Os Irmãos Cavalcanti: Rendida romance Capítulo 21

Gabi

Acordei com uma calma assustadora.

Me sentia uma pessoa diferente, mas estava amando.

Tomei um banho de banheira demorado.

Me hidratei e perfumei com calma.

Coloquei calças pretas bem justas, uma blusa estilo um sobretudo preto,

Botei meu batom vermelho, penteei meus cabelos e coloquei meus saltos pretos.

Priscilla já saiu para o trabalho - na filial do Rio, da empresa dos pais dela.

Pego nas chaves do meu carro e me dirijo a enorme sede da empresa Cavalcanti.

A reunião iniciaria as 10h da manhã. Foi tudo muito rápido, não sei como Lucas conseguiu organizar tudo rapidamente. Há uma semana e alguns dias decidi entrar para a empresa, e junto com essa decisão, abandonei a menina fraca que eu era.

Hoje eu sou uma mulher, forte, dona de si.

Realmente cansei. Primeiro era a minha mãe, vivia jogada e sempre tentando fazer com que me amasse mesmo não querendo seguir seus conselhos. Depois foi com Davi, que amei tanto em tão pouco tempo, mas que só me destratava.

Para mim chega.

Aquela menina foi se.

Estacionei meu carro no parque e peguei o elevador até o terceiro andar.

Ao chegar no piso, Lucas já me esperava no corredor.

- Vi você chegar pela janela - sorriu. - Como você está? Já agora, está muito linda. - elogiou.

Agradeci e o abracei.

- Cadê o Gustavo? - perguntei.

- Ele, Davi e os demais estão na sala de reunião. Não se preocupe, você não chegou atrasada. Eles é que são pontuais demais. - riu.

Eu sorri e andei com ele até a sala.

Ao entrar, uma vez que estava todo mundo presente decidiram dar a reunião por iniciada.

Lucas me apresentou e explicou que a partir dali eu passava a ter um espaço naquela empresa, pois estaria usando as ações que a mim foram deixadas.

Fui bem recebida e parabeniza por todos, excepto Davi que estava meio pensativo.

Ao longo da reunião foram abordados vários assuntos, que me mantive concentrada para poder entender e dar meu parecer. Quando falamos sobre estratégias de marketing me senti em casa, expus as minhas ideias que foram bem recebidas e recebi vários elogios.

- É muito brilhante, ainda mais para a pouca idade. Estou impressionado, muito bem.

Me senti radiante com isso. É muito bom ter suas ideias ou trabalhos apreciados por qualquer um, mas ainda mais por pessoas mais velhas e com muita experiência.

Agradeci e com mais alguns temas abordados a reunião é dada por encerrada.

Cumprimentamo-nos todos com apertos de mão, excepto por Theodoro, um dos sócios, que me deu dois beijos na face. Corei e agradeci os elogios.

Saí da sala acompanhada por Lucas e fui parada por mais algumas pessoas surpresas por me juntar a eles, no bom sentido.

- O que é isso, Gabriela? - perguntou muito calmo.

- Isso o quê, Davi? - respondi com a mesma calma.

- Você está brincando comigo não é? Porquê está fazendo isso? - indagou como se realmente estivesse pensando sobre isso.

- Não estou brincando com você, não somos amigos, não é um jogo. - me aproximei mais do seu corpo. - E eu estou fazendo isso simplesmente porque eu posso, querido. - fitei seus olhos e me afastei.

Lucas olhou para o irmão como se pedisse calma e ao mesmo tempo o ralhasse.

Andei calmamente, como se fosse dona do chão e do ar que respirava.

Recebi muitos olhares, de homens e mulheres.

Cada vez mais ciente da atenção que eu despertava! Dos olhares desejosos que eu atraia.

- Vem treta por aí. - Lucas comentou. - Mas você entende que ele gosta de você, não entende?

- Ele que venha, Lucas, que eu juro que estou esperando! E não, ele não gosta. Tudo o que ele diz é uma desculpa para justificar seus comportamentos.

Lucas se calou, vendo que eu não estava disposta a prolongar a conversa.

Encontramos Gustavo no meio do corredor próximo aos elevadores e ele explicou que combinou de almoçar com Theodoro e mais dois colaboradores, e que estavam contando com a nossa presença.

Lucas topou e eu também.

Nos dirigimos ao estacionamento e cada um pegou no seu carro.

Os segui até ao restaurante pois eu não conhecia.

Era muito lindo!

Com tetos altos e várias luzes.

A mistura de tons de cor preta, branca e cinza misturado com tons de madeira deixou tudo muito requintado.

Nos sentamos em uma mesa de 8 lugares. Me sentei no meio de Lucas e Gustavo. Ao lado de Gustavo, na ponta estava um dos colaboradores cujo nome me escapa.

Na ponta paralela a essa, estava outro colaborador.

A minha frente sentou Davi e a frente de Lucas estava Theodoro.

Me familiarizei bem com a conversa, jogávamos papo fora e poucas vezes tocamos no assunto trabalho.

- Você tem 21 anos mesmo? - Theodoro perguntou em meio a conversa.

- Sim. Recém feitos. - sorri respondendo.

- É impressionante a sua perspicácia e conhecimento. Deve estar orgulhosa de si mesma. Fez a faculdade no Rio? - perguntou.

- Muito obrigada. Tenho muito orgulho sim de como sou, e ainda mais da pessoa que estou me tornando. - respondi. - Não, eu me formei em São Paulo. Me mudei há um tempo. - expliquei.

- É? O que faz nos tempos livres ou para espairecer por aqui?

Ia responder quando ele acrescentou a pergunta:

- Posso levar você para jantar?

Me surpreendeu, mas não tanto quanto deve ter surpreendido Davi, que me fitou atentamente, como se me mandasse negar o convite.

O clima na mesa ficou pesado. Praticamente todo mundo se calou a espera que eu respondesse.

- Claro. Porquê não? - respondi sorrindo.

- Ótimo. Eu levo você então? 7h da noite pode ser?

- Sim, está perfeito.

Davi me fuzilava com os olhos, mas não comentou absolutamente nada. Passou maior parte do tempo calado durante o almoço.

Lucas estava muito atento as reações do irmão, como se ficasse em alerta para intervir em qualquer explosão do Davi.

Eu sorri internamente por isso.

Ele que se foda.

******

O almoço foi bom, bastante divertido, o pessoal é muito gente boa.

Troquei o número de telefone com o Theodoro para que pudesse dar meu endereço e ele viesse me pegar para jantar.

Passava das 3h da tarde quando cheguei a casa e fui olhando o que vestiria para o jantar.

Liguei para Priscilla para contar o que se passava e minha amiga me garantiu que viria logo para casa.

Estava perdida entre as minhas roupas, numa indecisão frustrante!

Não sei o que vestir.

A campainha tocou e dei graças a Deus a minha amiga ter chegado para me ajudar a decidir.

- Você tem que tomar mais atenção as chaves, Priscilla. - já ia reclamando ao abrir a porta quando dou de caras com Davi.

Ia fechar a porta quando ele meteu o pé e o corpo para travar.

- O que você quer? E como conseguiu subir sem que o porteiro avisasse? - perguntei.

Ele fechou a porta e entrou, ignorando as minhas perguntas.

- Você não vai sair com o Theodoro, Gabriela.

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