Perverso romance Capítulo 50

Cai de joelhos no chão, olhando para o carro desaparecer na estrada.

Ethan se abaixa a minha altura se apoiando nos calcanhares.

— Precisamos sair daqui, você tem que descansar.

— Como posso descansar depois disso?

Começo a chorar, me sentindo fraca. A exaustão tomou conta de mim.

Entrei no carro com o Ethan depois de muita insistência dele.

Olhava a paisagem pela janela, sentindo meus olhos pesados e meu corpo sem força alguma, mas minha cabeça não parava de pensar nas coisas que vi hoje.

Ethan me levou para o hotel que ele estava ficando na cidade, era um quarto simples com uma cama de casal e cozinha.

Joguei-me na cama e adormeci.

Acordei sentindo cheiro de comida, abri os olhos e vi que não estava em casa ou naquele quartinho frio cheio de mofo.

Sentei-me na cama e olhei para frente, vi Ethan preparando algo em frente ao fogão, com uma camisa regata e uma calça moletom.

Passei as mãos no rosto.

Não foi um sonho.

Levanto da cama cambaleando e acabo chamando a atenção dele, o mesmo vem correndo na minha direção e me ajuda a estabilizar no chão. Empurro suas mãos assim que lembro de tudo.

— Preciso ver o Sebastian.

— Poderia comer pelo menos?

— Ethan, você não está entendendo, eu realmente preciso vê-lo.

Ouço um suspiro despercebido dele.

— Tudo bem, toma um banho e come antes, caso contrário não posso fazer nada. — Avisou ele.

Entrei debaixo do chuveiro deixando a água escorrer pelo meu corpo, não tinha vontade de passar sabonete ou me lavar adequadamente.

A mesma sensação de perda se instaurou, a mesma de quando perdi Ethan.

Me acoco no chão, abraçando minhas pernas e olhando para a água indo em direção ao ralo.

Os feixes da noite de ontem não saíam da minha cabeça, todo o sangue, Martíni, Anna, Sebastian sendo preso... minha enxaqueca ficou ainda mais forte.

Saí do banheiro usando uma calça quadriculada e uma blusa branca que Ethan me deu. Vejo ele olhando-me da cozinha, tomando uma caneca de café, vou até lá e fico ao seu lado, mas sem olhar em seus olhos.

Mesmo estando sem fome, empurrei umas garfadas de ovos mexidos, apesar de mais revirar a comida no prato.

— Sinto muito por tudo, Jade. — Balbuciou Ethan.

Dei de ombros.

— Já estou acostumada com tudo ao meu redor virando de cabeça para baixo.

Ele suspira, umedecendo os lábios.

— Eu realmente não queria que as coisas tivessem chegado a esse ponto.

— Você não tem culpa, afinal.

— Tenho sim, deveria ter vindo assim que descobri onde você estava, mas fui ambicioso demais pensando ser melhor esperar. — Admitiu ele. — Deveria ter tirado de lá antes que você... se apaixonasse por ele.

Miro meus olhos nos dele.

— Suponho que não mudaria os fatos, pois me apaixonei pelo Sebastian assim que o vi naquele terraço. — Ethan demonstrou ficar um pouco abalado. — Assim como me apaixonei por você.

Ele mostra um sorrisinho.

— O destino não foi generoso conosco. — Assenti, lentamente. — Confesso que senti mais falta daqueles momentos com você naquele inferno do que qualquer outro aqui fora.

— Se você não estivesse lá, talvez eu já teria desistido.

Ficamos em silêncio algum tempo, com um meio sorriso, lembrando dos doces momentos que vivemos juntos.

Ethan desviou seus olhos para minha boca, não percebi quando estávamos tão próximos, mas assim que senti seu braço passar ao redor da minha cintura e sua respiração queimar minhas bochechas, virei o rosto empurrando seu torso com as mãos. Não podia cometer o mesmo erro duas vezes.

— Eu amo você Ethan, mas o Sebastian tem todo meu coração. — Sussurro.

Ethan me solta e assentiu sorrindo.

— Tem certeza disso? — Perguntou.

— Não posso negar, eu amo o Sebastian mais do que qualquer coisa

— Não sabe quando odeio seu esposo. — Sorri, fracamente. — Tenho que sobreviver com que deixei a mulher que amo a merce.

Não falei nada, apenas controlei o fogo irritante em meu estômago.

Ele passa a costa de sua mão em meu rosto, de maneira tão gentil que me fez fechar os olhos imediatamente.

Lembranças e mais lembranças.

— Você tem todo meu coração, Jade. Acredito que pra sempre.

° ° °

Ethan me levou até a prisão que o Sebastian estava. Meu coração não parava quieto no peito, a ponto de quase saltar para fora. O local inteiro parecia triste, com um cor cinza e luzes brancas deixando o ambiente mais frio.

Fiquei algum tempo do lado de fora, na sala de visitas, enquanto Ethan conversava com um agente penitenciário, apesar de não ser o dia de visita, ele conseguiu um passe livre para mim. Um agente penitenciário me conduziu até a sala de visitas, sentei em uma cadeira com uma mesa simples a frente e do outro lado tinha outro acento.

Meu pé batia freneticamente no chão, ansiosa para vê-lo.

Sebastian entrou algum tempo depois, com uma algema nos pulsos, usando uma blusa branca e uma calça marfim. Seu rosto estava sem brilho, os cabelos bagunçados sobre o rosto e a barba desgrenhada, uma noite naquele lugar parecia ter lhe envelhecido anos.

Ele sentou-se a minha frente, pois não podíamos nos tocar.

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