É estranho como o caos, às vezes, pode trazer uma paz momentânea para a mente.
Ontem, enquanto estava com Ethan, senti uma tranquilidade que não fazia sentido. A tensão entre nós, as sensações que ele provoca, os pensamentos que ocupa... tudo isso me distraiu o suficiente para que, por algumas horas, eu esquecesse o verdadeiro motivo que me levou até sua casa.
Mas a realidade nunca demora a nos encontrar. Quando me vi sozinha no quarto, ela veio com força, aterrorizante. Mesmo após excluir a mensagem de David, suas palavras continuavam roubando o pouco de controle que eu acreditava ter recuperado.
“Nos veremos em breve.”
Quatro palavras simples, mas poderosas o suficiente para despertar um medo que pensei ter deixado para trás. Medo de alguém que, um dia, eu considerei meu porto seguro.
Afinal, David preencheu o vazio deixado por aquele que nunca esteve presente. E mesmo não sendo meu verdadeiro pai, por muitos anos o considerei assim.
— Você está bem? — A voz de James me traz de volta à realidade. Pisco algumas vezes, percebendo que já estamos estacionando na empresa.
— Sim, só estou com sono — respondo, forçando um sorriso.
Antes que James pudesse dizer mais alguma coisa, Ivan abre a porta para nós, encerrando a conversa. Em silêncio, seguimos para o elevador e nos despedimos quando ele desce no departamento jurídico.
Agora sozinha, a tensão incomoda. O peso de tudo o que carrego parece maior aqui, entre os andares, à beira de dois mundos: o passado que me atormenta e o presente que me consome.
As portas se abrem e respiro fundo antes de sair, virando o corredor. Mal dou dois passos e quase esbarro em Ethan, que caminha tranquilamente, segurando uma xícara de café.
— Bom dia, Srta. Bennett. — Ele me cumprimenta com um tom profissional, como se ontem nunca tivesse acontecido.
— Bom dia, Sr. Hayes. — Tento manter a voz firme, mas meu estômago dá uma cambalhota assim que nossos olhares se cruzam.
— Precisamos revisar a agenda da semana. Deixe suas coisas na mesa e traga o tablet — diz ele, voltando a caminhar em direção à sua sala.
Assinto automaticamente, seguindo para a minha mesa. Após deixar a bolsa, cumprimentar Gabriel com um sorriso rápido e pegar o tablet, vou para a sala do CEO.
Enquanto fecho a porta e o observo sentado, luto para não pensar em como esse mesmo homem me pressionou contra a parede do chuveiro menos de 24 horas atrás.
“Profissional, Mia. Seja profissional.” Tento me convencer enquanto me aproximo.
Sento rapidamente, evitando olhar diretamente para ele, e coloco o tablet sobre a mesa. Por alguns minutos, discutimos compromissos e reorganizamos os horários das reuniões adiadas pela ausência de Ethan ontem.
Tento focar em cada palavra que ele diz, mas meu coração insiste em errar uma batida sempre que seu olhar se prende em mim por um segundo a mais do que o necessário.
Ethan volta para a mesa como se nada tivesse acontecido, enquanto permaneço imóvel, processando suas palavras. “Como ele consegue ficar tão tranquilo, enquanto eu mal consigo respirar?”
— Precisa de mais alguma coisa, Sr. Hayes? — Finalmente, pego o tablet e me levanto.
— Organize os arquivos da próxima reunião — diz, num tom controlado, como se a tensão de segundos atrás nunca tivesse existido. — Você tem 20 minutos.
Assinto e volto para minha mesa, tentando controlar a respiração enquanto me sento. Gabriel me observa com um sorriso que finjo não notar. Não por indelicadeza, mas por não fazer ideia de como explicar o que aconteceu ontem.
Disfarço, retribuindo o sorriso quando James passa sério pela minha mesa. Então, volto minha atenção para os arquivos que Ethan pediu.
Vinte minutos depois, com os documentos prontos, caminho até a sala dele. Ao me aproximar, ouço a voz séria de James através da porta entreaberta.
— Eu nunca permitiria que você namorasse minha filha.
Suas palavras me fazem congelar no lugar. Minhas pernas tremem ao ponto de perderem as forças, e antes que eu perceba, estou no chão, com os papéis espalhados ao meu redor.
Droga, James descobriu sobre nós!
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