“Mia Bennett”
Meu rosto ainda arde dos t***s que Miranda me deu durante a ligação.
O primeiro acertou minha bochecha já dolorida. O segundo, mais forte, veio com o bônus do anel de diamante que ela usa, abrindo um corte que agora sangra e pinga no meu vestido.
— Sua piranha insolente! — ela vocifera, guardando o celular no bolso do casaco. — Mais uma gracinha dessas e vou garantir que recebam um dedo seu pelo correio.
Engulo a resposta que ameaça escapar. Preciso ser inteligente. Provocá-la não vai me ajudar a sair daqui.
Gabriel caminha inquieto de um lado para o outro, checando repetidamente seu celular. Ele parece cada vez mais desconfortável com a situação, lançando olhares discretos em minha direção que Miranda não percebe.
— Agora é só esperar — ela continua, sem disfarçar a impaciência. — O dinheiro logo estará em nossas mãos, e então… liberdade.
— E quanto a ela? — Gabriel pergunta, apontando para mim com um movimento de cabeça.
Miranda me encara como se avaliasse um objeto, não uma pessoa.
— Ela? — repete, sorrindo de um jeito que me faz gelar. — Depois disso, teremos menos uma pessoa no mundo.
Um arrepio percorre minha espinha. Cada minuto aqui dentro apenas confirma que Miranda não tem intenção alguma de me deixar sair viva.
— Tenho que fazer algumas ligações — ela anuncia, ajustando o casaco enquanto se dirige à porta. — Gabriel, fique de olho nela. Quero o carro pronto para o próximo encontro. Sem surpresas.
Ele apenas assente, silencioso. Miranda sai, fechando a porta pesada atrás de si.
O silêncio se instala, quebrado apenas pelo som ritmado dos passos de Gabriel pelo cômodo.
Minha mente trabalha rápido. Ele não parece confortável. Talvez haja uma brecha.
— Por quê, Gabriel? — pergunto, ignorando a ardência nos lábios. — Me faça entender por que está fazendo isso.
Ele para, mas não me encara.
— Nem tudo é tão simples como parece, Mia.
— Então me faça entender — peço, minha voz mais firme do que me sinto. — Porque o Gabriel que conheço não é um criminoso. Não é alguém que drogaria uma amiga e a entregaria a uma psicopata com sede de vingança.
Minha voz falha no final, expondo a mágoa que tento esconder. A traição de Gabriel dói mais do que os t***s de Miranda.
Ele dá alguns passos na minha direção, mas mantém distância. Seus dedos tamborilam nervosamente contra a lateral da perna.
— Por que me colocar nessa situação? — continuo antes que ele possa falar. — Vai me dizer que a ajuda, nossas conversas, nossa amizade… tudo isso foi mentira?
— Não. Não foi mentira. Eu nunca… — Ele para, sacudindo a cabeça, como se se repreendesse mentalmente. — Isso não importa agora.
— Importa para mim! — exclamo, frustrada, puxando as cordas que prendem meus pulsos. — Quero entender como você se deixou chegar a esse ponto.
Gabriel finalmente me encara e vejo a tristeza em seus olhos. Ele pondera por alguns segundos antes de, enfim, começar a falar.
— Meu pai foi preso há dois meses — ele diz, num tom baixo. — Problemas com drogas. Terceira reincidência, pena mínima de cinco anos.
— Não? — rebato, sem hesitar. — Você sabe que Miranda está louca. Ela é capaz de tudo!
— Se eu ajudar você, estou morto — ele diz, a voz vacilando pela primeira vez.
— E se não ajudar, pode acabar morto do mesmo jeito — retruco, mantendo meu tom firme. — Miranda não se importa com ninguém além de si mesma. Você acha mesmo que ela vai dividir esse dinheiro e te deixar ir embora em paz?
Um barulho repentino do lado de fora interrompe nossa conversa. Passos apressados. Vozes alteradas.
Gabriel se vira bruscamente para a porta e, quase correndo, atravessa a sala até a pequena janela, tentando enxergar o que está acontecendo.
— O que foi isso? — sussurro.
— Não sei. Parece que há algum tipo de…
Antes que ele possa terminar, a porta é aberta com violência, batendo contra a parede.
Miranda aparece e noto seus olhos brilhando com uma intensidade quase maníaca.
— Mudança de planos, pequena ratinha — ela diz, enquanto vem lentamente em minha direção. — Nosso querido Ethan decidiu atrapalhar meus planos.
Seus lábios se curvam num sorriso perverso e ela inclina a cabeça.
— Posso até sair daqui presa — continua. — Mas você… você não sairá viva.

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