“James Bennett”
A mulher à minha frente sorri de um jeito que me irrita profundamente. O mesmo sorriso de Ethan quando acha que ganhou algum argumento. Deve ser genético.
— Começaremos pelo escritório? — Lauren pergunta, ainda sorrindo. — Ou talvez pelo quarto principal?
— O escritório — respondo rapidamente.
A ideia da irmã do meu ex-melhor amigo no meu quarto me deixa estranhamente desconfortável. Lauren é linda, não posso negar, e é justamente por isso que nunca me permiti olhar para ela de outra forma.
Ela assente, anotando algo no tablet enquanto os cabelos caem levemente sobre o rosto. É irritante como parece perfeitamente à vontade, invadindo meu espaço, reorganizando meu conforto com azuis.
— Você sempre foi assim? — A pergunta escapa antes que eu possa contê-la.
— Assim como? — Lauren franze as sobrancelhas, me encarando com curiosidade.
— Desafiadora. Teimosa. — Faço uma pausa. — Incapaz de aceitar um simples não como resposta.
— Pergunte a Ethan. Costumava deixá-lo louco quando éramos crianças. — Ela ri, desviando o olhar para a foto na estante. — Você já o conhece há muito tempo. Deve saber como ele é quando contrariado.
Sigo seu olhar até a foto. Harvard, primeiro ano. Antes da Nexus, antes das complicações. Somente dois jovens com o mundo pela frente.
— Quase quinze anos — respondo, sentindo um nó na garganta.
— É muito tempo para jogar fora, não acha? — comenta, soltando um suspiro baixo.
— Acredito que não tenha vindo para discutir minha amizade com seu irmão, certo?
— Não, claro que não — responde, voltando a organizar as amostras. — Mas seria ingenuidade achar que podemos trabalhar juntos sem abordar o elefante na sala.
— O elefante que você trouxe para a conversa.
— Alguém precisava. — Lauren fecha sua pasta, se preparando para sair. — Vocês, homens, e sua incapacidade crônica de falar sobre sentimentos…
— Não há sentimentos para discutir. Há apenas princípios e consequências.
— Certo. — Ela revira os olhos. — E é por “princípios” que você está sabotando a felicidade da sua filha e do seu melhor amigo.
— Estou protegendo minha filha — respondo, sem me importar com o tom ríspido. — Ethan pode ter todas as qualidades do mundo, mas constância não é uma delas.
— Você realmente acha que conhece Ethan melhor do que eu?
— Conheço a versão que as irmãs geralmente não conhecem. — As palavras saem mais amargas do que eu pretendia.
Lauren me encara por um longo momento, seus olhos verdes penetrantes demais para o meu conforto.
— Sabe o que eu acho? — Ela inclina a cabeça levemente. — Acho que você está com medo. Não de que Ethan machuque Mia, mas de que ele não machuque.
— Isso não faz sentido algum.
— Faz todo sentido. — Ela levanta o queixo, me desafiando. — Porque se ele realmente a amar, se isso for real, então você terá que encarar o fato de que perdeu essa batalha antes mesmo de começar.
Silêncio.
Não por falta de argumentos, mas porque qualquer coisa que eu disser agora só vai dar mais munição a ela.
— Quer ficar e jantar comigo? — Mantenho o tom casual, como se convidar a irmã de Ethan para jantar fosse perfeitamente normal. — Carmen sempre faz comida demais… Seria um desperdício.
Seus dedos permanecem entre os meus por uma fração de segundo antes que ela retire a mão. Lauren parece verdadeiramente surpresa.
— Bem, seria terrível desperdiçar comida no mundo atual. — Um sorriso lento surge em seus lábios. — Quase tão terrível quanto cortinas cinzas.
— Não mencionei que as cortinas da sala de jantar são cinzas, mencionei? — Indico o caminho com um gesto.
— Agora preciso ver esse desastre estético. — Ela coloca suas coisas sobre a mesa e me segue.
Quando entramos na sala de jantar, Carmen não consegue esconder a surpresa. Em dez anos, nunca trouxe uma convidada inesperada para jantar.
Lauren observa o ambiente com olhos analíticos, e já posso imaginar as críticas que se formam em sua mente sobre minha escolha de decoração.
— Então… — digo, puxando uma cadeira para ela. — Pode me explicar por que odeia tanto o cinza?
Seus olhos encontram os meus, com aquele brilho de desafio que, estranhamente, começo a apreciar.
— Odeio? Não. Só acho deprimente. Mas se quiser uma explicação detalhada… está preparado para ouvir a verdade?
— Sempre.
Enquanto Lauren fala sobre cinza como se fosse um crime de guerra, percebo algo curioso: por alguns minutos, os problemas da última semana simplesmente deixam de existir.
E tudo que sobra é a atrevida de cabelos castanhos, olhos verdes e um sorriso irritante.

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