisam, visitar as áreas de fora para opinar, falar sobre a agenda da Senhora Zilena e depois falar sobre a agenda do Senhor Rashid e, por fim, preparar as planilhas de gasto do mês. – Disse para mim mesma no meu quarto até que ouvi um assobio.
– Já começou a ficar louca? – Perguntou Karen da porta do meu quarto.
– Não. Apenas mentalizando o que tenho que fazer hoje.
– Está ficando louca. – Ela sentenciou. – Está até falando de olhos fechados sobre o trabalho.
– Não estou! – Exasperei – Estou falando sério.
– Ai, Meu Deus. Você é sonâmbula e eu estou conversando com você assim? – Contou-me Karen assim que terminou de me balançar, o que era definitivamente errado para se fazer com uma sonâmbula agora morta de vergonha!
Desorientada a olhei e percebi que não tinha posto o meu celular para despertar e estava vestida com o meu lindo pijama de ursinho no meio da escada. Karen estava se segurando para não rir.
– Onde estou? O que aconteceu? – Karen não conseguiu se aguentar e passou a rir.
– Você é sonâmbula, caramba! Você estava andando por aí de olhos fechados. – Olhei-me e, num surto de loucura comecei a correr de volta para meu quarto. Karen veio atrás, rindo.
– Não ria de sonâmbulos! Eu não costumo andar! É estresse! Mexe com a cabeça. Eu só fazia isso quando criança. – Não estava adiantando dizer alguma coisa, Karen continuava rindo de uma maneira muito fofa de mim.
– Pare de rir de mim! – Pedi, mas ela não parou. Além disso, ela era fofa demais para eu ficar com raiva disso.
Depois de fingir que ia esganá-la, finalmente, voltei para meu quarto para me trocar para mais um dia de grandes serviços pela frente. Coloquei quilos de maquiagem na linha roxa abaixo do olho – a única coisa que evidenciava a briga – e calças legging com uma blusa três quartos de cor branca. Eu ia andar para o lado de fora da mansão. Precisava estar preparada para isso.
– O que tenho para hoje, Senhorita Agnes? – Perguntou-me Zilena enquanto vinha andando rápido em minha direção. Ela estava segurando uma bolsa de mão pequena e estava com um lenço preso na cabeça de cor cinza. Havia uma delicada joia adornando o começo do lenço. Como sempre impecável.
– Em quinze minutos a Senhora vai para uma confraternização na mansão de Mohamed Abdulah. Depois disso você retorna e só a noite, no jantar. – Disse enquanto acompanhava o passo de Zilena. Ela estava andando rápido, como se estivesse com pressa.
– Perfeito. Até mais. – Disse Zilena enquanto movia-se até um dos carros e entrava. Logo em seguida veio o senhor Rashid que, aparentemente, ia para sua empresa, trabalhar. Observei enquanto ele partia sem dizer uma palavra sequer, tampouco me perguntar se havia alguma coisa em sua agenda. Ele parecia um fantasma se movimentando, até seus passos pareciam leves e tranquilos.
– Bem, vamos lá então. – Disse a mim mesma, dando de ombros, enquanto seguia para uma sala no lado esquerdo da escada. Eu tinha pedido para Karen chamar todos para que eu pudesse ter uma ideia do que precisavam e como as coisas iam por ali. Rapidamente, me movi ao encontro da sala e encontrei todos reunidos, esperando que eu falasse.
Haviam muitos outros empregados que eu não conhecia. Aquela mansão, com certeza, precisava de muitos! Mesmo assim, os responsáveis por eles estavam todos na frente e deles, sim, eu lembrava os rostos. Dei um meio sorriso enquanto abria minha própria agenda para fazer as anotações.
– Estou aqui para começar a ficar por dentro das coisas que acontecem na Mansão. Como sabem ainda sou muito nova por aqui e vou precisar da ajuda de todos para conseguir me situar bem. – Olhei os rostos que me olhavam com interesse. Ao menos eu não estava mais quebrada. Só se tocassem no meu olho que ficava sensível. Pelo menos eu não parecia um monstro. – Vou precisar que vocês estejam me atualizando sempre das coisas que precisam, dos novos alimentos, materiais, etc. Vou atrás daqui a pouco das planilhas de gasto da casa para organizar isso melhor. Contudo, ao que já fiquei sabendo por dentro, a cada quinze dias a Sra. Zilena deixa que eu e mais dois saíamos atrás do que precisamos. Se eu não em engano, junto de Tomas e Shadique. – Minha mente tentou lembrar dos nomes sem problema, falhando miseravelmente, claro. Contudo, para meu alívio, as pessoas que eu havia citado concordaram com a cabeça. Sim, eu estava certa. Eram eles mesmos.
– Bem, peço então que até o fim do dia vocês me deem a lista de vocês. Acredito que no fim da semana poderei atualizar tudo o que poderemos fazer. – Todos concordaram antes de se dispersarem. No fim, eu ainda precisava fazer algumas coisas a mais. O meu dia estava corrido.
O sol estava a pino. O deserto se estendia para todas as direções e o calor parecia fazer com que eu pingasse ainda mais diante das roupas que usava. Ainda assim, apenas prendi minha juba terrível num rabo de cavalo enquanto ia atrás de uma blusa de manga comprida para ir ao sol. Não queria sentir as queimaduras de segundo grau que poderiam se fazer em minha pele se eu não tomasse cuidado.
Matias me acompanhava enquanto andávamos pela área das piscinas na mansão. Era uma grande área, com espaços maravilhosos e uma água geladíssima que dava uma vontade imensa de me jogar ali dentro. É claro que eu não podia. Eu sabia disso. Ainda assim, continuei ouvindo o sotaque arrastado de Matias que falava.
Ele parecia ser de algum lugar da França ou da África, embora eu não soubesse dizer exatamente de onde. Falava com um sotaque arrastado e acredito que falasse mais francês. Sua pele escura e brilhosa constatava com a blusa branca três quartos que ele usava. Estava divino enquanto apontava para a piscina e falava:
– A piscina está sendo limpa todos os dias. A Sra. Zilena comentou que vai ter uma festa antes da festa do Sr. Sith. – Olhei interessada. Essa eu tinha sido pega de surpresa! Como assim Matias sabia que ia ter uma festa antes de mim? Claro, para mim era tudo novidade. Não sabia que haveria uma nova festa. Ninguém lembrou de comentar comigo, a governanta. Por que, claro, não devia ser importante…
– E o senhor sabe dizer que dia isso vai acontecer? – Perguntei para Matias. Ele me deu um sorriso lânguido.
– Se a Srta. Governanta não sabe, como eu saberei? – Ele fez uma cara de que não sabia. Ri do comentário que Matias tinha feito.
– Tudo bem. Vou atrás de saber disso. Você precisa de alguma coisa, Matias? – Perguntei e ele deu um meio sorriso. Pareceu pensar um pouco enquanto dizia:
– Telefone. – Tonta, do jeito que era, concordei enquanto apresentava o meu celular a sua disposição. Matias negou balançando as mãos na frente dele próprio. Acho que ele estava com vergonha, mas eu não conseguia entender o porquê. Alguma coisa parecia me lembrar do que era, no fundo da minha cabeça, mas a voz estava tão baixa que eu não conseguia entender.
– O telefone da Senhorita. – Arqueei uma sobrancelha. O que Matias estava falando? Por acaso ele insinuava que eu tinha roubado aquele celular? Sr. Matias, foi um celular bem caro, se você quer saber.
– Mas esse é o meu telefone, Matias. – Disse confusa. Matias colocou as mãos para trás nas costas, no que parecia uma posição militar.
– Gostaria de poder conversar com a Senhorita por mensagem de celular. – Disse Matias sendo mais expressivo. No mesmo segundo, corei. Não só porque tinha dado uma de tonta – o que eu era, óbvio, mas preferia que ninguém soubesse – mas porque Matias estava me pedindo o meu número de celular. Olhei para o chão. Preferia não pensar nisso para não corar mais.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Sheikh e Eu(Completo)
adorei a historia......