“Mia Bennett”
O silêncio que se segue às minhas palavras é cortante. Sinto o olhar de Ethan sobre mim, enquanto Amy parece um animal encurralado.
— Não sei do que está falando. — Sua voz já não carrega a doçura forçada de antes. — Mencionei o Sr. Bennett porque…
— Porque foi ele quem te colocou aqui para seduzir meu namorado — interrompo, revirando os olhos. — Ou prefere continuar fingindo que isso foi um “acidente”?
Amy ajusta a blusa nervosamente, seu rosto oscilando entre pálido e vermelho.
— Eu realmente não sei o que você quer que eu diga — insiste. — Foi um acidente!
Ethan se aproxima devagar, encostando-se na mesa ao meu lado.
— Srta. Frazier, estou disposto a esquecer esse incidente se você disser a verdade agora. — Sua voz sai calma, mas com aquela autoridade que faz todo mundo na empresa tremer.
Amy engole em seco, hesitante.
— O Sr. Bennett vai me demitir se eu falar — sussurra.
— E eu vou te demitir se não falar — Ethan rebate sem alterar o tom. — Acredite, do jeito que meu humor está, você não conseguirá outro emprego em nenhuma empresa de Chicago.
Por um instante, os olhos dela vacilam, como se buscassem uma saída. Mas não há para onde correr.
Ela percebe isso. Seu teatro de vítima desmorona, e um suspiro cansado escapa.
— Tudo bem… — murmura, olhando para baixo. — O Sr. Bennett me contratou para testar a fidelidade do Sr. Hayes.
— Que surpresa. — O sarcasmo escapa antes que eu possa evitar. — Imagino que não tenha sido apenas para distribuir sorrisos e derrubar café em si, certo? O que mais ele queria que você fizesse?
— Eu tinha que seduzir seu namorado — confessa, desviando o olhar para a janela. — Tentei várias vezes esta semana. Me inclinava sobre a mesa, deixava coisas caírem para me abaixar… Mas ele nem olhou. Nem uma vez.
Viro o rosto para Ethan, sem conseguir segurar um sorriso bobo. Não que eu duvidasse dele, mas ouvir isso da boca da própria isca que meu pai usou me traz um alívio… confortável.
— O que ele prometeu, Srta. Frazier? — Ethan pergunta, tão “surpreso” com a história quanto eu. — Deve ter sido algo considerável, já que seu currículo dispensa um extra como esse.
Amy hesita, olhando para as próprias mãos.
— Eu não queria, mas precisava do dinheiro. Minha mãe está doente e…
— Poupe-nos dos detalhes tristes. — Ethan a interrompe, impaciente. — Quanto ele está te pagando?
— Cinco mil dólares — admite, finalmente encarando-o. — E uma promoção… se eu conseguisse provar que você era infiel.
Ethan solta uma risada seca, então me olha. Não precisamos dizer nada para saber que estamos pensando a mesma coisa.
— Temos uma proposta para você. — Digo, me aproximando dele.
Vinte minutos depois, nosso plano está traçado. Explicamos tudo para Amy, e, apesar da tensão visível, o valor que Ethan ofereceu — dez mil, o dobro do que meu pai prometeu — é persuasivo o suficiente para garantir uma aliada. Pelo menos por enquanto.
— Então estamos entendidos? — Ethan pergunta quando finalizamos os últimos detalhes.
— Sim, Sr. Hayes. Entendi perfeitamente.
Mas a realidade nos chama de volta rápido demais.
— Preciso voltar antes que Pearson note minha ausência — murmuro contra seus lábios, mesmo sem a menor vontade de me afastar.
— Te espero para irmos embora juntos — responde, beijando minha testa antes de me soltar.
Saio da sala sentindo que, pela primeira vez na semana, conseguimos respirar.
Pouco depois, já no meu andar, solto um suspiro aliviado ao ver Theo. Pelo jeito que ele me olha, fica claro: Pearson ainda não voltou.
O restante do dia passa sem maiores emoções. Quando finalmente chega a hora de sair, envio uma mensagem para Ethan antes de pegar minhas coisas.
Não espero sua resposta. Provavelmente, ele já está me esperando na garagem. Aliviada por finalmente irmos embora juntos, sigo pelo corredor.
Mas então…
Antes que eu possa apertar o botão do elevador, uma voz me faz parar.
— Vai a algum lugar?
Meu coração congela.
Viro devagar e encontro um olhar que me prende no lugar.
É claro que o jogo de James ainda não acabou.

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