Por Você romance Capítulo 153

Mick

— Domingo, às cinco horas da manhã aqui no campo. Já pode ir, rapaz!

— Flint...

— Pra você é treinador Flint e essa conversa já se encerrou! — Ele rosna com firmeza. Me levanto bruscamente, derrubando a cadeira e saio da sala batendo a porra da porta com mais força que o necessário. Filho da puta! Eu preciso descobrir por que ele está me marcando desse jeito. Flint está fazendo de tudo para eu desistir do meu lugar no time e eu não sei o porquê, mas eu vou descobrir.

***

Caminho direto para a lanchonete e durante o lanche a galera conversa animada, mas a minha mente está focada naquela bendita conversa com o treinador. Pelo que entendi ele sempre me compara com o meu pai e me pergunto se eles se conhecem e se sim, o que rolou entre eles no passado?

— Você está calado. — Desperto com o comentário da minha namorada. — Como foi a conversa com o treinador? — Dou de ombros e mordo o meu sanduíche.

— Ele quer que eu vá treinar aos domingos.

— O que? Que história é essa? — Jonathan resmunga exasperado.

— Ele disse que o campeonato está perto e que preciso melhorar. — O meu amigo ri sarcástico.

— O filho da puta está querendo te fazer desistir, Mick. — diz o óbvio e eu suspiro.

— É, eu também acho, mas o que eu posso fazer? Terei que ir para a porcaria do treino! —

— Bom, eu estou fora! — Jonathan rebate e eu já imaginava essa reação.

— Relaxa, você não precisa ir.

— Como assim?

— Segundo o treinador Flint de merda, esse treino é só para mim.

— Isso não existe, Mick. Não existe treino para um jogador só. Por que aceitou isso?

— Cara, ele está me forçando a voltar atrás, mas eu não vou fazer isso. Eu vou para esse treino e vejo no que vai dar.

— Por que você não o denuncia? Isso é abuso de poder, sabia? — Ele insiste. Não digo nada, até porque ainda tem o fato de eu ter me metido com a filha dele. E eu sei que essa merda ainda vai feder muito.

— Quer saber, não quero mais falar disso, vamos para sala de aula — ralho levantando-me da cadeira.

— As meninas podem ir, eu quero falar com você. — Ele diz se levantando em seguida. Eu beijo a Cristal e o Jonathan beija a Jasmine. Do lado de fora encaro o meu amigo e aguardo que ele fale. Jonathan leva as mãos aos bolsos e parece pensar nas palavras.

— Eu estou fora, Mick.

As palavras de Rute envenenam a minha alma e ao chegar no pátio me dou conta de que não vim com a minha moto hoje.

— Porra! — rosno irritado chutando o pneu do carro.

— Mick? — Rute me chama e eu a fito perto do seu carro, com uma porta aberta me aguardando. — Vem, eu te dou uma carona. — O convite sugestivo é uma boa saída. Penso e engulo em seco. Tenho vontade de aceitá-lo e deixar que ela amenize essa dor como me prometeu que faria. No entanto, meneio a cabeça fazendo um não lento e saio correndo para longe dali. Não vou me aproveitar dela nessa situação. Não farei isso outra vez. Em algum momento eu paro um táxi e vou direto para minha casa. Meu celular chama incansavelmente, porém, não o atendo. Eu sei que é ela e não quero falar com ela agora. Como medo ela pôde? Por que fez isso comigo? Sequer consigo chorar porque nesse momento eu só sinto ódio dentro de mim. Ódio de mim mesmo por acreditar em um amor tão repentino. É claro que ela não iria me amar do dia para a noite. Em casa me tranco no meu quarto e fico remoendo as mentiras de Cristal Alcântara até a hora de ir para o treino.

***

O treino como sempre foi puxado, mas que foi bom porque a minha cabeça ficou o tempo todo ocupada. Vez ou outra me peguei olhando para a arquibancada e decepcionado pensei: ela não veio. É claro que não. Tudo não passou de encenação. Hanson sempre foi o que ela mais quis na vida. Após uma chuveirada fria, pus uma roupa, peguei a minha mochila e caminhei para os portões largos.

— Mick, precisamos conversar. — Jonathan diz me alcançando. Meu saco! Penso sem paciência.

— Sobre o que?

— Sobre a Cristal. Sobre o que você viu essa manhã. — Paro de andar e encaro o meu amigo, segurando uma explosão de raiva.

— Eu não quero saber da sua irmã, Jonathan, pra mim ela morreu! Se quiser falar sobre outra coisa estou aqui para ouvir. Se não, eu tenho o que fazer — rebato áspero e saio pisando duro.

— Porra, Mick, não custa me escutar! — Ele resmunga alto vindo atrás de mm, mas o ignoro, montando na moto e saio praticamente voando dali.