“Ethan Hayes”
O táxi para em frente ao prédio de tijolos vermelhos que já se tornou tão familiar.
Pago a corrida, pego minha mala e verifico o relógio: 18:40. Bem mais cedo do que o horário em que normalmente chego às sextas-feiras.
Mas hoje não é sexta-feira. Na verdade, nem é um dia qualquer.
Hoje faz exatamente um ano desde a noite que mudou minha vida para sempre.
A noite em que uma jovem de olhos desafiadores entrou no meu carro por engano e virou meu mundo de cabeça para baixo. Trezentos e sessenta e cinco dias que transformaram completamente quem eu sou.
Subo os degraus, sentindo o peso confortável da pequena caixinha no meu bolso e da pasta com documentos que, espero, mudarão significativamente nossas vidas.
Digito a senha da porta e entro silenciosamente. O apartamento está iluminado pela luz da televisão e por um abajur no canto da sala. Uma música lenta toca baixinho.
Quando me aproximo da cozinha, vejo Mia.
Minha perdição está de costas para a porta, dançando distraidamente enquanto prepara algo no fogão.
Vestindo minha antiga camisa de Harvard, que mal cobre suas coxas, cabelos presos em um coque desajeitado. Completamente à vontade em sua solidão… Ela nunca pareceu mais linda.
— Essa visão é injusta — digo, finalmente.
Ela se vira bruscamente, os olhos se arregalando em surpresa, a colher que segurava caindo na bancada.
— Ethan! — exclama, congelando por um segundo antes de correr em minha direção.
Largo a mala a tempo de pegá-la quando ela salta em meus braços, as pernas envolvendo minha cintura, os lábios encontrando os meus em um beijo faminto, carregado de toda a saudade de uma semana separados.
— O que você está fazendo aqui? — ela pergunta quando finalmente nos separamos, ainda em meus braços, as mãos segurando meu rosto como se precisasse confirmar que sou real. — Pensei que só viria amanhã.
— E perder a chance de comemorar nosso aniversário no dia certo? — respondo, beijando-a novamente. — Não seria o planejador detalhista que você conhece.
— Um ano desde que invadi seu carro — ela murmura contra meus lábios.
— Um ano desde que você mudou completamente minha vida.
Ela sorri e traça meu rosto com as pontas dos dedos.
— Estava fazendo macarrão — diz, apontando para o fogão. — Não é exatamente uma comemoração de aniversário digna.
— Está perfeito para mim — sugiro, beijando a curva de seu pescoço. — Mas, vendo você nessa camisa, comida é a última coisa que quero agora.
— Espera — diz, de repente, saindo do meu colo. — Tenho algo para você.
Observo enquanto ela corre até o quarto, fazendo a camisa subir no processo. Logo, ela volta com um pacote pequeno nas mãos.
— Ia dar isso a você amanhã, mas, já que estamos celebrando hoje…
Pego o presente, desembrulhando enquanto ela me observa, sorrindo. Na caixa, encontro um relógio de pulso. Mia, empolgada, rapidamente o vira para que eu veja a gravação no verso.
“Sempre há tempo para nós. Sua perdição.”
Seus olhos brilham com lágrimas contidas, e ela balança a cabeça, como se ainda não pudesse acreditar.
— Um ano atrás, você entrou no meu carro por engano — digo baixinho. — O melhor engano da minha vida.
— O maior erro da minha vida que se tornou a melhor coisa que já me aconteceu — ela completa, me puxando para um beijo que retribuo imediatamente.
Um ano atrás, eu não acreditava em destino. Agora, com Mia em meus braços, com a certeza de mais noites como esta pela frente, não consigo imaginar outro caminho para minha vida.
— Feliz aniversário para nós, perdição — sussurro contra seus lábios.
— Feliz aniversário — ela responde, me puxando para mais perto. — Amo você.
— Também amo você.
Perdemos a noção do tempo, matando a saudade desses dias separados através dos nossos beijos. Até que o cheiro de queimado nos traz de volta à realidade.
— O macarrão! — Mia exclama, me soltando para correr até o fogão. — Meu macarrão…
Sorrio ao ver seu biquinho frustrado e me aproximo, puxando-a pela cintura.
— Que tal pedirmos o jantar? — sugiro, vendo-a sorrir. — Ou podemos sair para comer. Você escolhe.
— Prefiro ficar aqui — responde, guiando minhas mãos para a barra da camisa vermelha. — Pedimos o jantar, você me conta mais detalhes do escritório…
— Tudo isso pode esperar… — digo, levantando a camisa lentamente, sentindo sua pele arrepiar sob meus dedos. — Agora, tudo o que quero é você, minha perdição.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Proibida Para o CEO