“Ethan Hayes”
O nome faz meu sangue ferver instantaneamente. Desde que a vi com ele na cafeteria, venho me perguntando o que aquele desgraçado queria, mas deixei que ela tomasse a iniciativa.
Agora, ver o medo em seus olhos enquanto se prepara para me contar faz com que eu me arrependa de ter impedido essa conversa em Carmel. Ele a procurou novamente?
— O que você queria me contar? — pergunto, tentando controlar a raiva na minha voz.
Mia respira fundo, seus dedos brincando nervosamente com a barra do vestido. O mesmo vestido que, há poucos minutos, me deixou louco por realçar sua beleza, agora parece deixá-la ainda mais frágil.
— Tomei coragem para contar a James sobre a morte da minha mãe porque… David me procurou — ela diz, baixinho. — Naquele dia em que disse que estava com cólica, me encontrei com ele.
Minha mandíbula se contrai. Respiro fundo, controlando a vontade de socar a primeira coisa que vejo apenas por vê-la assim, tão vulnerável. Em vez disso, seguro sua mão, tentando acalmá-la.
— Vi vocês dois naquele dia, Mia — confesso. Seus olhos se arregalam imediatamente. Ela abre a boca para questionar, mas levanto a mão, impedindo-a de falar. — O que ele queria?
— Me humilhar, me culpar… — murmura, e minha vontade é de abraçá-la e prometer que nada de ruim vai acontecer com ela. — Mas dessa vez… não foi só isso.
— Ele te ameaçou? — Franzo o cenho, imaginando mil cenários diferentes.
— Não. Mas David disse que continuará em Chicago e… me pediu dinheiro para me deixar em paz. Disse que estraguei sua vida e mereço recompensá-lo por isso.
— Quanto?
— Dez mil dólares — responde, e percebo sua voz tremendo levemente.
Solto uma risada sem humor. O valor não é nada comparado ao que tenho, ao que James tem, mas sei que, para Mia, que se recusa a aceitar ajuda financeira do pai, deve parecer impossível.
— Sei que foi burrice aceitar — Mia continua, esfregando a mão no braço —, mas tudo o que pensei na hora foi conseguir esse dinheiro para mantê-lo longe de mim, de nós. Não queria arriscar que meu pai me odiasse, que me olhasse como David me olha… com ódio. — Seu olhar se perde por alguns segundos antes de esboçar um pequeno sorriso. — Mas quando cheguei em casa e vi meu pai olhando nossas fotos, me contando a história por trás delas… percebi que tinha que ser honesta. Que, se fosse para ele me odiar, que fosse naquele momento, antes de eu finalmente dar um voto de confiança para ele.
— E ele não te odiou — digo suavemente.
— Não — ela sorri, e é um dos sorrisos mais genuínos que já vi em seu rosto. — Ele me abraçou e chorou comigo.
— Então por que ainda tem medo de contar sobre David? — pergunto, acariciando suas mãos. Ela morde o lábio, pensativa.
— Não quero ser mais um problema para ele resolver.
— Mia — seguro seu rosto entre minhas mãos —, você não é um problema. E James merece saber que aquele desgraçado está te ameaçando.
— Eu sei — ela suspira. — Só… não sei como contar.
— Quer que eu esteja lá com você?
— Você faria isso?
— Eu faria qualquer coisa por você.
— Filme? — ela pergunta baixinho, e sorrio ao notar que já conhece minha forma preferida de acalmá-la.
— Sim, uma de suas comédias românticas entediantes, de preferência — beijo o topo de sua cabeça.
Passamos o resto da tarde assim, abraçados no sofá. De vez em quando, troco o filme por beijos. Às vezes, pego Mia me observando, como se quisesse se convencer de que isso está mesmo acontecendo.
Tento me concentrar no filme, mas, sempre que ela se distrai, minha mente trabalha em uma maneira de confrontar David. Minha vontade é resolver isso o mais rápido possível, mas há alguém tão interessado nisso quanto eu.
Quando a noite chega, para nossa infelicidade, Mia diz que precisa ir. Minha vontade é pedir que ela fique, encontrar uma desculpa para tê-la comigo por mais algumas horas, mas há coisas que precisam ser resolvidas hoje.
— Me avisa quando chegar? — peço, roubando mais um beijo.
— Aham — ela murmura contra meus lábios.
Com um sorriso, Mia entra no elevador. Quando as portas se fecham, vou até o meu quarto e me preparo para esperar sua mensagem.
Após vinte longos minutos, meu celular finalmente vibra.
“Cheguei. Já estou com saudades.”
Respiro fundo, tomando minha decisão.
“Estou a caminho. Vamos conversar com James juntos.”

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