Observo a cidade através da janela do carro enquanto Ethan dirige pelas ruas de Chicago. Há algo diferente no ar. Talvez porque eu esteja diferente.
Sempre que fecho os olhos, as palavras dele surgem na minha mente como um letreiro de neon.
“Amo você, Mia.”
Meu coração dispara toda vez que lembro.
— Achei que a gente ia para a Nexus — comento ao perceber que estamos indo para o apartamento.
— Preciso pegar alguns papéis lá em casa, nada demorado.
— Mas se eu subir com você, podemos demorar um pouco — provoco, mordendo o lábio.
Ethan balança a cabeça, me dando um olhar que incendeia meu corpo instantaneamente. Mas, quando ele estaciona na garagem do prédio, percebo que há algo mais. Lauren está encostada em seu carro, esperando por nós.
Antes que possamos sair, ela vem em nossa direção, quase saltitando.
— Finalmente! — exclama assim que abrimos as portas. — Achei que nunca mais voltariam. Como foi Seattle?
— Produtiva — Ethan responde, indiferente, mas esboça um pequeno sorriso.
— Você é um chato — Lauren diz, revirando os olhos. — Mia, trouxe aquelas cores que você pediu para ver.
— Não precisava ter pressa, Lauren. Só vamos…
— Tive um tempo livre e decidi trazer logo — ela me interrompe, segurando meu pulso. — Vem! Você vai amar as cores.
Encaro Ethan, que apenas dá de ombros, como se dissesse “você a conhece.” Sem outra opção, sigo os passos dela até o elevador.
Lauren sorri para mim de um jeito animado demais, e essa atitude me faz franzir as sobrancelhas. Há algo errado aqui.
— Fechem os olhos! — ela ordena quando chegamos à porta do meu apartamento.
— Lauren… — Ethan começa, mas é interrompido por um olhar severo da irmã.
— Você também, Ethan. Não seja um estraga-prazeres!
Sorrio da dinâmica entre eles antes de fechar os olhos. Lauren segura minhas mãos ao abrir a porta. Imediatamente, o perfume de flores frescas invade meu nariz.
— Agora… podem abrir! — Lauren exclama, soltando minhas mãos.
Abro os olhos e minha respiração falha.
O apartamento está… perfeito. Cada item que marquei enquanto via as referências que ela me mandou no fim de semana está aqui. As paredes em tons corais, os móveis modernos, as cortinas que vão do chão ao teto…
— E então? — Lauren pergunta, ansiosa. — O que achou?
— Está perfeito, mas… você se confundiu. Tudo isso marquei como…
— Um sonho distante? — ela me interrompe, rindo.
— Como você viu?
— Mia, querida, tudo o que você escreveu ficou disponível para mim — responde, lançando um olhar cúmplice para o irmão. — Sonhos podem se tornar realidade quando se tem uma fada dos desejos.
— Falta só uma coisa — Lauren diz, pegando algo em sua bolsa. Então, me entrega uma chave com um pequeno laço dourado. — Bem-vinda ao seu lar, Mia.
Pego a chave, enxugando as lágrimas. Sem pensar, me aproximo de Ethan e envolvo os braços em seu pescoço. Ele segura minha cintura, sorrindo ainda mais.
— Vou esperar o casal na sala — Lauren avisa, passando por nós.
Assim que ela sai, Ethan me puxa para um beijo. Um beijo lento, cheio de significado. Quando nos afastamos, ele encosta a testa na minha.
— Você merece muito mais que isso — murmura. — Queria poder te dar o mundo inteiro.
— Você já me deu — respondo, acariciando seu rosto. — Desde o momento em que entrei no carro errado. Eu te amo.
— Também te amo — diz, roçando os lábios nos meus. — Agora precisamos ir.
Ao voltarmos para a sala, encontramos Lauren sentada no sofá novo, folheando uma revista.
— Ah, não te mostrei o closet… — ela começa, então para e estreita os olhos para nós. — Mas, pelo jeito de vocês dois, acho que vão preferir ver isso mais tarde.
— Lauren! — Ethan a repreende, mas não consigo conter o riso.
— O quê? — ela dá de ombros, levantando-se. — Só estou dizendo que Seattle deve ter sido muito mais do que apenas “produtiva”.
Enquanto Lauren continua provocando o irmão, olho ao redor, sentindo a felicidade me atingir.
Pelo meu novo lar, por Lauren ter transformado isso em realidade e, especialmente, por saber que o homem que amo também me ama.
Mas, no fundo, aquela parte de mim, ainda marcada por traumas e inseguranças, se pergunta: será que essa felicidade pode durar?

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