“Mia Bennett”
As conversas e risadas ainda ecoam pela mesa, quando Catherine se levanta com um sorriso caloroso.
— Alguém aceita um café na sala de estar? Tenho uma torta de maçã para acompanhar.
Sinto o olhar de Ethan sobre mim imediatamente. Seus olhos verdes me questionam silenciosamente: queremos continuar ou encerrar a noite por aqui?
Retribuo seu olhar, implorando sem palavras. Estou exausta. Dois dias intensos em Nova York seguidos por essa viagem a San Francisco consumiram minhas energias.
E, honestamente, não estou disposta a enfrentar mais uma rodada de perguntas invasivas ou comentários sutilmente hostis — especialmente de Lily, que não parou de me analisar durante todo o jantar.
Ethan estreita levemente os olhos, entendendo meu pedido silencioso.
— Vamos passar essa, mãe — ele diz num tom firme, que não deixa espaço para contestações. — Acho que já socializamos o suficiente por hoje.
Catherine franze o cenho, levemente desapontada, mas assente.
— Bem, então descansem. Amanhã teremos o dia todo.
— Já vão dormir? — Lily comenta, claramente insatisfeita. — Achei que íamos colocar os assuntos em dia, Ethan. Afinal, cinco anos não se resolvem em uma hora de jantar.
— Não acho que ainda tenhamos muito o que conversar — Ethan responde, seco, estendendo a mão para mim ao notar meu incômodo. — Mas, se você acha que temos, podemos deixar isso para amanhã.
Me levanto rapidamente, tentando esconder meu próprio sorriso. É impressionante como, em tão pouco tempo, ele aprendeu a ler minhas expressões, a entender meus limites antes mesmo que eu precise dizer.
Nos despedimos de todos rapidamente. Quando chegamos até Lily, ela me abraça com força excessiva.
— Foi um prazer te conhecer, Mia — diz, sorrindo de um jeito que não chega aos olhos.
— Igualmente, Lily — respondo automaticamente.
Ethan segura minha mão e, enquanto subimos as escadas, percebo que a tensão que havia nele desde que chegamos finalmente começou a se dissipar.
Quando chegamos ao quarto dele, tiro meus sapatos e solto um gemido de alívio. Agora, sem a pressa de nos prepararmos para o jantar, finalmente reparo no ambiente.
— Então era aqui que você se escondia para estudar e se rebelar contra seu pai? — brinco, pegando um dos livros na estante intitulado Direitos Constitucionais.
Ethan solta uma risada baixa enquanto tira a camisa polo, exibindo aquele físico que me faz morder o lábio involuntariamente. Depois, eu é que sou a perdição aqui.
— “Rebeldia” é uma palavra forte. Chamaria de… divergência de expectativas — responde, me observando folhear o livro.
Ele solta um suspiro e se aproxima, deslizando os dedos pelos diversos livros jurídicos.
— Cada um desses livros era uma declaração de guerra — murmura, se perdendo em seus pensamentos. — Meu pai entrava aqui e era como se estivesse vendo uma coleção de armas proibidas.
— Se arrepende de ter ido contra o que ele queria? — pergunto, colocando o livro de volta na estante.
— Nem um pouco. Apesar de tudo, conquistei o que eu queria — responde, finalmente suavizando sua expressão. — E então, o que achou deles?
— Sua mãe é adorável — sorrio, sentando na cama. — Seus tios parecem boas pessoas.
— E Lily? — pergunta, arqueando uma sobrancelha.
— De todos, claramente ela não estava feliz com a minha presença. Acho que estava com… ciúmes de você.
— Lily era apaixonada por mim na adolescência — confessa, sentando-se ao meu lado.
— Que pena — ele comenta, sem nenhum traço de decepção na voz. — Espero que possamos nos encontrar daqui a cinco anos, talvez.
Eles se despedem com um abraço rápido e desconfortável. Quando Lily se aproxima para se despedir de mim, seu abraço é igualmente breve.
— Cuide bem dele — murmura em meu ouvido antes de se afastar.
Assim que ela sai, seguida por William e Evelyn, que decidiram levá-la, estreito os olhos para Ethan.
— Trabalhos de última hora, é? — sussurro enquanto nos sentamos à mesa.
— Coincidência impressionante, não acha? — ele responde com um sorriso travesso.
— O que você fez?
— Bem… — Ele se inclina, falando baixinho apenas para mim. — Digamos que descobri que a empresa onde ela trabalha precisava de alguém para resolver alguns assuntos urgentes… em Vancouver.
— Ethan!
— Eu disse que resolveria — seu sorriso se alarga. — Prometi que acabaria com qualquer mínimo incômodo que você sentisse, e cumpro minhas promessas, perdição.
Abro a boca para repreendê-lo, mas o som de um carro estacionando interrompe nosso momento.
O corpo de Ethan tensiona instantaneamente ao meu lado. Sua postura muda completamente, voltando àquela máscara de indiferença que conheço tão bem.
Seus ombros se endireitam, o maxilar se tensa, e seus olhos ganham uma dureza calculada.
— Ele chegou — murmura, quase para si.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Proibida Para o CEO