“Ethan Hayes”
As palavras do meu pai ressoam em meus ouvidos enquanto solto a mão de Mia. Cinco anos de silêncio, e ele continua o mesmo. Respiro fundo, sentindo o sangue pulsar em minhas têmporas.
Cansei de tentar ignorar. Desta vez, ele vai me ouvir.
Quando entro na sala, encontro meus pais e Lauren sentados no sofá, alheios ao fato de que as palavras do meu pai acabaram de reacender um incêndio dentro de mim.
— Interessante ouvir isso. — Minha voz sai mais alta do que eu pretendia, mas não faço esforço para suavizá-la. — Pelo menos assim, sua decepção comigo não é completa.
Três pares de olhos se voltam para mim, surpresos com minha entrada abrupta. Minha mãe é a primeira a se recuperar, levantando rapidamente.
— Ethan, querido… — ela começa, mas eu a interrompo.
— Não, mãe. Quero ouvir dele. — Meu olhar não deixa o rosto de meu pai, que permanece impassível como sempre. — Quinze anos provando meu valor e cinco tentando esquecer que meu próprio pai não consegue ver além dos próprios projetos.
— Ethan, não sei até onde você ouviu, mas certamente interpretou errado. — Lauren se adianta, lançando um olhar rápido para nosso pai. — Estávamos falando sobre a Nexus, sobre como você a fez crescer nos últimos anos.
Sinto Mia se aproximar por trás de mim antes de sua mão tocar meu braço, um toque leve, mas carregado de um pedido silencioso: mantenha o controle.
— É verdade isso? — pergunto, encarando meu pai.
Espero pela crítica velada, pelo comentário que vai desvalorizar tudo que construí, pela decepção que sempre vi em seus olhos quando o assunto era minha carreira.
Mas ele apenas se levanta lentamente, alisando o suéter de lã que minha mãe provavelmente o convenceu a usar.
— Esta conversa não pode esperar mais cinco anos para acontecer — ele diz, num tom controlado. Não há raiva ali, apenas a firmeza que conheço bem demais. — Vamos para o escritório, Ethan.
Não é um pedido. É Abraham Hayes fazendo o que sempre fez: comandando o espaço, definindo os termos.
Sinto Mia apertar minha mão levemente, um silencioso “você consegue” antes de me soltar.
Minha mãe e Lauren trocam olhares preocupados, provavelmente lembrando da última vez que eu e meu pai ficamos sozinhos.
Naquele dia, prometi a mim mesmo que nunca mais precisaria da aprovação dele.
Agora, enquanto o sigo em direção ao escritório, me pergunto se, no fundo, essa promessa foi apenas uma mentira que contei a mim mesmo por cinco longos anos.
Entro no cômodo que sempre me intimidou quando criança. As estantes altas repletas de livros de arquitetura, maquetes minuciosamente construídas… seu refúgio.
Meu pai fecha a porta atrás de nós e aponta a poltrona de couro à frente de sua mesa.
— Sente-se, Ethan.
— Prefiro ficar assim. Vamos direto ao ponto.
Ele suspira, contorna a mesa e, para minha surpresa, não senta em sua cadeira. Em vez disso, se apoia na beirada da mesa, ficando mais próximo de mim do que eu esperava.
É impossível não esboçar um pequeno sorriso com as palavras da minha mãe. Ela sempre foi a voz da razão entre nós.
Cruzo os braços, observando meu pai como se o estivesse vendo pela primeira vez.
É estranho ouvir algo assim dele. Mais estranho ainda é sentir uma parte de mim querendo acreditar que há sinceridade em suas palavras.
— Então foram necessários cinco anos para você perceber isso? — pergunto, após alguns segundos processando tudo.
Ele solta um suspiro longo, passando a mão pelo rosto antes de me encarar novamente.
— Demorou mais do que deveria. — admite. — Mas acho que, no fim, ambos éramos teimosos demais para enxergar além do próprio orgulho.
— Isso definitivamente herdei do senhor. — respondo, irônico.
— Não estou pedindo que você me perdoe, Ethan. — Ele caminha até sua mesa e abre uma gaveta. — Estou pedindo uma chance de reconstruir. Arquitetos são bons nisso, sabe? Reconstruir sobre fundações antigas.
Ele retira um envelope da gaveta e o estende para mim. Hesito antes de pegá-lo.
— O que é isso? — pergunto, olhando para o envelope.
— Abra e descubra.

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