Sinto meu coração parar por um segundo.
— Ajudei?
— Aquela caixa que você levou — ele gesticula em direção ao quarto — tinha uma peruca, certo? Foi um plano bastante elaborado, devo dizer.
A compreensão me faz prender a respiração.
Ele sabe. Claro que sabe.
E, ainda assim… está aqui. Na minha casa. Tomando vinho comigo, como se não tivesse acabado de descobrir que participei de um plano para enganá-lo.
— James, eu… — começo, sem saber exatamente o que dizer.
— Não. — Ele levanta a mão, me interrompendo gentilmente. — Não vim discutir isso. Ou talvez esteja, mas não da maneira que você pensa.
James coloca a taça na mesa e se inclina para frente.
— Sabe, entrar naquela sala, ver Mia onde esperava ver outra pessoa… — continua, soltando um suspiro. — Foi como se algo finalmente estalasse na minha mente. Percebi que não posso controlar as coisas, e isso inclui o que venho lutando contra.
Minha respiração fica presa na garganta enquanto processo suas palavras, o significado implícito nelas.
— E o que exatamente você vem lutando contra, James?
Em resposta, ele estende a mão sobre o encosto do sofá, os dedos pairando a centímetros dos meus.
Um gesto hesitante. Um convite silencioso.
— A atração que estou sentindo — murmura, quase como uma confissão. — E o fato de você ser a irmã do meu melhor amigo não torna isso mais fácil.
Não consigo evitar uma risada.
— Seu melhor amigo, que está namorando sua filha.
— Irônico, não é? — Ele sorri, balançando a cabeça. — Passei semanas tentando manter Ethan longe de Mia por todas essas razões, enquanto tentava me convencer a não pensar em você da mesma maneira.
Meu coração dispara. Todas as trocas de olhares. Os toques acidentais. Os encontros que se estendiam mais do que o necessário…
Não foi apenas minha imaginação.
— E agora? — pergunto, finalmente encontrando coragem para fechar a distância, tocando meus dedos nos dele sobre o encosto.
— Agora, se me permitir, quero ter a chance de mostrar que nem todos os homens são como aquele engenheiro.
— Como você sabe sobre Lorenzo? — pergunto, surpresa.
— Ethan se preocupa com você. Durante aqueles meses… — Ele hesita, escolhendo as palavras. — Ele mencionava, às vezes, como estava preocupado, como aquele relacionamento estava mudando você.
Desvio o olhar enquanto as memórias desagradáveis voltam à minha mente.
Lorenzo e seus jogos mentais. O controle. As pequenas manipulações que percebi a tempo, antes que as coisas piorassem de vez.
— Isso foi há quase um ano — digo, num tom mais defensivo do que gostaria.
— E, mesmo assim, você não teve ninguém sério desde então.
— Talvez porque ainda não encontrei ninguém que valesse o risco — murmuro, sentindo meu coração acelerar quando seus dedos entrelaçam nos meus.
— E eu? Acha que valho o risco?
O ar entre nós parece carregar eletricidade.
Toda a hesitação das últimas semanas, todos os momentos em que quase deixei minhas defesas baixarem, convergem para este instante.
James aprofunda o beijo, deslizando a mão para minha nuca, me segurando como se eu pudesse desaparecer a qualquer momento.
Quando finalmente nos separamos, ofegantes, vejo em seus olhos o mesmo turbilhão de emoções que sinto.
Desejo. Alívio. E um toque incredulidade.
— Bom… — Tento encontrar palavras, mas meu cérebro parece ter esquecido como formá-las.
— Muito bom.
James acaricia a parte interna do meu pulso com o polegar, um gesto tão simples, mas que envia arrepios pelo meu braço.
O jantar está esfriando, mas nenhum de nós parece com pressa para se mover.
— Meu irmão vai ter um ataque — comento, rindo. — Imagina a cena, ele descobrindo que enquanto está namorando sua filha, você está namorando a irmã dele.
— Namorando? — pergunta, levantando uma sobrancelha, rindo também. — Estamos namorando?
Sinto minhas bochechas esquentarem.
— Eu… não quis dizer… foi só…
— Estou brincando, Lauren — ele me interrompe gentilmente. — Mas confesso que gostei dessa ideia.
Abro um sorriso aliviado, misturado a uma alegria que não sentia há muito tempo.
— Vamos com calma — sugiro, tentando manter um pouco de sensatez, apesar do redemoinho de emoções. — Temos tempo.
— Temos tempo — ele concorda, aproximando seu rosto do meu. — Mas isso não me impede de te beijar de novo, né?
— Não. — Roço nossos lábios, sorrindo. — Pode me beijar sempre que quiser.

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