Hesito antes de pegar o envelope das mãos dele. É surpreendentemente pesado para algo tão fino. Ou talvez seja somente o peso invisível do que representa.
Deslizo o dedo sob a aba e abro cuidadosamente. Dentro, encontro documentos com o timbre da Hayes & Associados no cabeçalho.
Franzo o cenho enquanto começo a ler. Não são papéis de transferência ou contratos, como imaginei a princípio.
É uma proposta detalhada para uma parceria estratégica entre a Hayes & Associados e a Nexus.
Levanto os olhos, encontrando o olhar atento do meu pai.
— Não entendi o que o senhor quer com isso — digo finalmente, virando mais uma página.
— É bem simples, na verdade. — Abraham se apoia na borda da mesa. — A empresa está crescendo, assumindo projetos internacionais, expandindo para novos mercados. Lauren trouxe uma nova dimensão com seu trabalho em design de interiores, mas…
— Mas…?
— Sempre fomos fracos na gestão empresarial e nas questões jurídicas. — Há um traço de ironia em sua voz. — Sou um ótimo arquiteto, Ethan. Excelente, até, se me permite a falta de modéstia. Mas nunca fui um homem de negócios.
Analiso as páginas com mais atenção. A proposta sugere uma aliança corporativa na qual a Nexus atuaria como consultora jurídica e administrativa exclusiva da Hayes & Associados, com a possibilidade de formar uma holding conjunta no futuro.
— Você acompanhou minha carreira? — pergunto, ainda incrédulo.
— Cada passo. — Ele caminha até a estante e puxa uma pasta surrada. — Seus casos mais importantes, as expansões da Nexus, até aquele artigo da Harvard Business Review sobre seu modelo de gestão inovador.
Ele abre a pasta e me mostra recortes de jornais, impressões de artigos online. Uma coleção meticulosa dos meus sucessos profissionais ao longo dos anos.
Um recorte de revista, em especial, chama minha atenção. Foi um dos motivos que me trouxeram aqui há cinco anos.
Um dos primeiros reconhecimentos públicos do meu trabalho. Uma validação de que minhas escolhas estavam certas.
Mas, na época, a única opinião que realmente importava para mim era a dele. E tudo o que ele fez foi desmerecer minhas conquistas mais uma vez.
— Você disse que era insignificante. Que ninguém se lembraria disso em poucos meses — murmuro, apontando para o recorte.
— Eu estava errado. E demorei muito tempo para admitir isso. — As palavras saem com dificuldade, como se estivesse desaprendendo décadas de teimosia. — Demorei tempo demais para perceber que você estava seguindo seu próprio caminho. E fazendo isso extraordinariamente bem.
Quando ele fecha a pasta, volto a olhar para a proposta, analisando os termos com a visão do advogado que fui e a experiência do CEO que me tornei. É uma oferta justa, até generosa.
Mas, mais do que isso, é um reconhecimento. A aprovação que lá no fundo, eu sempre quis.
— Por que agora? — pergunto, ainda cauteloso.
— Porque estou envelhecendo, Ethan. E, porque cansei de orgulho. — Ele passa a mão pelos cabelos grisalhos. — Dez anos atrás, você pegou sua parte e construiu algo impressionante. Imagino o que poderíamos construir juntos agora. Não como pai e filho, mas como parceiros de negócios.
Há uma sinceridade em suas palavras que não estou acostumado a ouvir. Fecho o envelope com os papéis e o encaro.
— Vou precisar de tempo para analisar isso adequadamente. Até porque a Nexus não pertence só a mim — digo, tentando manter o tom profissional, apesar da tempestade de emoções.
Não respondo imediatamente. Há muita história entre nós para promessas apressadas. Mas sinto o peso do envelope em minhas mãos.
Não é só um contrato. É um primeiro tijolo para algo que talvez possamos reconstruir.
— Um passo de cada vez — respondo, finalmente.
Meu pai assente devagar, como se aceitasse os termos de um acordo silencioso. Então, para minha surpresa, ele se aproxima e coloca uma mão firme no meu ombro.
— Sabe, para alguém que sempre presumiu que eu não prestava atenção, você construiu algo impossível de ignorar — diz, num tom baixo. — Mesmo para um velho arquiteto teimoso que demorou tempo demais para perceber que existem diferentes formas de deixar uma marca no mundo.
Engulo em seco, desviando o olhar para a proposta em minhas mãos. Poderia fingir indiferença, agir como se não significasse nada.
Mas significa.
Significa muito.
Antes que eu possa responder, a porta do escritório se abre abruptamente.
Lauren surge, olhos arregalados, respiração ofegante. Ela nos encara por um momento.
— Ethan, é a Mia. Ela… — Ela pausa, olhando de mim para o meu pai novamente antes de continuar falando. — Melhor você ir até lá.

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