“Lauren Hayes”
O escritório de James é exatamente como imaginei: impecável, intimidador e incrivelmente chato. Sério, nem uma planta? Até Ethan tem aquela suculenta que sobrevive por pura teimosia.
— E esse tom para as cortinas? — pergunto à Vitória, que observa atentamente meu catálogo de tecidos.
— Azul-petróleo é perfeito para quebrar tanta seriedade. — Ela sorri, separando outros tons complementares.
A garota de cabelos cacheados e pele bronzeada se juntou a mim assim que cheguei, talvez tentando escapar do tédio que essa casa transmite.
Quase formada em moda, ela tem sido uma companhia inesperadamente útil enquanto tento reorganizar o mausoléu que James Bennett chama de lar.
— Concordo, sem dúvidas. — Sorrio, surpresa por estar perto de alguém que entende tanto de cores quanto eu. — Achei que seria a única a perceber que ele precisa de algo menos… monótono.
— Desde que comecei meu estágio, venho tentando convencer minha mãe a sugerir uma reforma. — Ela ri, passando os dedos por uma amostra de veludo. — Mas ele só decidiu modernizar depois que viu o apartamento da Mia.
Espalho algumas amostras pelo sofá de couro, que, obviamente, precisa ser trocado. Parece saído de um filme dos anos 90.
Então, noto uma foto na estante.
Ethan e James, provavelmente com vinte e poucos anos, abraçados em algum campus universitário. Parece outra vida. Outro Ethan. Outro James.
— Como é conviver com o Sr. Bennett? — pergunto, fingindo casualidade enquanto pego o porta-retrato.
— Como viver com alguém que está sempre de bom humor, apesar das piadas ruins — ela responde, rindo, mas logo fica séria. — Mas, nas últimas semanas, parece que ele foi… teletransportado para outra dimensão.
— É, percebi isso nas nossas últimas conversas. Só queria que ele entendesse que as outras partes da história também estão sentindo essa mudança.
Coloco a foto de volta exatamente onde estava e continuo observando o ambiente, tentando entender James Bennett além da figura do advogado.
Como modernizar tudo isso sem apagar a essência desse homem?
O som de passos se aproximando interrompe minha concentração.
— Achei que ele chegasse mais tarde — comento, franzindo as sobrancelhas.
— Geralmente volta às sete, mas… parece que hoje decidiu chegar mais cedo.
— Carmen? — A voz dele ecoa pelo corredor antes de entrar no escritório. — Por que há um Porsche estacionado na…
James para abruptamente ao me ver. Sua expressão muda de questionamento para surpresa.
Percorro o olhar por ele, notando a gravata frouxa, os primeiros botões da camisa desfeitos, as mangas arregaçadas até os antebraços.
Ele parece… diferente.
Não apenas pelo cansaço evidente em seus ombros tensos ou pelo vinco entre as sobrancelhas — que, aliás, parece permanente —, mas porque, pela primeira vez, James Bennett não tem aquela aura de intocável.
E o queixo bem desenhado e a barba por fazer definitivamente não ajudam a torná-lo menos interessa… não. Me recuso. Meu cérebro deve ter enlouquecido por um segundo.
— Lauren. — Ele franze a testa. — Nosso compromisso não era para amanhã?
— Houve uma mudança na minha agenda. Enviei um e-mail ontem à noite — respondo, limpando a garganta.
— Não recebi nada.
— Estranho. — Pego o celular, fingindo verificar. — Ah, veja só. Está no rascunho. Erro meu.
Vitória abafa uma risada, transformando-a rapidamente em tosse quando James olha em sua direção.
Pego uma amostra de tecido azul profundo, ganhando tempo enquanto escolho minhas palavras.
— Sabe, James… Ethan pode ser muitas coisas, mas nunca o vi olhar para ninguém como olha para Mia — comento, sinceramente. — Você pode estar chateado com a situação, com a maneira como descobriu, mas sabe tão bem quanto eu que ele está apaixonado. Só está focando nos piores cenários.
James desvia o olhar, pegando aleatoriamente uma amostra de tecido cinza.
— Este seria bom para as cortinas.
A mudança de assunto é tão abrupta que quase solto uma risada.
— Cinza? Sério? — Balanço a cabeça. — Este escritório já parece um dia chuvoso em Londres. Precisa de cor.
— É elegante e profissional.
— É seguro e previsível. — Estendo o tecido azul-petróleo. — Como a baía que você contempla todos os dias, mas nunca realmente vê.
— É apenas azul — ele responde, e algo na simplicidade da frase me faz sorrir.
— Homens…
Ele segura o tecido azul entre os dedos, examinando-o como se fosse um contrato complexo.
— Poderíamos experimentar… em um cômodo — ele concede, relutante, devolvendo a amostra.
— Uau. Tanta ousadia pode ser perigosa, sabia?
Ele me lança um olhar irritado, mas há algo mais ali. Um desafio, talvez. Ou a surpresa de encontrar alguém que não se intimida com seu jeito mandão… e ainda se diverte com isso.
Isso será interessante.

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