“Ethan Hayes”
Sete passos.
É a distância exata entre o banheiro e o quarto de hóspedes, e Mia conseguiu transformar essa curta caminhada em um verdadeiro teste ao meu autocontrole.
Meus olhos percorrem involuntariamente suas pernas expostas, e é impossível desviar o olhar. A camisa, minha camisa, parece quase provocativa nela, mal cobrindo o necessário. Por um momento, quase esqueço por que ela está aqui.
Quase.
Mas a imagem dela, tremendo e chorando no banheiro, surge rapidamente em minha mente. Respiro fundo e me recomponho, afastando qualquer pensamento maldoso.
Que tipo de homem eu seria se deixasse o desejo tomar conta quando ela está claramente fragilizada?
— A calça não serviu — ela murmura, puxando inutilmente a barra da camisa para baixo.
— Percebi — respondo, mantendo meus olhos firmemente em seu rosto. — Volte para o quarto, se alimente e descanse, Mia. É por isso que você está aqui.
Ela hesita, mas assente e finalmente vai para o quarto. Só depois de ouvir o clique da porta se fechando é que deixo escapar o ar que nem percebi que estava segurando.
Desisto da cozinha e volto para meu escritório. Sempre evito beber durante a semana, mas, após a cena há pouco, uma dose de whisky parece inevitável. Me sento à mesa, tentando focar no trabalho, mas é inútil.
Tudo o que consigo pensar é que meu tormento particular, com pouco mais de um metro e meio, está a apenas algumas portas de distância.
— Péssima ideia — murmuro, virando a bebida de uma vez.
Mas que escolha eu tinha? Deixá-la sozinha depois do que aconteceu? Fingir que ela estava realmente bem, quando vi o terror em seus olhos? Não, isso estava fora de questão.
Sei que preciso contar a James o que aconteceu, mas farei isso quando Mia estiver mais calma. Até lá, ela precisa saber que pode confiar em mim.
Pouco tempo depois, quando finalmente consigo me concentrar no trabalho, um barulho metálico ecoa pelo corredor. Fecho os olhos, apertando o copo vazio na mão.
— Por que, Deus? — resmungo.
Claro que é ela. Quem mais estaria andando pela casa, sempre testando meus limites, em vez de descansar? E, considerando o que ela está vestindo, isso precisa parar. Agora.
Saio do escritório rapidamente. Se Mia não consegue ficar quieta, vou trancar a porta do quarto dela, se necessário. Não por ela, mas por mim. Prometi que isso não aconteceria de novo, e não vou quebrar minha palavra.
Mas, ao entrar na cozinha, o que vejo me deixa imóvel.
Mia está de costas para mim, na pia, lavando a louça do lanche que preparei. Seus movimentos são lentos, automáticos, como se ela nem estivesse realmente presente. O cabelo úmido cai pelos ombros, e minha camisa parece ainda menor enquanto ela se inclina levemente sobre a pia.
Eu deveria dizer algo. Mandá-la de volta ao quarto. Mas, em vez disso, fico ali, observando por segundos a mais do que deveria.
— Não deveria estar descansando? — pergunto, quebrando o silêncio. Ela dá um pulo, quase derrubando o copo que lavava.
— Quando percebo os primeiros sinais, tento me distrair — ela fala, hesitante. — Arrumo a casa, coloco uma música e canto mais alto que ela, assisto a filmes… Faço qualquer coisa para não… pensar.
Ela se vira de costas, deixando claro que não quer continuar. Passo a mão pelos cabelos, sabendo que deveria ignorar e mandá-la voltar para o quarto. Mas sei que isso não resolverá nada. Suspiro, ciente de que estou prestes a me arrepender.
— Escolha um filme.
— O quê? — Ela se vira para me encarar, confusa.
— Um filme. Não quero te ouvir gritar, nem vou deixar você arrumar minha casa e depois me chamar de carrasco por isso — respondo, finalmente fazendo-a rir. — Pode usar a sala de estar.
— Você não vai assistir comigo? — pergunta, franzindo a testa.
Eu deveria dizer não. Deveria manter distância. Mas quando penso na possibilidade de ela ficar sozinha, presa aos pensamentos que claramente ainda a atormentam, não consigo.
— Contanto que você não tenha um gosto horrível para filmes, tudo bem — digo, recebendo um revirar de olhos como resposta.
— Deixo você escolher — responde, rindo.
Enquanto ela caminha em direção à sala, vejo a camisa balançar em torno de suas pernas e percebo que acabei de me envolver em algo que pode ser mais perigoso do que qualquer crise de pânico.
— Péssima ideia — resmungo, seguindo seus passos.
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