Após uma noite inteira sem dormir, revirando na cama enquanto a lembrança do olhar intenso de Ethan me perseguia, chegamos à garagem da Nexus.
Saímos do carro e, enquanto ajeito a bolsa no ombro, vejo o carro de Theo estacionando. Assim que ele sai, me chama, e isso é suficiente para meu pai agir como o cupido que é, me deixando para trás.
— Bom dia, Mia — Theo sorri ao me cumprimentar. — Como você está?
— Bem — respondo, tentando soar convincente, mas é óbvio que ele não acredita. — Obrigada por ontem… de novo.
— Pode contar comigo. Só não esqueça de avisar seu pai da próxima vez.
Sorrio, pronta para responder, quando o som de um carro bem conhecido me faz congelar. Ethan.
— Mia? — Theo me chama, e só então percebo que estou encarando fixamente o carro do CEO enquanto ele estaciona.
— Eu…
— Estava te chamando para irmos — ele explica.
Assinto, mas meu olhar permanece preso a Ethan, que agora sai do carro e se aproxima. Theo continua falando enquanto andamos, mas suas palavras se tornam ruído de fundo.
— Bom dia, Ethan — Theo o cumprimenta, sorrindo, quando ele para ao nosso lado, na frente dos elevadores. Ethan, no entanto, apenas acena com a cabeça, mantendo seus olhos fixos em mim.
— Pode ir no elevador privativo comigo, Srta. Bennett — ele diz, gesticulando para a porta ao lado.
Respiro fundo, procurando alguma desculpa, quando o “bip” do elevador à minha frente anuncia sua chegada. Meu olhar alterna entre Ethan e Theo enquanto decido o que fazer.
Negar pode levantar suspeitas. Aceitar… me fará fraquejar.
— Desculpe, Sr. Hayes — digo rapidamente, empurrando Theo para dentro do elevador. — Theo e eu estávamos conversando sobre algo importante. Nos vemos depois.
Dou dois passos rápidos para dentro e aperto o botão com mais força do que o necessário. Enquanto as portas se fecham, o olhar insatisfeito de Ethan continua cravado em mim.
Por que só faço besteira?
— Fugindo do chefe? — Theo pergunta, abaixando o tom para que os outros não ouçam.
— Sim… — Forço um sorriso, tentando soar despreocupada. — Quanto menos tempo perto do mau-humor do CEO, melhor.
Theo sorri, mas fica em silêncio. Pouco depois, desce no andar do jurídico, me lançando um último olhar preocupado antes que as portas se fechem.
Respiro fundo quando chego ao meu andar, me preparando para mais um dia fingindo que meu coração não está despedaçado.
— Bom dia, Gabriel — cumprimento ao chegar à minha mesa.
— Oi, mocinha — ele responde animado, mas logo franze as sobrancelhas ao notar minha expressão. — Está tudo bem?
— Sim, só estou cansada.
— Se eu fosse você, pegava seu café e começava a se preparar — avisa, apoiando as mãos na minha mesa. — O Sr. Hayes passou há pouco e não parecia nada feliz.
Ótimo. Como se eu já não soubesse o motivo do mau-humor dele.
Antes que eu possa fingir que não faço ideia do que está acontecendo, sua voz ecoa pelo interfone.
— Se vai mentir para mim, pelo menos tenha a decência de olhar nos meus olhos.
— Não estou mentindo — murmuro, ainda sem coragem de encará-lo. — Só… percebi que não te amo como imaginei.
— Engraçado você decidir isso justamente agora — ele diz, os olhos fixos em mim. — Depois de Seattle. Depois de tudo. Depois de eu dizer que te amo.
— Ethan…
— Não — ele se afasta bruscamente, os ombros tensos. — Tem algo errado aqui, Mia. Não teste minha inteligência.
— Não tem nada errado — minha voz treme, a mentira se tornando cada vez mais difícil de sustentar. — Às vezes as pessoas só… mudam de ideia.
— Mudam de ideia? — Ele estreita os olhos. — Em menos de vinte e quatro horas?
— Para acontecer, basta…
— Para de mentir, porra! — Ele passa a mão pelos cabelos, frustrado. — Você acha que não te conheço? Que não sei quando está mentindo?
Dou um passo para o lado, mas ele bloqueia minha saída.
— Há algo errado aqui, Mia. Então, escolhe: ou você me conta por vontade própria, ou descubro sozinho. Mas te garanto que a segunda opção vai mudar muita coisa entre nós.
Seu olhar me prende, intenso e impiedoso.
— Qual vai ser?

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