O médico nos encara por um momento que parece uma eternidade. Seu rosto está cansado após horas na sala de cirurgia, mas seus olhos permanecem alerta.
— Ela sobreviveu à cirurgia — ele finalmente diz, e sinto meus joelhos fraquejarem com o alívio. — O projétil perfurou o pulmão esquerdo e causou danos significativos, mas conseguimos estabilizá-la. Houve uma perda substancial de sangue, o que nos preocupou bastante durante o procedimento.
— Mas ela vai ficar bem? — James pergunta, claramente preocupado.
O médico suspira, ajustando os óculos.
— As próximas 24 horas serão críticas. Ela ficará na UTI, sedada e em ventilação mecânica para permitir que o pulmão comece a se recuperar. — Ele faz uma pausa, alternando o olhar entre mim e James. — Preciso ser honesto: a paciente ainda não está fora de perigo. Existe risco de complicações, mas ela é jovem e aparentemente saudável, e isso favorece a situação dela.
— Podemos vê-la? — pergunto, mal reconhecendo minha própria voz.
— Somente por alguns minutos. Ela está sendo transferida para a UTI agora. Uma enfermeira virá buscá-los assim que estiver pronta. — Ele coloca a mão em nossos ombros. — Vocês fizeram a diferença. A pressão aplicada no ferimento provavelmente salvou a vida dela.
Quando ele se afasta, James e eu permanecemos imóveis, processando as informações.
Ela está viva.
Ferida gravemente, ainda em perigo… mas viva.
— Ela vai sair dessa — James murmura, mais para si do que para mim. — Mia é forte.
Assinto, incapaz de responder.
A imagem de Mia caindo em meus braços, o sangue escorrendo, seu “Te amo”… tudo isso continua a se repetir em minha mente como um filme de terror.
Meu telefone vibra novamente. Uma mensagem de Lauren.
“Como ela está? Estou a caminho.”
Respondo brevemente:
“Mia saiu da cirurgia. A situação ainda é crítica, mas estável.”
Após vinte longos minutos de espera, uma enfermeira finalmente aparece.
— Podem me acompanhar, por favor — ela diz, nos guiando pelo corredor. — Antes de entrar na UTI, vocês precisarão se preparar.
Ela nos leva a uma pequena sala e, após longos minutos, agora vestindo os trajes adequados, finalmente seguimos pelos corredores silenciosos da UTI.
Antes de entrarmos no quarto, a enfermeira nos para.
— Apenas alguns minutos. Ela está sedada e intubada, então não esperem respostas — explica com um tom gentil. — Mas falar com ela pode ajudar.
Quando finalmente entramos, a cena que encontramos é devastadora.
Mia está deitada na cama hospitalar, cercada por máquinas e fios. Sua pele, normalmente vibrante, está pálida como papel.
James sufoca um soluço ao meu lado, levando a mão à boca.
Me aproximo lentamente e, quando toco sua mão, fria… tão fria, sinto meu peito se apertar.
— Estou aqui, meu amor — sussurro, inclinando-me para mais perto. — Você conseguiu. Está segura agora.
James se aproxima do outro lado da cama e, hesitante, afasta uma mecha de cabelo da testa de Mia.
— Minha filha… — ele murmura, a voz embargada. — Você foi tão corajosa.
Permanecemos assim, cada um segurando uma de suas mãos, em um silêncio absoluto, quebrado apenas pelo som rítmico do ventilador e pelo bip constante do monitor cardíaco.
Sons mecânicos que normalmente odiaríamos, mas que agora soam como a mais bela melodia.
As horas se arrastam, resumidas em café ruim e atualizações ocasionais da equipe médica.
A noite chega.
A madrugada também.
Vinte e quatro horas desde que cheguei aqui.
Não faço ideia de quando ou como, mas acabo adormecendo em uma posição desconfortável.
Só percebo que dormi quando Lauren sacode meu ombro.
— Ethan, o médico está aqui.
Me levanto imediatamente, totalmente alerta.
O médico nos encara e, dessa vez, sua expressão não carrega a mesma tensão de antes.
— Tenho boas notícias. Os sinais vitais de Mia estão se estabilizando. A pressão arterial voltou a níveis quase normais, e a função pulmonar está melhorando. Se continuar assim, podemos tentar remover o ventilador amanhã.
— Isso significa… — começo, quase com medo de expressar esperança.
— Significa que ainda há um longo caminho pela frente — Dr. Ramirez responde. — Mas, sim, ela está lutando para voltar.
James solta um suspiro pesado, como se tivesse segurado o ar por um dia inteiro.
Eu fecho os olhos por um instante, aliviado.
E agora só resta esperar que ela escolha ficar.

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