“Ethan Hayes”
Observo Mia em meu colo, a testa franzida enquanto processa minhas palavras. Seus olhos desviam-se dos meus por uma fração de segundo, tempo suficiente para eu perceber que toquei em um assunto delicado.
No entanto, por mais sensível que seja, precisamos falar sobre isso. É o nosso futuro. Algo que, querendo ou não, pode interferir no nosso relacionamento.
— Harvard agora é… complicado.
Ela suspira, deslizando os dedos pelo meu braço em movimentos distraídos.
— O que exatamente é complicado, meu amor? — Acaricio seus cabelos, pensativo. — Você sempre disse que Harvard era um sonho de anos.
— Sim, mas as coisas mudam.
— Você mudou?
— Acho que sim. — Mia levanta o olhar para mim, e vejo o conflito em seus olhos. — Ou talvez… as prioridades tenham mudado.
— Mia, você está cogitando abrir mão de Harvard, é isso?
— Ainda não estou abrindo mão de nada, Ethan. Só estou dizendo que pode haver outras opções. Existem ótimas universidades aqui em Chicago.
— Mas não são Harvard.
— Meu Deus! Por que Harvard é tão importante assim? — rebate, deslizando para o meu lado, irritada. — Por que todo mundo parece tão obcecado com isso?
— Porque é a melhor — respondo, como se fosse óbvio. — E você merece o melhor.
— Vamos voltar à época em que você decidia o que era melhor para mim?
Vejo o exato momento em que ela revira os olhos e percebo que está ficando realmente irritada.
Merda.
Respiro fundo, procurando uma abordagem diferente. A última coisa que quero é transformar isso em uma discussão, então falo o que qualquer homem sensato falaria.
— Você está certa — afirmo, inclinando-me em sua direção. — Prometi não interferir nas suas decisões. Me desculpe.
A irritação em seu rosto diminui, mas o biquinho insatisfeito continua lá.
— É que… — Passo a mão pelos cabelos, buscando as palavras certas. — Quero que você tenha tudo, meu amor. Todas as oportunidades possíveis.
— E se uma dessas oportunidades for você? — pergunta, agora visivelmente mais calma. — Por que é tão difícil aceitar que talvez eu queira construir algo aqui, com você, em vez de ir para Boston?
As palavras atingem meu peito como um soco.
Ninguém nunca me incluiu em seus sonhos antes.
Sempre fui o cara que as pessoas usavam para subir na vida, para se divertir por um tempo ou para fechar um bom negócio.
Nunca o cara pelo qual alguém sacrificaria Harvard.
Engulo em seco, lutando contra a onda de emoções que isso desperta.
— Já disse, não quero te levar para a parte em que você acorda e se arrepende — admito. — Não quero que daqui a alguns anos você me olhe e pense que fui o motivo pelo qual desistiu do seu sonho.
Mia se senta novamente no meu colo, envolvendo os braços no meu pescoço.
— Na mira de James Bennett — diz, rindo.
— Exatamente — concordo, beijando seu pescoço. — Além disso, Boston não é tão longe assim. Tenho um jatinho, lembra?
— Para um homem cujos compromissos são agendados com meses de antecedência, qualquer distância é longe.
Ela tem razão, e nós dois sabemos disso. Minha agenda é um pesadelo. Alguns dias mal consigo tempo para almoçar, quanto mais voar até Boston sempre que quisermos.
Mas eu faria. Se fosse por ela, eu faria.
— Podemos fazer funcionar, perdição — digo, com sinceridade. — Se for o que você realmente quiser, eu faço funcionar.
— O que eu realmente quero é não precisar escolher entre você e Harvard — confessa, quase num sussurro. — É egoísta, eu sei, mas… quero os dois.
A honestidade dela sempre me desarma. Nenhuma manipulação, nenhum jogo. Somente a verdade crua, por mais difícil que seja.
Respiro fundo e desvio o olhar para a janela, traçando mentalmente as mudanças necessárias para isso acontecer. A última coisa que quero é que ela desista por medo.
O pedido dela é simples, mas carrega um peso que não posso ignorar.
A parte que está segurando essa mulher incrível nos braços quer dizer sim.
Mas a outra parte quer planejar. Resolver tudo antes que o problema chegue.
— Sim, podemos — finalmente respondo. — Mas antes, quero que me escute com atenção.

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