Olho para a tela do celular mais uma vez, sentindo minhas mãos tremerem tanto que mal consigo segurá-lo.
— Você está bem? — Gabriel pergunta, franzindo as sobrancelhas.
— Sim, eu só… — respiro fundo, forçando um sorriso que nem eu acredito. — Preciso ir ao banheiro rapidinho. Já volto.
Sem esperar pela resposta dele, me levanto da cadeira tão depressa que quase a derrubo. Não posso esperar. Cada segundo que passa faz o ar ficar mais pesado, mais difícil de respirar.
Apresso meus passos pelo corredor, agradecendo por não encontrar ninguém no caminho. Empurro a porta do banheiro com força desnecessária e o som ecoa contra as paredes de azulejos cinzas.
Entro na última cabine e fecho a porta com as mãos trêmulas. Minhas pernas cedem e deixo meu corpo escorregar pela parede fria até chegar ao chão. Meu peito aperta.
Cada respiração se torna mais curta que a anterior. Tento puxar o ar, mas é inútil. É como se meus pulmões tivessem esquecido como fazer seu trabalho. Meus dedos formigam, e um zumbido irritante invade meus ouvidos.
“Não posso passar por isso de novo. Não de novo”, penso, desesperada. Mas as memórias vêm de qualquer forma.
A raiva no rosto dele.
As ameaças odiosas.
Os golpes dolorosos.
O medo. Sempre o medo.
Fecho os olhos com força, como se isso pudesse bloquear as imagens que insistem em piscar na minha mente. Elas me torturam. Me matam lentamente por dentro.
“Você matou a sua mãe, Mia!” Os gritos, aqueles que tanto ouvi, parecem ecoar nos meus ouvidos.
Meu coração b**e tão rápido que temo que ele exploda. Sinto as lágrimas escorrendo pelo rosto, mas minhas mãos estão tão trêmulas que nem consigo levantá-las para secar. Meu corpo treme tanto que meus dentes b**em uns nos outros.
— Por favor… — sussurro, tampando os ouvidos com as mãos. — Por favor, para.
Mas nada para. A sensação de estar me afogando fora d'água só aumenta. Abraço meus joelhos, tentando me fazer menor, tentando desaparecer. Como se isso pudesse me proteger.
Um soluço escapa. Então outro. E mais outro, até que não consigo mais segurá-los. Mordo meu punho para abafar o som, sentindo o gosto salgado das lágrimas que não param de cair.
Por que não consigo respirar?
O pânico se espalha pelo meu corpo como veneno, paralisante e cruel, me prendendo em meu próprio pesadelo.
E aqui, sozinha no chão frio do banheiro, deixo o medo finalmente me consumir por completo.
[…]
“Ethan Hayes”
Vinte minutos para a Mia trazer meia dúzia de papéis que deveriam levar cinco minutos para serem impressos. Tiro os óculos de leitura e pressiono os olhos, tentando controlar minha irritação.
Trabalho, a única coisa que estava me mantendo ocupado o suficiente para não pensar no fim de semana, agora é atrapalhado justamente pela responsável pelos meus pensamentos tumultuados.
— Ah, Mia… quando você vai parar de testar meus limites? — murmuro, empurrando a cadeira para trás. Se a montanha não vai até Maomé…
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