Resumo de Capítulo 15 - Érina – Uma virada em Perigoso (Letal - Vol.2) de Dalla Mendes
Capítulo 15 - Érina mergulha o leitor em uma jornada emocional dentro do universo de Perigoso (Letal - Vol.2), escrito por Dalla Mendes. Com traços marcantes da literatura Erótico, este capítulo oferece um equilíbrio entre sentimento, tensão e revelações. Ideal para quem busca profundidade narrativa e conexões humanas reais.
Eu tomei banho, estava com um pouco mais de disposição, a enfermeira noturna não estava lá, mas a mocinha de hoje era tão gentil quanto. Troquei fraldas, amamentei, mas ainda sentia as fraquezas constantes, a barriga ainda flácida, fraqueza pela perda de sangue e uma dieta rígida com muito ferro. Eu estava sendo mimada e sabia que Iron estava por trás disso, ela citava o senhor Pryme constantemente e eu só conseguia pensar o quanto eu estava feliz. Tenho certeza que, apesar de tudo, Dom também está. Iron era pra ele como um irmão, eles eram uma família e…
— Olha só… — levantei os olhos, sorri e vi Dom entrar com uma rosa nas mãos, a barba feita, um perfume gostoso e a franja ruiva bem penteada. Ele tinha um hematoma leve na beirada dos olhos e um curativo muito próximo da sobrancelha.
Ele se dirigiu diretamente para a pelota careca, limpinha e vestida, na paz do sossego, já que chorou o bastante durante a troca e só parou quando a barriga estava cheia. Sorriu, pegou no pé rechonchudo e fez um carinho silencioso. Quando me olhou, estava com os olhos brilhantes e um sorriso besta na cara.
— Você não vai chorar, vai? — brinquei.
— Não, meu coração ruivo é durão. — me deu uma piscada — Mas eu tenho que socar meu orgulho no rego e dizer que o negócio foi bom eim, saiu bonitinho…
Eu consegui rir, ele aproveitou o momento, enfiou a mão na minha nuca e me puxou, beijando-me de surpresa e quando abri bem os olhos, a porta foi escancarada e uma Sore nada convencional apareceu.
— Olha, que família linda! — ela sorria, enquanto a massa dura e grande de um Iron sério se mostrava atrás e Dom olhava pra ela com cara de poucos amigos. Eu com certeza enrubesci, desviei o olhar meio sem graça e tentei não me sentir desconfortável.
— O que é que vocês estão fazendo aqui? — Dom estava meio hostil, olhando pro Iron, que parecia cagar pra cara feia dele.
— Ué, eu sou a tia e ele é o pai. — Sore abriu o sorriso grande, mostrando todos os dentes e se divertindo com a merda da situação — O pai oficial, né?
— Sore… — tentei evitar uma merda grande, uma vez que Dom não estava levando aquilo na brincadeira.
— Deixa eu ver essa gracinha aqui… — ela me ignorou, foi até a bebê e brincou estalando a língua, vestida com seu típico vermelho justo, pérolas no pescoço e o chanel platinado em um corte perfeito — Olha o que a titia tem pra você…
Ela levantou uma corrente prateada no ar, apontou para a boneca careca e ficou com as feições sérias.
— Isso é meio grande pra ela. — Dom resmungou.
— O pai deixou, se não se importa. — ela alfinetou sorrindo e eu olhei para Iron tentando entender, até que ela balançou a corrente e voltou a ter feições sérias, mirando para a bebê — Sua tia não vai ter filhos, sabe… Um dia um bruxo ganancioso e ciumento quis tanto uma borboleta que tirou dela o dom de dar seguimento a vida. — Eu sabia que ela estava falando de Ron, o mafioso que pegou ela numa promessa de proteger Iron — Mas um dia, o irmão da borboleta, o lagarto feio, prometeu que livraria ela do bruxo malvado. — Eu acho, só acho, que o olho dela se encheu de água por um breve momento — Muitos anos se passaram e o lagarto feio conheceu o amor, e foi por amor que ele cumpriu todas as suas promessas. Ele fez uma mágica, tirou aqueles que podiam governar ele do seu caminho, arrancou a irmã borboleta das mãos do bruxo malvado e se viu livre para poder amar sua família, do jeito certo. — ela abaixou o braço, enquanto Dom estava bicudo, eu tinha os olhos cheio de água e Iron na mesma expressão de sempre — Eu guardei a ignição prateada do soldado exemplar. Sua primeira inscrição militar. Pra você saber que, mesmo que ainda não saiba, ele sempre esteve lá. Ele foi o primeiro a te amar, antes mesmo da sua mãe desconfiar que você existia. Não foi pela sua mãe que ele subiu aquele prédio, foi por você.
Dom bufou, um tanto impaciente. O silêncio reinou depois que ela se levantou e para arrebentar o clima, ela sorriu. Mas, como sempre, não deixou de pesar na consciência de ninguém.
— Que é? Achou que o único herói da história tinha cabelo ruivo? — alfinetou Sore.
— Você estava mais legal ontem. — resmungou Dom, afinando os olhos — Saiu da máfia?
— Pois é… Família. Promessa, irmandade… Essas coisas. — ela abriu o sorriso de novo, mas desviou o assunto — Vem cá, e os nomes? Vocês pensaram em alguma coisa durante a noite?
Por Deus, minhas bochechas queimaram, desviei meus olhos do grandão silencioso e senti o olhar acusador de Dom em cima de mim.
— A noite? Vocês se viram a noite?
— Ué, ele é o pai. Quem precisa de horário é a gente… — Sore atiçava o fogo, jogando toras grossas de lenha na merda.
— O que é que vocês fizeram de noite? E porquê ele teve que vir de noite? — Dom tinha um olhar desconfiado e me olhava enquanto eu mexia no cabelo sem graça.
A bebê começou a resmungar, eu me atentei para chegar mais perto e ela abriu o choro resmungão, enquanto eu a pegava no colo.
— Pare, os dois. Está irritando ela. — pedi, enquanto via Iron se aproveitar da distração dos dois, pegar um embrulho do bolso e o colocar sobre o balcão de trocas, discretamente — Nós não pensamos nos nomes, por mais que tenha sido feito milhões de sugestões, nada me agradou. Você tem alguma? — perguntei, levantando os olhos e o silêncio predominando enquanto suas feições duras não se moviam.
— Pray. — soltou de voz grave e direta, fazendo Dom levantar a sobrancelha.
— Você nem vai à igreja… — resmungou o ruivo, num comportamento turrão totalmente diferente do seu dia a dia.
— Então você sabia? — ele calou a boca e pareceu pensar no que ia dizer — Porque até o ponto que eu sei Dom, não faz muito tempo que a gente descobriu a Sore. Esse tempo todo era a Sore, mas de quanto tempo você está falando?
— Eu vou nessa. — ele olhou pra bebê e suspirou desanimado — Não vou discutir com você agora.
Eu olhei a porta fechada, me vi no quarto sozinha e a bebê começou a ficar mais calma. Fui até o criado mudo, peguei os papéis que o médico deixou e olhei pra onde estava em branco a assinatura com o nome dela. Pray… Olhei para o balcão onde Iron deixou uma caixinha discreta, peguei o embrulho e o desfiz. Era um quadro de vidro com o primeiro ultrassom dela e um cubículo de resina, com um pedaço do umbigo eternizado dentro.
O umbigo dela ainda não caiu, então supus que ele usou um pedaço do parto. Junto, tinha uma carta, com um amontoado de garranchos. A letra dele era horrível e lá tinha a resposta da pergunta que fiz.
“Não escolheu o nome dela, talvez queira pensar em Pray. Me sinto um foddido frouxo escrevendo uma carta, é clichê e marica, mas eu duvido que as coisas funcionem bem até que tudo se ajeite. Então, lê a porrra da carta com atenção, porque eu não vou fazer isso de novo.
John atravessou a merda de um cano cirúrgico acoplado na parede daquele quarto, na onde você viu a cicatriz. Eu sangrei. Sangrei porque não queria carregar o sangue do meu irmão nas mãos, sangrei porque matei gente demais, sangrei porque acreditei que um maldito como eu, ainda tinha salvação. Naquele dia, eu sabia o que tinha que fazer e hesitei. Depois de acabar com tanta gente, eu hesitei.
Eu amava John, eu amo Jhon. Eu não durmo em paz, porque eu cometi a pior falha de qualquer homem. Eu matei levantando uma bandeira americana, mas não é a mesma coisa quando se trata da sua família. Eu não merecia viver, não importa os motivos. Mas, eu pedi pra viver.
Quando eu caí de joelhos sentindo a fraquidão da morte soar no meu corpo, eu ouvi ela chorando. Eu vi o seu rosto, eu ouvi ela chorar… E pra um homem que não acredita em Deus, eu me coloquei a rezar. Eu pedi pra viver, se eu ainda fosse merecedor de algo, que eu pudesse voltar pra você e ver a minha filha, que fosse uma única vez.
Quando Kane me disse que existia a possibilidade de você estar grávida, eu simplesmente supus que estava. Eu subi aquele prédio pra salvar o meu amigo, pra finalizar as coisas com o Jhon e, mesmo que eu sujasse as minhas mãos, se eu estivesse com você, não ia me importar com os resultados. E, mesmo que agora você não esteja mais por mim, ainda valeu a pena.
Pray. Porque eu rezei naquele dia e porque Ele favoreceu o meu pedido.”
É claro que eu chorava horrores, balançava ela no colo e olhava o céu pintado mesclado com o laranja do sol e as nuvens entrepostas, através do vento de uma janela. Eu a beijei com ternura, também fiz o meu pedido silencioso, se é que Deus podia me ouvir, e sorri pra ela.
— Pray. — sussurrei baixinho.
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