Perverso romance Capítulo 52

Alguns anos depois...

Os poucos meses que Ethan mencionou se tornaram anos. No aniversário do nosso quarto ano aqui em Ligonier tive certeza de que nunca estaríamos seguras. Passei todos esses anos sem saber notícias do Sebastian, sem ao menos poder trocar cartas, pois seria altamente perigoso para nossa proteção.

Após 5 anos, nossa vida estava tão estável ao ponto de termos amizades na vizinhança, Marília adorava cultivar plantas, ela nunca pensou que teria um cantinho só seu. Enquanto eu, consegui arrumar um emprego de meio período em uma cafeteria, o salário não era lá essas coisas, mas evitava que de ficar em casa apenas pensando no passado.

Ethan nos visitava pelo menos 3 vezes ao ano, ele quem trazia notícias sobre o Sebastian. Soube no ano seguinte que chegamos aqui que ele foi condenado a 6 anos de regime fechado sem possibilidade de condicional.

Chorei uma noite inteira.

Hoje, 4 anos depois, ainda penso nele todas as noites antes de dormir, faltava apenas 1 ano para sua saída e eu já pensava em como seria nosso reencontro.

Alguns meses depois que cheguei aqui, descobri que Gisele morava em uma cidade há alguns quilômetros daqui, nos visitamos algumas vezes escondidas da polícia federal. Agora ela se chamava Olivia, tinha os cabelos ruivos e trabalhava em uma lojinha de conveniência, claro, continuava a mulher mais linda que já vi, mas agora com uma felicidade visível estampada em seu rosto. Reencontrá-la me trouxe uma certa paz em meio a esse caos que vivemos, ela era a pessoa que mais entendia o que passei e o sentimento de querer reenventar a vida.

— Eu aposto que ele estava de olho em você. — Disse ela a respeito do homem gentil que atendi mais cedo.

— Olivia, por favor.

Ela rir.

— O que foi? Você é pior que virgem.

Reviro os olhos.

— Você sabe que não tenho cabeça para isso.

— Está esperando pelo seu príncipe encantado. Desculpe.

Remexo o canudo na bebida. Hoje ela veio me visitar no café durante o fim do meu expediente, nos tornamos ainda mais amigas por tudo que passamos juntas, ela era a única pessoa além da Marília que sabia de toda a verdade, e isso nos uniu ainda mais.

Gisele — Olívia — suspira e seus ombros caem.

— Falta pouco.

— Eu sei, mas fico me perguntando e se não for mais como antes?

— Duvido que ainda não se amem depois de tudo o que passaram juntos. — Apoio meu queixo no braço. — Enfim, apenas tenha paciência.

— Já faz cinco anos, eu mudei, não sou mais a mesma garota de antes.

— Ele também não é o mesmo, já deve ter o que uns trinta e cinco anos?

— Trinta e dois — corrijo.

— Que seja, mas você está ainda mais bonita e vivida. — Ela dá um tapa no meu ombro — ainda falta um ano, não seja precipitada. Aposto que ele deve pensar o mesmo e isso pode desencadear uma grande e desnecessária preocupação.

— Você deve ter razão.

— E quanto ao Ethan? Seu primeiro amor e primeira transa foi com ele, se não me engano.

Sorrio, maneando a cabeça.

— Isso já faz muito tempo. — Alego. — Apesar dele ter tentado me beijar da última vez que nos vimos. Eu não consigo pensar no Ethan como antes.

Ela arregala os olhos ao ver Jade correndo com um copo de vidro nas mãos.

— Jade, meus Deus! — Ela corre até a pequena e toma o objeto de suas mãos. — Meninas são mais tranquilas, eles disseram.

Sorrio ao ver a cena.

Gisele estava casada há quase quatro anos e tinha uma filha chamada Jade de dois aninhos, ela disse que deu esse nome em homenagem a mim, pois pensava que eu estava morta. Eu adorava a menina, ela tinha grandes olhos e gostava mais de mim do que da própria mãe.

Jade vem até mim e entrega o copo.

— Obrigada, querida.

— Deveria adotá-la, já que ela obedece mais a você do que a mim! — Resmungou Gisele.

Gisele foi embora depois que Jade dormia em seu colo, cansada. Fiquei no café limpando as mesas e lavando o resto das louças que faltavam.

Assim que finalizei tranquei tudo, saí colocando meu casado, estava frio.

Soltei um suspiro que nem sabia estar guardando e apoiei minha testa na porta.

Parecia que os anos haviam pesado nas minhas costas, eu já tinha 26 anos, em todos esses anos aqui nunca cantei, pois, isso me dava gatilho. Na verdade, mal lembrava de como era minha voz. Ele a adorava.

Ele adorava tudo em mim.

Assenti um cigarro para me aquecer e fui até meu carro, entrei e dei partida para casa.

Quando cheguei em casa as luzes estavam apagadas, Marília já estava dormindo. Coloquei minhas coisas no chão e me joguei no sofá.

Passei as mãos com força no rosto.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Perverso