Perdição de Vizinho romance Capítulo 27

Garota, eu preciso de comprometimento, de você

E mais ninguém, mais ninguém

Eu costumava ficar tão chapado de amor

Agora eu estou com tanto medo da distância

Show Me - Black Atlass

(...)

Ella

Aquele fim de semana com a família do Justin foi crucial para mim, pude conhecê-lo melhor, perceber que a mãe dele tinha razão em tudo o que me disse. Ele é um homem maravilhoso, o tipo que qualquer mulher gostaria de ter ao lado. Desde aquela semana, Justin tem me feito sentir especial, como se eu fosse única para ele e não houvesse motivos para desejar outra, porque sou suficiente. Confesso que, por vezes, isso me amedronta ainda, mas tenho tentado vencer esse medo.

Um mês se passou, desde que começamos a nos acertar e ele tem feito algumas surpresas para mim, desde então. Como mandar flores quando estou no trabalho, enviar mensagens carinhosas durante o dia — algumas vezes são textos cheios de malícia, mas não deixa de ser bonito todos esses gestos. Significa muito para mim.

Hoje é domingo e, como combinei de visitar meus pais, estendi o convite para o Justin — que inicialmente ficou relutante, porém, acabou aceitando. Enquanto estou terminando de me arrumar, Justin está me esperando na sala.

Chega uma notificação em meu celular, vou até a cama, enquanto ponho os brincos na orelha. Sorrio em ver que são meus amigos, abro a nossa conversa em grupo.

Oliver: Queremos saber de todos os detalhes do que rolar na casa dos seus pais, minha deusa. Não nos poupe de absolutamente nada.

Barbara: Ai, tô tão feliz por finalmente as coisas estarem dando certo para você, amiga. 

Para completar, ela envia uma figurinha de uma menina com as mãos no rosto e os olhos brilhando, exatamente como ela estaria se estivesse aqui agora.

Alexia: É hoje que ele te pede em namoro, gata. Só vai! Confia em mim. 

Dou risada, porque mesmo não tendo nada definido entre nós, está tudo tão bem, que penso que se melhorar, estraga. Nem tudo precisa de títulos, às vezes, só o sentimento basta.

Eu: Vocês são os melhores amigos que alguém poderia ter, prometo contar tudo quando chegar em casa.

— Vamos? — a voz rouca dele em meu ouvido, sempre me causa arrepios. 

Fecho os olhos, sentindo as mãos dele em cada lado da minha cintura. Viro a cabeça, dando um beijo rápido nele, que acaba se tornando mais intenso, já que com o Justin é assim. Ele para o beijo, mordiscando meu lábio inferior, com seu olhar sexy e matador.

— Sabe que se não tivéssemos esse compromisso hoje, não te deixaria sair da cama, né?

— Não se preocupe, a noite é uma criança… — sorrio de canto, deixando a frase no ar.

— Delícia. — ele dá um tapa em minha bunda.

Envio uma mensagem rápida para meus amigos, despedindo-me, guardo o celular na bolsa e saímos. Pegamos o elevador para chegar ao térreo mais rápido e começo a suar frio.

— Ei! Está tudo bem? — Justin parece me analisar.

— Sim, fica tranquilo. — respiro fundo, mantendo a calma.

Ele morde o lábio inferior e franze o cenho.

— Tem medo de elevadores? 

Droga! 

— É… Digamos que sim, não queria que descobrisse assim, é um medo bobo. — comprimo os lábios.

Ele ri nasalmente e me puxa para si, pondo uma mão em minha bochecha e acariciando. Me perco em seu sorriso.

— Não é bobagem você ter medo de algo, eu por exemplo, tenho medo de altura. Dá vertigem somente em pensar estar num lugar alto, principalmente se eu não tiver onde me segurar. Não precisa se envergonhar disso, ok? Pode me contar sobre qualquer coisa. — me beija com ternura.

É incrível como quando estamos juntos, esqueço de tudo ao meu redor. Meus medos, receios, dúvidas… Tudo simplesmente se esvai, basta somente um sorriso dele, um toque e me vejo completamente sem chão, sabendo que o terei bem ali para me segurar.

Ele me faz sentir tão segura em seus braços, que quando dou por mim, já havíamos chegado ao térreo. Justin segura minha mão e me guia para fora do prédio. Ele já havia tirado o carro da garagem, porque irá dirigir, então iremos no dele. Entramos no carro e ele dá partida.

No caminho, observo as ruas, toda a movimentação do Rio, aproveito a brisa leve do vento — que por um milagre, hoje o tempo decidiu dar uma trégua e diminuir a intensidade do calor.

Por vezes, Justin segura minha mão por cima da perna e acaricia. O encaro e tenho certeza de que meus olhos brilham.

Mais ou menos quarenta minutos depois, talvez um pouco mais, chegamos ao nosso destino. Passamos pela portaria, me identifico e nossa entrada é liberada. Ele diminui a velocidade para entrarmos.

— É ali. — aponto para a casa.

Justin estaciona e descemos do carro.

Parados em frente a casa, quando iria tocar a campainha, a porta é aberta, nos surpreendendo.

— Filha! — mamãe me recebe com um sorriso estonteante e de braços abertos.

— Como sabia que era eu? — retribuo o abraço.

— Ela não sabia, ficou praticamente colada na janela para te ver chegar. — papai surge logo atrás dela, respondendo em tom de brincadeira.

— Eu deveria ter adivinhado, isso é a cara dela, papai. — me aproximo para abraçá-lo.

— Entrem, por favor. — mamãe diz e percebo Justin meio tímido. Algo bastante incomum.

— Pai, mãe, quero que conheçam o Justin, meu… — travo na hora, porque não sei exatamente o que somos e estou super tranquila com isso.

Porém, não sei como meus pais irão encarar a situação.

— Sou o namorado dela, senhor…? — Justin me surpreende completamente ao responder e estender a mão para o meu pai.

— Me chame de Paulo. — papai aperta a mão dele, me fazendo suspirar aliviada.

— E a senhora, como devo chamá-la? — ele se direciona a mamãe com seu ar sedutor que desmonta qualquer mulher, nem parece que estava tímido há poucos minutos.

— Sou Eliza, querido. É um imenso prazer conhecê-lo, Ella falou muito bem de você — Justin segura a mão da mamãe, leva até os lábios e beija o dorso — Que cavalheiro. — ela sorri, deslumbrada com a educação do homem à sua frente.

Juro que revirei os olhos internamente.

— Então, Justin… — papai se pronuncia — Quais são as suas intenções com a minha filha? Como você já deve saber, ela já foi feita de palhaça nas mãos do cretino do ex, não posso entregar meu bem mais precioso de bandeja a qualquer pessoa, preciso saber se você é confiável. — o tom de voz dele é firme e sério.

— Papai, por favor, acabamos de chegar, isso não é necessário… — toco no braço dele, quase suplicando.

Não esperava essa atitude dele.

— Não, Ella. Seu pai tem razão, dá para ver de longe o quanto são uma família de respeito e com princípios — arqueio as sobrancelhas, surpresa com as palavras do Justin — Não se preocupe, senhor. Tenho as melhores intenções com sua filha. Não vou dizer que iremos casar amanhã, pois, estamos nos conhecendo ainda e, assim como ela, também tenho um passado a ser superado, algo que estou conseguindo aos poucos, graças a ela. Mas, posso garantir que não pretendo brincar com os sentimentos dela.

Meu coração aquece e erra as batidas ao ouvir o que ele acaba de dizer. É, acredito que não posso mais negar para mim mesma, não sei em que momento aconteceu, mas acho que estou apaixonada.

Meu pai se silencia por alguns minutos e mamãe está tensa, assim como eu. 

— Sendo assim, bem-vindo a família. — papai o abraça, dando dois tapinhas nas costas e abre um sorriso imenso.

Suspiro aliviada, nem havia percebido que prendi a respiração.

— Obrigada. — sibilo inaudível, de forma que só o Justin ouça. 

Ele sorri e pisca para mim.

Sei que ele fez isso somente por ser pressionado pelo meu pai, então me sinto na obrigação de agradecê-lo.

Nos direcionamos à cozinha, sendo recepcionados pelo cheiro de comida que exala pelo ambiente. Sentamo-nos para comer, tendo um momento maravilhoso em família. Sinto-me completa e não poderia pedir nada além disso. Durante o almoço, Justin segura minha mão sobre a perna, acariciando-a. Me pergunto como alguém pode ser tão perfeito, porque até dias atrás, eu pensava ser impossível isso, mas, pelo visto, o príncipe encantado dos contos de fadas existe. Diferente, mas existe. E, honestamente, essa versão é bem melhor.

— Dona Eliza, devo parabenizá-la, sua comida estava deliciosa. — ele elogia após terminar de comer a lasanha à bolonhesa da mamãe.

— A comida da mamãe sempre fez sucesso, uma pena que eu não herdei os dotes culinários dela, já que sou um desastre na cozinha. — dou de ombros.

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