Minhas mãos tremem levemente enquanto me levanto da cadeira. O tablet está tão apertado entre meus dedos que começo a sentir dor. Bato na porta, tentando não parecer tão assustada ao entrar.
— Sente-se — ele aponta para a cadeira à frente de sua mesa.
Obedeço, me sentindo pequeno sob seu olhar. Por um momento, ele permanece em silêncio, o que só aumenta meu nervosismo.
— Srta. Bennett — finalmente ele começa a falar. — Nos papéis que preencheu para a sua admissão, você disse que fala francês fluentemente.
— Sim, senhor. — Obviamente, não é uma pergunta, mas respondo. — Aprendi por… motivos pessoais.
Sinto meu rosto esquentar quando ele levanta a sobrancelha, desconfiado. Mas o motivo real é vergonhoso demais para ser dito em voz alta. Como explicar que aprendi francês por conta de uma paixão adolescente, apenas porque ele comentou que amava o idioma?
— Então vamos testar suas habilidades — ele diz, sério. — Temos um cliente importante, Jean-Pierre Dubois, CEO da Dubois Technologies. Ele é... peculiar.
O modo como Ethan arrasta a última palavra me faz suspeitar que “peculiar” não é nem próximo do que Jean-Pierre realmente é. “Claro que é um teste”, penso, enquanto ele continua:
— Quero que você entre em contato com ele, agende uma reunião para a próxima semana e traduza o relatório preliminar que enviarei ao seu e-mail. — Ele faz uma pausa, olhando para o relógio em seu pulso. — Você tem uma hora.
— Uma hora? — Meus olhos se arregalam involuntariamente.
— Algum problema, Srta. Bennett? — ele pergunta, irônico. — Pensei que falasse francês fluentemente.
— Não, senhor. Nenhum problema. — Mordo o lábio, resistindo à vontade de revirar os olhos enquanto me levanto.
— Ótimo — Ethan responde, voltando sua atenção para o notebook. — O número do Sr. Dubois está no sistema. E, Srta. Bennett? — ele chama quando me viro para sair. — Ele detesta sotaque americano. Sugiro que seu francês seja… impecável, ou teremos problemas.
A maneira como ele fala me faz perceber que a única pessoa que realmente terá problemas aqui sou eu. Assinto e saio da sala, sentindo como se tivesse acabado de aceitar uma missão impossível. Quando volto, Gabriel me observa de sua mesa, arqueando as sobrancelhas em uma pergunta silenciosa.
— Uma hora para contactar um francês rabugento e traduzir um relatório inteiro — sussurro quando me aproximo dele. — Estou perdida!
— Uau — ele murmura. — O Sr. Hayes realmente está testando sua competência.
— É, e tudo porque mencionei que falo francês — suspiro, passando a mão no rosto. — Preciso me lembrar: da próxima vez, dizer que só falo “oi” e “tchau” em outras línguas.
Ele segura uma risada e balança a cabeça, enquanto eu me afasto para começar a correr contra o tempo. Sento-me, abro meu e-mail e encontro o relatório prometido.
Vinte páginas. Estou ferrada.
“Mon Dieu”, penso, discando o número do Sr. Dubois. “As coisas que fazemos por uma paixão adolescente que acabou antes que eu começasse a falar francês”
Após quinze minutos extremamente estressantes ao telefone com o Sr. Dubois, onde tive que aguentar seu sotaque carregado e diversas reclamações sobre americanos, finalmente consigo agendar a reunião. Desligo o telefone e solto o ar que nem percebi estar segurando.
Com uma parte resolvida, olho para o computador e abro o relatório. Quarenta e cinco minutos para traduzir vinte páginas de termos técnicos. Impossível.
Mas sei que “impossível” não é uma palavra que existe no vocabulário de Ethan Hayes.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Proibida Para o CEO