Resumo de Capítulo 31 – Uma virada em Perdição de Vizinho de Alê Santos
Capítulo 31 mergulha o leitor em uma jornada emocional dentro do universo de Perdição de Vizinho, escrito por Alê Santos. Com traços marcantes da literatura Romance, este capítulo oferece um equilíbrio entre sentimento, tensão e revelações. Ideal para quem busca profundidade narrativa e conexões humanas reais.
Vamos falar da noite passada, você foi dormir
Nem sequer falou comigo
Você me deixou com perguntas, angustiante
Você traz o pior de mim
Problem with You - Sabrina Cláudio
(...)
Ella
Acordo lentamente, sentindo carícias em meu rosto, mas ainda permaneço de olhos fechados. Sinto-me muito bem em estar nos braços dele, poder sentir seu cheiro delicioso. Queria que o tempo parasse, para que pudéssemos permanecer assim, só nós dois.
— Ella? — sua voz rouca me chama.
Me sinto na obrigação de abrir os olhos, ainda que contra a minha vontade. O faço, sorrindo.
— Bom dia, meu amor — lhe desejo — Continua, estava tão bom… — me refiro ao carinho.
Ele está deitado de lado, com a cabeça apoiada sobre a mão. Seu semblante é sério, não consigo ver o brilho em seus olhos, aquele que sempre direciona a mim.
— Bom dia. O que está fazendo aqui? — seu tom de voz soa seco.
Estranho, pois, esse não parece ser o homem pelo qual me apaixonei.
— Você não estava bem ontem, decidi ficar para o caso de você precisar. O que está havendo, Justin? Aliás, porque está estranho? Porque não atendeu as inúmeras ligações que fiz ontem a noite? — me ajeito na cama, ficando de frente para ele.
O encaro seriamente, tentando compreendê-lo.
— Ella… Sinto muito, mas não podemos ficar juntos… — esbugalho meus olhos com suas palavras.
Entreabro meus lábios sem acreditar no que acabo de ouvir.
— Como assim, Justin? Pelo amor de Deus! O que houve para te fazer mudar de ideia sobre mim tão rapidamente, ou melhor, sobre nós? — percebo que minha voz está meio exaltada.
Em um ímpeto, me sento na cama, completamente confusa.
— Eu apenas vi a verdade diante dos meus olhos… Mas isso não importa, Ella. Tudo o que você precisa saber é que não podemos ficar juntos, você merece alguém melhor que eu, alguém que possa te proteger, cuidar de você, não um fodido como eu.
Mesmo ouvindo tudo que está me dizendo, posso sentir sua dor, como se estivesse se matando por fazer isso.
— Justin, para de falar besteira, por favor… — ajoelho no colchão e seguro seu rosto entre minhas mãos, já sentindo as lágrimas pesarem meus olhos — Nos amamos, lembra?
— Sim, Ella… Eu aprendi a te amar — ele suspira pesadamente e engasga — Mas isso não é o suficiente. Então, é melhor pararmos por aqui, antes que seja tarde demais para você perceber que não sou bom para você…
— Justin, por favor, me escuta… Você é o cara mais maravilhoso e perfeito que já tive o prazer de conhecer. — as lágrimas começam a inundar o meu rosto.
— Perfeito? Como perfeito, Ella? Me diz! — seus olhos estão lacrimejando, vejo dor neles — Eu a matei, droga! Será que você não entende isso? — senta na cama, tentando tirar minhas mãos de seu rosto.
— Nunca mais repita uma atrocidade dessas, ouviu? Nunca mais! Eu vi a porcaria daqueles papéis no chão ontem a noite… Porque estava olhando aquilo? Porque se martirizar dessa forma? O que passou, passou, Justin. Você não é Deus! — grito a última parte, como se assim pudesse fazê-lo entender — A hora dela havia chegado, você mesmo disse que não havia mais o que ser feito.
Ele abaixa a cabeça, balançando para os lados.
— E porque não consigo? Porque não consigo me livrar desses pensamentos que insistem em me atormentar? Eu te amo, Ella. Mas não posso ficar com você sabendo que posso te causar qualquer tipo de mal, eu não suportaria — levanta a cabeça, olhando em meus olhos e chorando copiosamente — Não posso te perder…
— Se não pode me perder, então porque está me tirando de sua vida? — sinto meu coração pesado.
— Você não entende… — solta um longo suspiro, seguido de um soluço.
— Não, eu não entendo! Cansou de mim, é isso? Não me quer mais, exatamente como fez o meu ex? — ralho e me arrependo do que digo, no instante em que me calo.
— Jamais me compare com aquele… Aquele filho da puta! Eu jamais faria algo assim com você, estou fazendo isso por amor.
— Então, desiste dessa ideia maluca, vamos ser felizes e nos curar juntos, Justin…
Ele fecha os olhos, passa a mão na cabeça e balança para os lados.
— Desculpa, eu não posso…
O encaro, sentindo-me destroçada pela segunda vez nessa vida.
— Se é isso que quer, não irei mais insistir, espero que encontre o que está procurando. — assinto, cansada de lutar.
Levanto, secando minhas lágrimas e lhe dou uma última olhada.
— Seja feliz, Ella. Nunca esqueça que eu te amo… — ele diz quando já estou passando pela porta do quarto.
Mordo o lábio inferior o mais forte que consigo, tentando conter as lágrimas e me direciono a saída do apartamento.
Enquanto sigo meu caminho, lembranças de tudo o que vivemos desde que nos conhecemos, passam como um filme em minha mente, me torturando. Eu só queria entender porque a vida apronta essas coisas com a gente, porque insiste em nos fazer sofrer.
Estávamos tão bem, tão felizes, porque isso justamente agora? Eu queria ajudá-lo, estar ao lado dele para o que fosse possível, mas infelizmente, não posso ajudar quem não quer ser ajudado.
Com esse turbilhão de pensamentos, nem percebo que já estou em frente à porta do meu apartamento. Meu coração está em pedaços, não sei o que fazer ou pensar.
Entro em casa, fecho a porta, meio aérea, tentando processar tudo o que acabou de acontecer. Vou até o sofá, sentando-me e, após alguns minutos, me derramo em lágrimas. Um choro doloroso, copioso, parece que minha alma está doendo, como se estivessem fincado uma faca em meu peito. Nem mesmo quando Marcelo me deixou, me senti assim.
Deito e ouço o miado do Tom, seguido pelo pulo dele no sofá. Ainda chorando, o aconchego em meus braços.
Acabou.
Voltamos a ser só nós dois.
Não tem mais Justin e Ella.
— Eu não estava entendendo nada e já estava ficando preocupada, não sabia mais o que pensar. Pensei, na verdade, que poderia ter acontecido algo… Mas quando Nando e eu chegamos lá, ele estava irreconhecível, não parecia o meu Justin, dava dó olhar para ele.
Engulo em seco com as recordações, tentando não ceder ao nó que se forma em minha garganta.
— Justin estava muito bêbado, tivemos que, praticamente, arrastá-lo até o banheiro. Quando o colocamos na cama, fui dar uma breve organizada na bagunça e encontrei alguns papéis jogados no chão, eram manchetes do passado, de quando a noiva dele faleceu. — comprimo os lábios.
Murcho os ombros em meio a um quase soluço.
— Só queria entender porque ele estava olhando aquelas merdas, as coisas que publicaram a respeito dele foram horríveis — balanço a cabeça para os lados, como se assim pudesse esquecer tudo o que vi — Passei a noite lá e hoje de manhã ele terminou comigo, afirmando ser o melhor, pois, não suportaria me fazer qualquer mal.
— Queria muito sentir raiva dele, mas depois de tudo isso que nos contou, até eu fiquei com pena. A mídia é uma coisa horrível, só de imaginar o que ele passou, sinto um aperto no coração. — Alexia me surpreende com sua fala.
— O que eu faço agora? Mesmo que a minha mente o compreenda, meu coração o deseja. Nunca pensei que um dia fosse me apaixonar dessa maneira, a ponto de não conseguir imaginar uma vida sem ele, porém, é exatamente assim que me sinto. Como se não houvesse chance para eu ser feliz sem o Justin. — à medida que falo, sinto lágrimas escaparem.
Passo a mão direita nas bochechas, enxugando-as.
— Olha, meu anjo, eu juro que queria ter essas respostas para te dar, mas, infelizmente, nenhum de nós três temos. Sei que deve estar se sentindo incompleta, porém, o meu conselho é que você dê tempo ao tempo. Esfrie a cabeça e deixe o Justin fazer o mesmo, talvez ele perceba que assim como você precisa dele, ele também precisa de você. — Barbara fala, tentando me consolar, segurando minhas mãos.
— Tudo bem. — assinto desanimada.
— Tire uns dias de folga, tenho certeza que daremos conta de tudo no escritório. Se precisarmos de você ou algum dos seus clientes chatos te procurarem, iremos te ligar. — Oliver sugere.
Não digo nada, apenas recosto minha cabeça no sofá.
— Agora você precisa descansar, amiga. Vai tomar um banho para relaxar, que cuidaremos do resto. — Barbara diz.
— Vai ficar tudo bem, minha deusa. — Oliver fala e beija minha testa.
Ainda que contra a minha vontade, levanto e me direciono ao banheiro. Tiro a roupa que estou usando e entro no box. Enquanto a água do chuveiro cai sobre o meu corpo, sinto-me desfalecer, encosto-me na parede fria e deslizo até o chão, aos prantos. O choro já nem ecoa mais, de tantas lágrimas que já derramei hoje.
Após alguns minutos, sentindo minha alma lavada, me ensaboo, enxaguo e saio, retornando ao quarto. Visto um pijama qualquer e penso em deitar na cama, mas, independentemente da minha situação, seria muita indelicadeza da minha parte deixá-los sem a minha presença. Então, caminho a passos lentos até a sala e lá estão eles. Sei que estão fazendo algo para eu me alimentar, mas não sinto a menor vontade de comer. Deito no sofá e aguardo em silêncio.
Minutos depois, Barbara vem até mim, segurando uma xícara dessas de sopa com uma colher.
— Você precisa se alimentar, amiga. — ela diz, sentando ao meu lado e colocando minhas pernas sobre as suas.
— Estou sem fome…
— Não importa, vou te fazer comer nem que seja pelo buraco do cu. — ela fala em tom de brincadeira.
Dou uma risada sem graça e sento, me acomodando melhor para segurar a xícara.
Ainda que eu não quisesse comer, eles tocaram em meu ponto fraco, fizeram canja de galinha e eu amo.
Os três me acompanham, cada um segurando uma xícara. Me fazem companhia pelo resto da noite, até notarem que já está muito tarde, então se despedem de mim, indo embora.
Depois de fechar a porta e trancar, sigo para o quarto, deito e puxo o urso que ganhei no parque, uma deliciosa lembrança de algo bom que Justin e eu vivemos, o abraço forte, mas não consigo mais derramar uma lágrima sequer, parecem ter secado. Fico apenas com a dor do término, da saudade que sentirei a partir de hoje. Não demoro a ser vencida pelo cansaço.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Perdição de Vizinho
Lindo, estou chorando 😢 😢 até agora...