A notícia não me surpreende. Na verdade, eu já esperava por isso. Mas ouvir da boca de Alec, que continua me encarando como se estivesse prestes a enfrentar a Terceira Guerra Mundial, só confirma o quanto James está puto.
— Sabemos que isso não é tão simples — solto um suspiro pesado.
— Sei disso, Ethan. Por isso te digo que essa não é a pior parte. James está cogitando outra hipótese.
— Que é…?
— Vender a parte dele nas ações.
— Espero que, apesar de estar cego de raiva, ele não seja estúpido a esse ponto. Seria o mesmo que assinar a falência da Nexus… e dele mesmo.
— James não está pensando com clareza — Alec desliza a mão pelo rosto, pensativo. — Ele se sente traído, o que significa que muita merda pode vir por aí.
— Imagino — concordo, esfregando o maxilar dolorido. — Mas ainda assim, abrir mão da Nexus é loucura.
— Quando foi que algo entre vocês dois não foi? — Alec ri antes de se levantar. — Enfim, só… tente não piorar as coisas, ok? Pelo menos até a poeira baixar.
Assinto, observando-o seguir para a porta. No entanto, quando sua mão toca a maçaneta, ele se vira novamente, esboçando um sorriso irônico.
— Sabe o que é mais surpreendente nisso tudo? — pergunta, levantando a sobrancelha. — Ver que James, o mais pacífico dos homens, conseguiu fazer esse estrago no seu rostinho bonito.
— Nunca subestime um pai furioso — passo a língua instintivamente pelo corte no lábio.
— É, percebi — Alec diz, diminuindo um pouco o sorriso. — Ethan… você acha que valeu a pena?
— Se valeu? — Solto um suspiro longo e o encaro. Não preciso mentir. — Valeu cada segundo. E valeria tudo de novo.
— Porra… você está realmente apaixonado — diz, arregalando levemente os olhos. — Pena que foi pela pessoa errada.
— Foi por quem deveria ser. E pronto.
— Boa sorte, Ethan — ele solta um riso curto e abre a porta. — Você vai precisar.
Observo Alec sair e passo a mão pelos cabelos, voltando a pensar em outro assunto que me incomoda desde o coquetel. James não quer me ver nem pintado de ouro, mas há coisas que simplesmente não podem ser deixadas de lado.
Me levanto e ajeito o paletó antes de sair da sala. No caminho, paro na mesa de Mia. Ela ergue os olhos assim que me vê.
— Está tudo bem? — pergunta, olhando ao redor.
— Sim. Estou indo à sala de James.
— Amor… combinamos de não…
— Não é sobre nós — corto suas palavras sutilmente. — Fique tranquila.
— Ficar tranquila sabendo que ele está furioso com você? — ela arregala os olhos e, se pudesse, com certeza estaria gritando agora. — Ethan, isso não vai dar certo!
— Fala logo — solta, contrariado. — Mas seja breve.
— É sobre Miranda — digo, colocando a pasta sobre a mesa. — Ela manipulou o contrato da Sutton e desviou dinheiro em troca de favores.
Ele solta uma risada sem humor, balançando a cabeça em descrença. Deslizo a pasta para frente dele, ignorando a incredulidade em seu olhar.
— Se não acredita, abra e veja por si — continuo. — Sabe que, se o problema com Miranda fosse pessoal, eu não precisaria vir até aqui para falar com você.
A contragosto, James pega a pasta e começa a folhear os papéis. Lentamente, sua expressão muda, e eu observo cada detalhe.
Ele aperta os lábios, percorrendo o olhar em cada linha dos documentos enquanto sua respiração se torna mais pesada. Sua mão desliza para o maxilar, apertando-o por um instante antes de continuar virando as páginas.
Entendo sua reação. Eu também não acreditei quando vi. Miranda sempre foi uma pedra no meu sapato, mas sua postura profissional sempre foi impecável.
E se eu não precisasse contra-atacar a chantagem, talvez nunca tivesse descoberto.
— Não acredito que…
Ele começa a falar, mas batidas na porta o interrompem. Quando ela se abre, Miranda entra trazendo um envelope pardo. Ela sorri ao me ver.
— Justamente a pessoa que eu queria que estivesse aqui — diz, aproximando-se. Com calma, coloca o envelope à frente de James e sorri enquanto me encara. — James, trouxe algo bem interessante para você. E tenho certeza de que vai adorar ver o que há aí dentro.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Proibida Para o CEO