“Miranda Pierce”
O café está frio há muito tempo, mas continuo mexendo a colher distraidamente. A cafeteria está quase vazia a essa hora, exatamente como planejei. Quanto menos testemunhas, melhor.
Observo as pessoas passando pela janela, mas meu pensamento está longe daqui. Na verdade, eu nem estaria aqui se Ethan tivesse me ouvido e enxergado como essa história acabaria mal.
Mas ele se mostrou mais difícil do que imaginei. Na verdade, ele sempre foi assim. E é uma das coisas que me atraiu nele desde o início.
Infelizmente, quando James finalmente ver essas fotos, terei que lembrar ao meu amor que tentei avisá-lo.
O sininho da porta toca, e Jack finalmente entra. Seu terno barato e postura desleixada diferem completamente do ambiente.
— Sabe — começo assim que ele se senta —, sempre me pergunto como alguém pode ser tão elogiado sendo tão… incompetente.
— Você sabe muito bem que eu teria conseguido essas fotos antes, se não fosse por aquela ninfeta — ele resmunga, jogando o envelope na mesa.
— Não me interessa suas desculpas, fotógrafo da vida marinha. — Reviro os olhos, me lembrando de sua desculpa patética sobre as fotos de Carmel. — Já perdi dinheiro demais bancando suas “viagens de trabalho”. Quero saber se, dessa vez, tem algo útil aí.
Jack sorri, um sorriso amarelo que denuncia seu vício em algum cigarro barato. O mesmo sorriso que me faz querer lavar as mãos depois de pagá-lo.
— Depende do que você considera útil — ele se inclina para frente. — Se quer provas de que seu ex-namorado está se divertindo com a assistente dele, então, sim, tenho exatamente o que você quer.
Respiro fundo, contendo a vontade de jogar o café frio em seu rosto horrível.
— O material. Tem algo que preste?
— Mais do que você imagina — ele empurra o envelope em minha direção. — Mas sugiro que veja em particular. Algumas coisas precisam ser vistas no computador.
— Que seja — suspiro, pegando o envelope e guardando-o na bolsa. — A propósito, a conta é sua. É o mínimo que você pode fazer depois de todos os passeios que financiei.
Levanto-me sem esperar resposta, ajeitando meu vestido. Ignoro seu resmungo enquanto caminho até a saída, ouvindo o som do meu salto ecoando pelo piso.
Enquanto entro no meu carro, a curiosidade sobre o que me espera dentro do envelope é imensa. Finalmente terei nas mãos o que preciso para destruir esse romancezinho ridículo.
Vinte minutos depois, entro em minha sala na Nexus. Minhas mãos tremem levemente enquanto abro o envelope.
A primeira foto me faz prender a respiração: Ethan e Mia em Seattle, andando de mãos dadas pela rua como se fossem um casal normal.
A segunda foto me fere, como se alguém tivesse fincado uma faca no meu peito. O modo como ele a olha… Como se nada mais no mundo importasse além dela. Como ele nunca olhou para mim.
O peso da traição me sufoca.
A raiva sobe pela minha garganta enquanto passo as fotos. Os sorrisos dele, os toques dela, os beijos entre eles… é demais.
Com um grito contido, jogo o porta-retrato da minha mesa contra a parede. O barulho do vidro quebrando não é suficiente. Preciso de mais.
Ajusto meu vestido uma última vez antes de sair da sala. Meus saltos ecoam pelo corredor enquanto caminho até o elevador, trazendo comigo as fotos guardadas na pasta.
Quando as portas se abrem no último andar, percebo que a mesa de Mia está vazia. Patética. No mínimo, está na sala de Ethan.
— Gabriel — chamo o assistente administrativo, que ergue os olhos de sua tela. — Onde está a Srta. Bennett?
— No banheiro — ele responde, ajeitando os óculos. — Quer que eu…
Nem espero Gabriel terminar de falar antes de seguir em direção ao banheiro.
Quando entro, encontro Mia em frente ao espelho, sorrindo enquanto retoca o batom. Vadia... com certeza estava aos beijos com o meu homem.
O sorriso dela desaparece quando nossos olhares se encontram pelo reflexo.
— Bom dia, Srta. Pierce — murmura, guardando o batom na bolsa.
Mia se vira para sair, mas, antes que ela possa se afastar, seguro seu pulso com força. O suficiente para que ela perceba que não pode simplesmente ignorar minha presença.
— O que você está…
— Tenho algo bem interessante aqui — balanço a pasta, sorrindo. — E acredito que você vai querer ver.

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