Perverso romance Capítulo 49

Não movi um músculo sequer, apenas absolvi o impacto do corpo do Sebastian junto ao meu.

Apertei meus olhos sentindo seu perfume, seu toque e todas as sensações que ele me proporcionou. Pensei que nunca mais sentiria o calor de seu toque e o cheiro maravilhoso de perfume e menta que sua camisa social tem.

A todo momento, na minha cabeça, eu pedia para não estar delirando, que Sebastian estivesse mesmo aqui.

Não era um sonho, era real.

Passei meus braços em volta de seu pescoço, o apertando mais firme contra mim, como se ainda houvesse espaço para ser preenchido entre nós.

Meus olhos encheram-se de lágrimas, mas desta vez, era de felicidade.

Eu queria dizer-lhe todas as coisas ruins que passei, mas minha garganta secou e eu só sabia chorar baixinho sentindo um alívio inexplicável.

Ele me solta e encosta nossas testas, enxugando minhas lágrimas, pude ver seus olhos lacrimejando.

— Me perdoe, por favor, me perdoe. — Pediu ele com a voz embargada. Eram tantos sentimentos que ficava difícil de esconder.

— Você veio, você realmente veio. Voltou para mim.

— Vou sempre voltar para você.

Passo minhas mãos em sua barba por fazer, o emaranhado de pelos, a sensação de familiaridade, felicidade e alívio. Eu queria desfrutar daquele sentimento para sempre, embora estivéssemos com um cadáver dentro de um quarto cheio de mofo.

Sebastian segurou minha mandíbula e depositou um beijo em meus lábios. Parecia ser nosso primeiro beijo.

Meu corpo inteiro arrepiou-se.

— Eu te amo, te amo tanto. — Falei entre seus lábios.

— Me perdoe, eu fui irracional e totalmente hipócrita. Não deveria deixá-la sozinha daquela maneira. — Seguro seu rosto com às duas mãos. — Você não sabe o inferno que foram esses dias. Por deus, acho que não aguento mais viver sem você.

— Está tudo bem, estamos juntos novamente.

Vejo pesar em seus olhos.

Der repente os barulhos de tiros ficaram mais abafados, nem eles poderiam nos atrapalhar agora. Fito todo seu corpo, ele usava uma camisa social branca enrolada até os antebraços, com dois botões abertos e uma calça social amarrotada. Pude ver algumas gotas de sangue sujando sua camisa branca, mas ignorei com a sensação de que deve ter sido difícil para ele chegar até aqui.

— Anna está envolvida nisso, foi ela quem mandou me sequestrar.

Ele me lança um olhar compreensivo.

— Não se preocupe, já cuidamos dela.

— Como, como você chegou aqui?

— Com a ajuda do Ethan, mas é uma longa história e nós precisamos sair daqui. — Ele diz me tirando daquele momento, e novamente me recordo haver um cadáver conosco. Ele apontou para Omar jogado no chão com a barra de ferro em seu torso. — Você fez isso?

Não respondi.

— Estou orgulhoso de você. — Ele deposita um beijo em minha testa. — Muito orgulhoso.

Sebastian me puxou para fora do quarto e novamente eu caminhei por aqueles corredores, mas desta vez com medo de ser atingida por um tiro.

Descemos escadas e andamos muito, aquele lugar parecia um labirinto extenso, tive certeza de que se o inferno existisse seria aquele lugar.

Estávamos prestes a dobrar a esquina quando ouvimos passos se aproximando de nós, Sebastian me puxou para trás pelo pulso e se abaixou um pouco, fiz o mesmo, com o coração a mil.

Ele pede silêncio e começa a procura algo em sua cintura, de lá ele tira um revólver, dobra a esquina e atira sem pestanejar. Ouvi o homem reclamar de dor e cair no chão.

Um zumbido ecoou nos meus ouvidos ao ver o homem sangrar no chão, era o mesmo que me vigiava.

Acordo com Sebastian me puxando pelo pulso, apenas segui seus passos, com a visão embaçada e a boca com gosto de sangue.

A facilidade que ele matou alguém me surpreendeu.

Suas mãos seguram meu rosto.

— Você está bem? — Perguntou ele olhando para meus olhos.

Levei algum tempo para assentir, lembrando do homem agonizando no chão.

— Preciso que você seja forte, ainda não saímos desse inferno. — Assenti mais uma vez, com os olhos estatelados. — Ótimo.

Voltamos a correr pelos corredores, por sorte todos os outros capangas do Martíni estavam na linha de fogo, mais preocupados com o FBI invadindo sua base do que com uma prisioneira fugindo.

Gradualmente minha visão voltou ao normal.

A todo momento eu lembrava de continuar a correr, por mais que minhas pernas estivessem ardendo e meu estômago revirando, me perguntando se sairíamos dali com vida.

Freei com as mãos apoiadas nos joelhos, respirando fundo. Sebastian olhou para trás, tão cansado quanto eu.

— Não tem como sair daqui agora, Ethan ainda não deu o sinal. — Informou. — Vamos para uma dessas salas.

Ele pega minha mão, mas eu continuo no mesmo lugar o puxando para trás.

— E se houver alguém dentro?

Seus olhos vão ligeiramente para a arma em sua mão.

Engulo a seco.

Sebastian tentou abrir algumas portas, mas sem sucesso, até que virou a maçaneta de uma porta vermelha e conseguimos entrar. Dentro era tomado por uma cor vermelho-sangue e apenas alguns luzes iluminavam o ambiente, mas seria suficiente para descansamos.

Encostei minhas costas na parede, recuperando o fôlego.

— Minhas pernas estão me matando. — Reclamo, mas Sebastian não respondeu. — Pode me explicar o que está acontecendo?

Ele não responde novamente, olho para suas costas, sua cabeça estava totalmente voltada para um canto da sala. Foco meus olhos e avisto Martíni sentado em uma poltrona atrás de uma mesa, segurando um charuto em seus dedos, olhando diretamente para Sebastian.

Dei dois passos para trás, soltando o antebraço do Sebastian.

Pensei em fugir, mas ele não viria comigo, estava com os pés fincados no chão e os punhos cerrados. Perguntei-me quais sentimentos ele estava sentindo agora, pois nunca o vi dessa forma.

— Quanto tempo, meu velho amigo. — Martíni quebra o silêncio. — Devo admitir que esses anos lhe fizeram bem, não parece mais aquela criança medrosa.

Ouço Sebastian suspirar, quase rosnando.

— Você é o responsável por isso? — Sebastian não respondeu. — Claro que não, afinal durante todos esses anos não o fez. Você é fraco. Precisou do FBI para fazer isto.

— Mas estou aqui, não estou? — Sua voz estava diferente, como nunca ouvi antes.

Martíni solta um sorriso nasal, em seguida traga seu charuto soltando fumaça pelo nariz.

— Pensei que estivesse aqui pela sua mulher, não por algo que aconteceu há muito tempo. — Ele se acomoda na poltrona. — Não seria idiota o suficiente para mover rios por uma mulherzinha sem sal como esta.

— Você sabe todos os motivos para eu estar aqui.

— Sim, sei e acho uma perda de tempo. Ainda guarda mágoas de mim pelo que fiz com sua mãe? — Sebastian suspira mais uma vez. — Qual era mesmo o nome dela?

Sebastian saca sua arma apontando na direção do Martíni.

Seu corpo inteiro tremia de puro ódio, eu podia sentir o calor emanando dele. Ele caminha em passos lentos até Martíni que continuava com uma expressão sarcástica.

— Sai daí. — Martíni não o obedece, deixando o Sebastian ainda mais irritado. — Sai daí! Você é surdo?

Martíni faz menção de pegar algo dentro de sua gaveta, mas Sebastian mira em sua mão o assustando. Ele levanta da poltrona caminhando em passos lentos até Sebastian.

— Ajoelha. — Ele faz o que Sebastian pediu e logo em seguida leva uma coronhada que o fez cair no chão. — Sabe, você deveria mesmo aprender a se defender sozinho e não depender da porra dos seus capangas.

Martíni rir, ainda jogado no chão, Sebastian o chuta duas vezes seguidas.

Aperto meus olhos com força.

Viro o rosto.

Já havia sangue saindo de sua boca, quando o velho levantou-se mais uma vez, apoiando-se nos joelhos.

— Você é uma piada, um frouxo, um nada. O que estava fazendo enquanto sua mãe era estuprada? Sendo um covarde, como sempre foi. Você sabia bem onde eu estava, nunca me escondi, diferente de você.

Sebastian o chuta mais uma vez e ele cai no chão novamente, rindo feito um lunático.

— Cala a porra da boca! — Sebastian grita, completamente fora de si. — Por sua causa perdi anos da minha vida, fui assombrado por aquela cena por noites.

Martíni para de rir, formando uma expressão rígida.

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