“Mia Bennett”
Dez dias. Nove noites. Duzentas e dezesseis horas presa entre paredes brancas, o som constante dos monitores e o cheiro persistente de desinfetante que parece ter se impregnado na minha pele.
Mas agora, sentada na beira da cama do hospital, com os pés tocando o chão frio e vestindo roupas de verdade pela primeira vez desde o sequestro, sei que finalmente está acabando.
— Isso não deveria levar tanto tempo — reclamo, olhando para o relógio pela terceira vez em cinco minutos. — Quanto tempo demora para assinar alguns papéis?
Ethan para de colocar meus pertences na mala e me encara com aquela expressão paciente que já conheço bem demais.
— A burocracia hospitalar é quase tão ruim quanto a tributária, meu amor.
— Alguém está ansiosa para ver o mundo exterior — Lauren brinca do outro lado do quarto, enquanto guarda os livros e revistas que me ajudaram a suportar o tédio dos últimos dias.
— Nem imagina quanto. Passei dias contando os quadrados do teto — resmungo, ajustando a blusa solta que Lauren trouxe para mim. Mesmo os tecidos mais leves ainda incomodam a cicatriz nas minhas costas.
Meu pai entra no quarto com o celular na mão e um sorriso aliviado no rosto.
— Acabei de confirmar com a agência de enfermagem — anuncia, guardando o telefone no bolso do paletó. — Duas enfermeiras vão revezar os dias para acompanhar a Mia na recuperação.
Abro a boca para protestar, mas o olhar de advertência de Ethan me faz reconsiderar. Já tivemos essa discussão várias vezes nos últimos dias, e sei que é uma batalha perdida.
— Obrigada, pai — digo, sinceramente grata. — Por isso e por respeitar minha vontade de ficar na minha casa.
— Não era exatamente o que eu queria, mas concordo que o barulho da obra não seria ideal para sua recuperação — meu pai admite, lançando um olhar para a verdadeira responsável por convencê-lo. Lauren apenas dá de ombros, fingindo inocência.
— Já conversei com a Sra. Reynolds, James — Ethan diz, referindo-se à senhora que cuida do apartamento dele. — Ela reorganizou a agenda para cuidar do apartamento da Mia pelas próximas semanas. Tudo estará em ordem.
— E quem vai cuidar do seu apartamento enquanto isso, meu bem? — pergunto, tentando soar casual. Não quero tornar óbvio, na frente do meu pai, o que já parece evidente: Ethan provavelmente ficará comigo durante minha recuperação.
Para minha surpresa, meu pai solta uma risada curta antes mesmo de Ethan responder.
— Até parece que esse idiota vai passar um minuto sequer longe de você — ele comenta, balançando a cabeça. — Provavelmente só voltará ao próprio apartamento para buscar roupas limpas. Isso se não as levar de vez para lá.
O tom casual e despreocupado do comentário nos pega de surpresa. Lauren arqueia as sobrancelhas, claramente impressionada com a mudança de atitude de James.
— Pai! — exclamo, sorrindo.
— O quê? Só estou constatando o óbvio — ele dá de ombros, mas sorri discretamente antes de desviar o olhar para Ethan. — Mas não pense que isso significa que estou dando minha bênção para um casamento. Mia ainda é muito nova para isso.
— O casamento continua em…
Antes que eu possa completar a frase, batidas na porta me interrompem. Dr. Ramirez entra, seguido por uma enfermeira que carrega uma prancheta.
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