Por Você romance Capítulo 74

Em algum lugar do Brasil...

Camilly

Estou dentro desse muquifo há dias. Um quarto pequeno e apertado e em uma cama igualmente pequena e apertada. O lugar tem um cheiro forte de mofo e as paredes estão sujas e caindo aos pedaços. Onde eu fui parar? Não sei onde eu estava com a cabeça quando deixei um homem como Luís Renato Alcântara por um Carlos qualquer! Puxo a respiração e abro a porta do banheiro. Droga, isso é um chiqueiro!

— Onde eu fui amarrar o meu bode? — rosno baixinho. — Se arrependimento matasse, eu já estaria a sete palmos do chão! — digo, sentindo a minha cabeça latejar. Paro em frente a pequena pia, que tem um espelho pequeno e retangular na parede e encaro o olho roxo e o pequeno corte no canto da minha boca. Bufo de modo audível. — Aquela vadia vai me pagar! Isso vai sair muito caro pra ela! — rosno entre dentes, ainda encarando o meu reflexo no espelho manchado na parede. Volto para o quarto no mesmo instante em que a porta se abre com um rangido e Carlos entra no cômodo e me olha como se me analisasse. O infeliz me abre um sorriso debochado e aponta para o meu rosto.

— Não acredito que você deixou aquele filhote de pigmeu fazer esse estrago em você! — finjo rir do seu comentário e reviro os olhos, sentindo um incômodo no meu olho.

— Ah! Cala essa boca, Carlos! — peço, irritada. — Trouxe o que eu te pedi? — indago. Ele ergue a sacola plástica e a j**a em cima da cama. Tiro os analgésicos de dentro e engulo dois deles, sem água. — Quero que você me ajude a tirá-la do meu caminho —falo voltando a encará-lo. Ele me lança olhar especulativo.

— E por que eu faria isso? Você não disse que ela era só um casinho do Luís? — ralha se jogando em cima da cama de solteiro, que range reclamando do impacto.

— Isso foi antes daquela piranha me mostrar o anel de noivado —rebato, saindo da cama e ponho a sacola com os remédios em cima de uma pequena mesa de madeira envelhecida e me encosto nela, o olhando. Carlos parece surpreso. Não é para menos, eu também não esperava por isso.

— Eles estão noivos? —pergunta abismado. Dou de ombros.

— É o que parece! — Pego a minha bolsa e tiro de lá alguns produtos, em seguida volto para o espelho do banheiro, para fazer uma maquiagem. Preciso esconder esses hematomas. Carlos se aproxima e me olha através do reflexo.

— Então quer dizer que o bebê chorão esqueceu mesmo de você? — A ironia em suas palavras é palpável.

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