Por Você romance Capítulo 87

Dois meses depois...

Ana Júlia

De volta à faculdade, que delícia! Ainda tenho um pouco de dificuldades para andar, ando com a ajuda de uma bengala. Emerson, meu novo segurança, dirige o carro enquanto eu repasso o assunto da prova que farei na primeira aula. Quando chego na faculdade, vou direto para a minha sala, e sou recebida por meus amigos com uma salva de palmas e um “seja bem-vinda!” em alto e bom tom. Sorrio, emocionada. É muito bom se sentir querida. O clima de sala de aula, o companheirismo dos colegas... amo muito tudo isso! E como eu senti muita falta de tudo isso! Depois das congratulações e dos abraços, vamos para as aulas... É fácil ter concentração quando você gosta do assunto, do curso em si. Durante o primeiro horário, tivemos uma aula muito proveitosa e bem produtiva. O segundo horário foi dedicado à apresentação das maquetes. Uma sala ampla com mesas enormes para os alunos, professores e membros da secretaria. Devo ressaltar que há maquetes dignas de uma premiação de ouro. Há uma variedade singular: prédios de arquitetura chinesa, algumas estilo greco-romana e outros com estruturas modernas... Eu fiz a cópia do primeiro prédio que trouxe a mim o amor da minha vida... Sim... Para a minha surpresa, a minha maquete ganha a nota máxima. É uma maquete bem simples, do chalé onde fiquei com Luís em Portugal. Pesquisei na internet uma foto dela, e foi só usar a minha imaginação.

— Belo projeto, Ana! — meu professor fala quando estou na porta de saída. — Sorrio, meio sem graça.

— Obrigada, Professor! Foi um projeto simples, mas... — Dou de ombros.

— Isso é o que me chamou a atenção, Ana! Você captou a alma do negócio. Não é o material que conta, é a visão do arquiteto — diz com profissionalismo. Volto a sorrir.

— Você nasceu pra isso, menina! — acrescenta com empolgação. Eu puxo a respiração, satisfeita. A aprovação do meu professor é mais um incentivo para eu seguir em frente.

— Obrigada, professor! — No caminho de volta para casa, recebo uma mensagem que me faz estremecer por dentro.

Um gato tem sete vidas...

Quantas vidas será que você tem?

Estou pagando pra ver! Beijinhos!

Sinto o meu corpo gelar na mesma hora. A minha respiração se altera consideravelmente, e o coração acelera. Emerson me olha pelo retrovisor, ele parece perceber a minha aflição.

— Tudo bem. Estou te esperando. — Emerson para o carro na entrada do prédio. Ele abre a porta para mim, e seguimos a passos largos para dentro do elevador. Ele, sério e calado, com o seu “jeito segurança” de ser. Eu, também séria e calada, com a diferença de que estou trêmula. Quando entro no apartamento, corro para o Luís, que está me esperando na porta do elevador, com uma expressão preocupada. Eu apresso os passos, saindo do elevador, e o abraço apertado, soluçando.

— Ei, meu amor, o que aconteceu? — Ele pergunta em um sussurro. A mão grande e firme está acariciando as minhas costas. Sinto o calor dos seus lábios beijando os meus cabelos. Saio do seu abraço e pego a minha bolsa, tirando o celular de dentro dela. Mostro-lhe a mensagem. Luís fica pálido imediatamente. Com o celular dele, tira uma foto da tela do meu, e em seguida, envia para alguém. Deduzo que para Gisele. Depois, olha para mim e volta a me abraçar.

— Droga, Ana! Eu sinto muito, meu amor! Prometo que não vou deixar nada acontecer com vocês. Nada vai acontecer, meu amor. Eu vou protegê-los com a minha vida! — diz baixinho, mas sinto a firmeza em sua voz. Eu assinto, me aconchegando em seus braços, e aos poucos o pranto vai cessando. Entramos em casa, e quando alcançamos a sala, Luís se senta no sofá, me puxando para que eu me sente em seu colo. Apoio minha cabeça em seu peito e fico ali, encolhida em seus braços, onde me sinto mais segura.

***

Dias depois...

Olho a minha imagem no espelho de corpo inteiro. Estou usando apenas um conjunto delicado de lingerie. Sorrio ao ver que a minha barriga começa a ganhar uma elevação palpável. Estou com quase três meses e meio de gravidez, e a cada dia que passa, estou mais faminta e maior. Os meus seios, o meu corpo, a minha pele... tudo em mim está mudando significativamente. Luís será um grande pai. Sorrio ao lembrar que ele ama fazer carinho em minha barriga e conversa com os “pontinhos” dele, que insiste em dizer que é um cor-de-rosa e outro azul. Escuto a porta do banheiro se abrir, e o meu noivo sai de lá usando apenas uma mini toalha branca que envolve a sua cintura. Mordo levemente o lábio inferior, apreciando o corpo firme e sexy. Ele sorri de modo maroto, e eu suspiro de modo audível. Luís vai até o closet, e quando volta, está usando uma boxer branca que desenha a sua masculinidade com detalhes de riqueza. Ele se deita em nossa cama, e eu vou ao seu encontro, me deitando ao seu lado. Como sempre, me puxa para mais perto do seu corpo. O cheiro delicioso do sabonete misturado ao do pós-barba me faz fechar os olhos e apreciar o momento. Os dias têm se passado rápido, e eu estou mais tranquila. Não tenho recebido mais as mensagens, tampouco me sinto observada ou com aquela sensação de perseguição... Respiro fundo e acaricio o abdômen firme do meu noivo. Luís se afasta um pouco e me beija, escorregando pela cama, e como em todas as noites, beija o meu ventre e se põe a conversar. Estou curtindo um papai coruja alisando minha barriga e conversando.