James não pega o envelope imediatamente. Apenas observa Miranda enquanto seus dedos tamborilam contra a mesa. Num movimento lento, controlado… É isso que ele está fazendo agora: se controlando.
Miranda, por outro lado, não percebe nada disso. Está ocupada demais, me encarando com aquele sorriso irritante, me analisando como se já tivesse vencido.
— E esses machucados, Ethan? — pergunta, irônica. — Conseguiu defendendo alguma donzela em perigo?
Passo a língua pelo corte no lábio antes de um sorriso preguiçoso surgir no canto da boca. Ela está tão confiante que mal percebe seu próprio fim se aproximando.
— Quer mesmo saber? — devolvo, no mesmo tom irônico.
Mas antes que eu continue, o som do papel sendo puxado me cala. Desvio o olhar para James, que acabou de abrir o envelope.
Sua mandíbula tensiona instantaneamente, e Miranda percebe, claro. Como a manipuladora nata que é, decide jogar mais lenha na fogueira.
— Sabe, James — suspira, assumindo um tom doce. Falso. — Eu realmente sinto muito por ser a portadora dessa notícia. Mas achei que você deveria saber o que está acontecendo… entre o seu amigo e sua filha. É tão injusto…
James solta um suspiro pesado, ignorando as palavras dela, enquanto mantém os olhos fixos nas imagens à sua frente. Não preciso de muito para saber que o que ele já sentia está se intensificando.
Raiva. Decepção. Traição.
— Mia é uma garota encantadora — Miranda continua, deslizando a ponta dos dedos pela mesa. — Jovem, bonita, ingênua… talvez tenha sido isso que despertou o interesse do seu melhor amigo. Jovens são mais fáceis de serem…
— O que aconteceu no meu rosto — corto suas palavras, num tom baixo e controlado — é resultado do que você veio fazer aqui, Miranda. Chegou tarde demais.
Com minhas palavras, o sorriso dela finalmente diminui. Ela desvia o olhar para James, esperando a reação dele.
E ela logo vem.
James se levanta bruscamente, batendo a palma da mão contra a mesa. Os papéis saltam no impacto.
— Isso aqui não é mais novidade. — Ele solta uma risada amarga. — E, sinceramente, você escolheu o momento errado para fazer isso, Miranda.
— Então… você já sabia? — ela pergunta, quase num sussurro. — Por isso está assim?
— Acha que é só por causa dessas fotos que estou puto?
James pega as fotos mais uma vez, analisando-as com uma expressão indecifrável antes de jogá-las sobre a mesa com força. Algumas deslizam, outras caem no chão.
— James, não desconte sua frustração em mim, por favor — pede, num tom tão falso que me enoja. — Resolvi te mostrar as…
— Porque, ao invés de se preocupar com isso, você não explica os contratos que alterou? — James a interrompe, arqueando as sobrancelhas. — Quero que explique a fraude no contrato da Sutton, Miranda.
Miranda desvia o olhar para mim, pálida. Ela realmente acreditou que eu ficaria calado por medo dessas fotos. Patética.
— Não… há o que explicar — diz, cravando as unhas na própria mão. — Isso… é mentira.
— Por que seria mentira? — pergunto, encarando-a fixamente. — Vai dizer que não há fraude? Que, se procurarmos mais um pouco, não encontraremos mais nada?
Abro a boca para responder, mas desisto. Já tenho problemas suficientes para prolongar uma discussão desnecessária.
— Não tem como se defender, né? — Ela me provoca antes de se virar para James, sorrindo com desdém. — E você, James, não está puto pelas fotos ou pelo contrato. Está puto porque sua filha estava na cama do seu melhor amigo e você nem desconfiou. Foi feito de idiota pelos dois.
Se antes James estava se segurando, agora ele não está mais.
— Saia. Da. Minha. Frente. — A ameaça sai baixa, mas afiada, enquanto ele dá um passo na direção dela, como um predador faminto.
O sorriso de Miranda se desfaz e ela recua instintivamente. Pela primeira vez, se cala.
— Se eu te vir nessa empresa daqui a dez minutos, você não vai se preocupar só com sua demissão — continua, cortante. — Vai se preocupar com um processo criminal. E com a porra de um oficial de justiça batendo na sua porta.
Miranda me encara com ódio enquanto segue para a porta, finalmente aceitando sua derrota. no entanto, seu olhar diz tudo: isso não acaba aqui.
— Você cometeu um erro! — vocifera ao tocar a maçaneta. — Vocês dois!
A porta se fecha num estrondo.
Silêncio.
James solta um suspiro longo, cansado. Mas a tensão na sala não some.
Porque agora somos apenas eu e ele.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Proibida Para o CEO