Assuntos inacabados é uma merda fodida, você se desgasta tentando resolver um círculo que vai acabar na mesma droga de lugar. Eu segurava a porra do volante contendo o caraleo do ódiio que eu tinha em pensar o quanto eu confiei naquele maldito ruivo e estava para socar no traseiro branco dele nas leis da irmandade. Irmão… eu queria rir do caldo de bosta em que eu estava afundado, mas eu não conseguia.
Tomei a porra de uma buzinada, olhei pro retorvisor e só estava a dois quarteirões da casa no meio da zona de um bando de “chicos” de merda. Eu não entendia um palmo do que esses imbecis falavam, enfiei meus espanhol no meio do meu saco franzido e tive a droga de um apressado colando na minha traseira.
Engatei a primeira marcha, mas antes que eu desse impulso no acelerador o carro sofreu um solavanco e o filho da puta fodeu a traseira do meu jipe. Esses malditos latinos coloridos para um caraleo tinham a mania de escandalizar até a merda que eles cagam, e eu estava no pico da minha paciência. Eu queria arrebentar a cara daquele ruivo maldito, mas estava me contendo, pela segurança dele, pela segurança dela, e agora isso…
— ¿Estás durmiendo, idiota? ¡Ve a arreglar la parte delantera de mi coche, hijo de puta!
O latino imbecil metido a mané saiu do carro dele, resolveu fazer uma visita e chutou a lataria da minha porta. Respirei fundo, ele soltou um amontoado de palavras enroladas, eu encostei a mão no dispositivo que abria a porta e coloquei um pé para fora. No segundo seguinte o “chico” de merda calou o caraleo da boca, travou em alguma coisa e deu um passo para trás.
— P-perdón — o fodido balbuciou alguma coisa, mas eu já tinha decido do carro, caminhei até a merda da traseira do jipe, vi um curioso ou outro na rua e analisei a droga do estrago. — Tal vez solo podamos hablar…
Abaixei, olhei a traseira do carro baixo presa no engate do jipe e puxei a lataria enroscada. O idiota calou a boca quando um pedaço do carro dele saiu da minha mão e eu taquei ela no chão, enquanto ele engolia um pouco mais e olhava pro objeto, depois pra mim.
— Que merda… — resmungou em inglês, enquanto virava as costas e eu voltava pro carro, mas eu parei, antes mesmo de entrar.
Ele não é latino caraleo nenhum, eu olhei ao redor com cuidado e encontrei pelos menos três observando a cena com afinco demais. Entrei no carro silencioso, apertei a discagem no painel e observei dois carros se aproximando, sem seguir em frente.
— Que é? — a voz no painel era de Sore, parecendo um tanto cansada — Estou tendo uma DR no seu lugar, achei que ia bater nesse panaca mais cedo!
— Libera a entrada dos fundos. — ordenei, ignorando a pressa dela em mandar Dominic pro inferno — Sobe e cuida dela, e dê qualquer coisa de longo alcance pro vacilão ruivo.
Não esperei uma resposta, engatei a primeira e vi um carro preto parar no cruzamento. Pisei no acelerador quando vi um cara saindo pela janela, disposto a atirar. O blindado sentiu a pressão dos furos, mas o carro dele virou com a intensidade da batida e fodeu com o processo. Os tiros vieram de outro lugar, fui obrigado a dar ré, manobrar e desviar para dar o retorno, iniciando a droga de uma perseguição.
Eu devo ser um fodido otário, mas continuava na minha. Mantinha o olhar frio no retrovisor, fiz a curva dando a volta no quarteirão e sentia que o blindado ia se comprometer a qualquer momento. Entrei na rua principal, continuei olhando pro retrovisor e apertei um número no painel.
— Na escuta. — a voz dele, Dominic, estava confiante do outro lado.
— Quantos tem? — questionei, sabendo que o que estava atrás de mim não era o inimigo inteiro e ele tinha total visão, se tivesse pensado direito.
— Quatro. — respondeu firme — Dois na sua cola.
— Quantos consegue pegar?
— Dois, mas vai explodir. — respondeu pensativo — Com sorte, pega o terceiro.
— Só avisa. — concordei.
— Fodão… — resmungou do outro lado. Tentei andar em círculos, senti a pressão dos vidros querer vacilar, a potência do carro se desfazer com os acertos no capô e voltei pra rua principal. — Na mira.
Liguei o automático, travei o volante e mirei contra o carro mais perto. Com sorte Dom pega dois, atinge o terceiro e o quarto eu fodo na reta. Abri a porta e me joguei rolando, senti a chuva de bala raspar e o calor da explosão jogar o peito duro contra o asfalto. Não deu tempo de se recuperar, logo tinha um aperto de uma mão forte nos ombros, apertei a ossada menor e puxei dando ao patife uma cotovelada. Usei o corpo do desconhecido de escudo, peguei o armamento engatado na sua cintura e revidei.
No momento seguinte a rua era uma zona chamando a atenção de sirenes distantes, corpos caídos e fogo pra todo lado. Eu mantinha minha opinião imparcial, sem uma dose de expressão no rosto, sem um pingo de emoção na bunnda. Caminhei até um idiiota vacilante, o corpo chamuscado ainda estava vivo, tirei minha jaqueta limpa e enrolei no tronco do homem quase morrendo. Andei, pouca coisa, abri o acesso dos fundos e soltei o corpo no chão, recebendo um par de olhos azuis preocupados no acesso, Sore de braços cruzados e um ruivo do lado dela.
— Tá vivo? — perguntou Sore olhando pro corpo que eu carregava.
— Ainda.
— Vou ver o que faço. — respondeu séria enquanto eu desviava meus olhos dela e voltava a andar, passando por Dominic e a cadela — Eu preciso de ajuda, tem um corpo e eu quero dois pra pegar informação. Pra ontem. — a voz de Sore atingiu meus ouvidos enquanto eu caminhava, ignorando a recepção calorosa e os olhares curiosos.
— Você está bem? — a voz dela me fez parar um passo, eu olhei para trás e concordei.
— Jogou o carro na explosão. — Dom veio atrás de mim — Virou um maluco suicida? Cê tava muito perto…
— Preocupado? — resmunguei, tentando me conter.
— Liga, manda e volta na base do milagre. Ressucitou pra tentar se matar?
Taquei o fodda-se, virei pra trás, paguei aquele monte de tralha com fios laranjas na barba e esmurrei a merda, pegando o maldito de surpresa. Érina gritou, tentou andar pra frente e Sore segurou ela. Por sorte, estávamos numa distância longe o suficiente pra ela não escutar.
— Como se você se importasse…! — resmunguei entre os dentes, segurei a merda pela gola da camisa e cuspi a droga das minhas palavras — Quando estiver dentro dela, irmão, lembre-se que você desviou a informação. Ela seguiu em frente porque achou que eu estava morto, porque você escondeu isso dela.
Ele não respondeu e eu soltei a droga do colarinho até que ele resolveu abrir a boca.
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