Mia e eu descemos as escadas devagar, os dedos entrelaçados, apreciando a calmaria apesar de tudo.
Quando chegamos ao último degrau, as vozes animadas se misturam ao cheiro de comida caseira que se espalha pela casa.
Por um instante, sou transportado para anos atrás, quando esses encontros eram comuns para mim.
Ao chegarmos à sala de estar, minha mãe está sentada no sofá, rindo com Magnólia, minha tia materna, e George, seu marido. Seu olhar se ilumina assim que nos vê.
— Ah, finalmente! — Minha mãe exclama, abrindo os braços. — Estávamos começando a achar que vocês tinham decidido ir dormir.
George se aproxima e me dá um aperto de mão firme antes de me puxar para um abraço.
— Bom te ver, garoto.
Magnólia se levanta rapidamente e solta um suspiro dramático antes de se aproximar de nós.
— Meu Deus, Ethan! Cinco anos sem aparecer e você acha que um jantar basta? — Ela segura meu rosto entre as mãos antes de me puxar para um abraço forte. — Você me deixou esperando por tempo demais.
— Também senti sua falta — murmuro contra seu ombro, retribuindo o abraço.
Quando minha tia finalmente me solta, seu olhar recai sobre Mia e seu sorriso se alarga.
— E essa deve ser a famosa Mia! — Magnólia se aproxima dela, os olhos brilhando de curiosidade. — Catherine não parou de falar sobre vocês dois.
— É um prazer conhecer a senhora — Mia responde, sorrindo sem jeito. — Espero que tenha falado coisas boas.
— As melhores! — minha mãe interrompe, já ao nosso lado. — E, por favor, nada de formalidades. Essa casa é sua também, Mia. Agora, se me dão licença, preciso pedir que comecem a servir o jantar.
— Precisa de ajuda, Sra. Hayes? — Mia pergunta quando minha mãe ameaça se afastar.
— Não precisa, querida. E por favor, pare com essa formalidade e me chame apenas de Catherine.
Mia assente, ainda com as bochechas coradas, e minha mãe segue para a cozinha. Apesar de toda a equipe de funcionários da casa, ela sempre fez questão de cozinhar pessoalmente quando recebia a família.
Para ela, momentos íntimos exigem amor, e a melhor maneira de demonstrar amor é através da comida.
— Vem, meu amor — digo, levando Mia até o sofá.
Magnólia e George voltam a se sentar e logo começamos a conversar casualmente. Não demora para surgirem perguntas sobre minha vida em Chicago, como se estivessem esperando há anos para ter essa conversa. E talvez estivessem.
Pouco tempo depois, o som da campainha interrompe o momento, seguido por vozes animadas e passos ecoando pelo hall de entrada.
William, meu tio paterno, entra primeiro. Atrás dele, Evelyn, sua esposa, e então… Lily, minha prima de consideração, filha de Evelyn.
— Ethan Hayes! — ela exclama, mantendo o olhar fixo em mim. — Quem diria que precisaríamos de um evento raro para você voltar.
— Achei que ainda estava morando em Londres, Lily.
— Estava, mas já faz um ano que voltei — comenta ao se aproximar. — Você saberia disso se não tivesse me abandonado.
Sem me dar a chance de responder, Lily me puxa para um abraço demorado.
— Ah, entendi — Lily murmura, pousando o cotovelo sobre a mesa e apoiando o queixo na mão. — Então, você trabalha com o Ethan?
— Sim.
— E foi assim que se conheceram?
— Não — Mia responde, limpando a boca com o guardanapo. — Não nos conhecemos na Nexus. Nos conhecemos antes. Trabalhar lá foi… coincidência.
— Como vocês…
— Nossa, isso virou um interrogatório? — Lauren intervém ao notar as intenções de Lily. — Não podemos simplesmente comer, contar piadas, implicar com Ethan…
— Só estou tentando entender melhor essa história toda — Lily solta uma risada, balançando a cabeça. — Não vejo meu primo há anos e, quando finalmente o vejo, ele está apaixonado e trazendo alguém para um evento que deveria ser íntimo. Dá para entender minha curiosidade, né?
Minha mãe, que até então observava tudo em silêncio, limpa a garganta antes de sorrir.
— O evento continua sendo íntimo, Lily. Mia não é nenhuma estranha, é a namorada do meu filho — diz, num tom definitivo. — E o que importa é que estamos todos juntos esta noite.
— Exatamente — Lauren acrescenta, lançando um olhar rápido para Lily antes de mudar de assunto.
Mia sorri educadamente, mas percebo seu incômodo quando ela solta um suspiro baixo.
E então me dou conta.
Talvez meu pai não seja o único capaz de tornar este fim de semana desconfortável.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Proibida Para o CEO