— E a história de que você só podia comer marmita? — perguntou Mars com a careca brilhante, me olhando com um sorriso de lado.
— Fica na tua… — pedi, enquanto ele ria abertamente da minha desgraça.
Dias depois…
Tinha um corpo nos meus pés, fazia um frio do caralho e o homem tinha um furo na testa e vazava sangue por trás, aumentando a poça do chão. Eu levantei a cabeça pra cima, olhei a vista da cidade num e horizonte perfeito, pensando que enquanto a maioria estava no sossego, mercenários estavam matando. Belo mundo de bosta…
— O Espano não está caindo coisa nenhuma. — constatou Mars, enquanto a equipe chegava pra recolher a morte de um dos alvos.
— Não. — respondi seco — Existe duas possibilidades para aquele cara do RH. A primeira é ser uma visão, e tentar saber quem vai azedar pro Espano na base da tensão. Os vacilos ele pega no papo. A segunda, e não pouco provável, é que ele pode ser uns dos que estão tentando derrubar o cara.
— Eu voto na primeira. — deduziu Mars cansado, andando de encontro a trilha e saindo do topo da montanha, enquanto o restante fazia o limpa — Ele mandou alguém espiar a tua casa, testou o teu lado e não faturou nada pro Espano. Não é pra derrubar ele, foi mais pra ter certeza em como executar o plano. Talvez seja até por causa dele que a gente tá aqui, tomando a linha de frente. — eu concordei, mas ele ainda avisou — Só tenha cuidado.
— Com o cara do RH?
— Você é um mercenário. Mercenários não têm fidelidade, pagou e tá feito. — ele parou de andar, olhou pros lados e teve certeza que estávamos sozinhos — Eu vim direto da base, fugi antes de acabar do mesmo jeito que você. Tem um quadro enorme com o seu parceiro estampado na honra dos patriotas, como se o seu parceiro fosse a droga de um herói nas forças especiais. Então, eu sei que não é em mim que eles estão de olho..
— Saquei… — respondi pensativo.
— Ce está pensando em cair fora, é o momento certo. Espano está deixando todo mundo pensar que a situação está uma merda. Você precisa ficar em um lado, mesmo que seja o lado errado. Aqui não tem lugar pra gente que fica em cima do muro.
Mars jogava a real, enquanto eu olhei para trás e vi uma turma falando abertamente no rádio, estavam reportando o sucesso de uma das fases da missão. Mesmo que eu ainda passasse pro gangster, o cara mantinha olhos atentos no que a gente estava fazendo. Mars não precisava me dar um recado que eu já sabia, mas todo cuidado ia ser pouco…
Voltamos pro alojamos, entramos na onda do banho frio, redes para dormir, churrasco e musica em espanhol. Os caras bailavam ao som de um ukulele, batiam palmas e cantavam como se estivessem num rolê do cotidiano. Eu bebi um pouco, comi bastante e fui pra minha rede depois de jogar conversa fora com o Mars. Quando peguei meu celular, tinha mensagens da gracinha.
Ela mandou uma imagem em preto e branco, embaçada e cheia de rabiscos, tinha emojis de coração e uma mensagem: “a primeira foto do meu feijão”. Eu dei um zoom, tentei entender a droga da imagem e respondi.
“Feijão? O Iron te fodeu com o pinto, ou com a janta? Cadê o moleque?"
A resposta foi imediata e eu sorri, porque ela estava esperando eu ver, contando os minutos pra eu responder. Pelo menos era assim que eu gostava de pensar…
Érina
Idiota.
Não necessariamente é um moleque, pode ser uma menina.
Ainda é cedo pra saber.
Seguida de uma imagem repetida, só que com um contorno vermelho mostrando onde exatamente estava o feijão. E sim, eu vi o bebê e fiquei feliz por ela querer compartilhar isso comigo.
Dominic
Belo feijão.
Quando o sexo aparecer, vai que o feijão é um arroz…
Tem que pensar nos nomes.
Érina
(Emoji de risos)
Arroz? Faz uma piada melhor…
Eu não tenho ideia de nomes.
A Sandra já me deu algumas opções, mas eu não sei. Ah, e a gente está se dando super bem.
A irmã do Mars também é um amor.
Dominic
Que bom que está tudo bem.
O que está fazendo acordada?
Ela demorou um pouco pra responder, mas a resposta veio.
Érina
É difícil dormir tranquila com o apê vazio.
A Sandra veio algumas vezes e se ofereceu pra dormir aqui, mas eu achei que era ocupar ela demais.
Ela já é adaptada e tem uma rotina, não achei justo fazer isso.
Ah, encontrei com a Briana, ela pediu desculpas e disse que só estava fazendo o trabalho dela.
Dominic
Sandra sabe dos compromissos dela, se ela está dizendo que pode, então aproveita.
Caguei pra Briana, o traseiro dela é pequeno.
Érina
Olhou pro traseiro dela?
Dominic
Claro, você estava me jogando pra uma desgraça que não ia caber o meu pintinho dentro.
Érina
(Emojis de risos)
Eu não consigo te levar a sério com você falando “pintinho”.
Olha o seu tamanho!
Dominic
Eu sou um cara super sério.
O que tem o meu tamanho?
Érina
Ué, você é grande.
Se você for desse tamanho com um amendoim no meio das pernas, é de desapontar…
Dominic
(Emoji interessado)
Então você ficou pensando no meu tamanho?
Érina
(Emoji envergonhado)
Eu não falei isso…
Respirei fundo e deixei o celular em cima da barriga, olhei pra cima e tentei me conter deitado na rede. Essa merda acontecia com uma frequência surpreendente. Sorrisos, conversas e o pinto sanfonado de tanto que reagia e era obrigado a ficar na dele, foi quando o celular vibrou novamente e eu o peguei. Eu não respondi e ela mandou um “boa noite”, achando que eu tinha dormido.
Erina
Não responde… Dormiu?
Boa noite.
Me manda mensagem quando a coisa for pra frente.
Dominic
Estou acordado.
A missão foi pra frente, está tudo bem.
Érina
Achei que tinha dormido, não mandou mais nada.
Dominic
Estou acalmando meu amendoim.
Ele ficou feliz em saber que pensa nele.
Érina
(Emoji de risos)
Eu não sei o que é pior, amendoim ou pintinho…
Cê tá batendo punheta?
Dominic
Não dá, estou enviando mensagens de cima pra cabeça de baixo.
Às vezes resolve.
Érina
Porque não dá?
Domic
Campo aberto, dormitório coletivo.
É um saco.
Tem uma turma desesperada que faz, mas ainda não cheguei nesse ponto.
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