O estacionamento da Nexus está quase vazio, exceto por alguns carros de funcionários que ainda trabalham. Observo James e Ethan checando o mapa em seus celulares, confirmando as posições de cada policial no estacionamento abandonado do shopping.
— Eles estarão aqui, aqui e aqui — James explica, apontando para diferentes pontos no mapa. — O detetive garantiu que a área está completamente cercada.
— E nós estaremos aqui — Ethan indica outro ponto. — Perto o suficiente para agir se necessário, mas longe o bastante para que David não perceba.
— O táxi está chegando — meu pai anuncia, visivelmente tenso, ao avistar o veículo amarelo se aproximando. — Vamos segui-la a uma distância segura.
Engulo em seco e coloco o envelope na bolsa. É hora de ir. Antes de me afastar, olho para Ethan. Mesmo sem dizer uma palavra, consigo enxergar sua preocupação, sentir seu apoio silencioso.
Ele quer me prender em seus braços, me proteger de tudo isso, mas, aqui, diante de James, tudo o que pode fazer é manter a distância.
O táxi para ao nosso lado e meu coração dispara. Uma coisa é planejar, outra bem diferente é fazer acontecer.
— Vai ficar tudo bem, filha — James me puxa para um abraço forte.
Com as pernas trêmulas, entro no táxi e passo o endereço ao motorista. Conforme nos afastamos da Nexus, da segurança de ter Ethan e meu pai por perto, o medo cresce dentro de mim.
Enquanto as luzes da cidade passam pela janela, penso em como chegamos até aqui. Como David conseguiu transformar todo o amor que um dia sentiu por mim em ódio?
Pelo retrovisor, vejo dois carros nos seguindo a uma distância segura. Sei que são eles. Sei que estou cercada por policiais e que cada detalhe do plano foi calculado.
Ainda assim, meu coração martela no peito, como se soubesse que algo está prestes a dar errado.
O shopping abandonado surge à minha frente, uma estrutura sombria contra o céu noturno. Algumas lâmpadas ainda funcionam no estacionamento, refletindo nas poças de água no asfalto.
— Pode parar aqui — peço ao taxista assim que chegamos ao local combinado.
— Tem certeza, moça? — Ele me lança um olhar preocupado pelo retrovisor. — Esse lugar não parece muito seguro.
“Não é”, penso, mas apenas assinto, pagando a corrida.
Assim que o táxi parte, sinto o peso esmagador da solidão. Sei que não estou realmente sozinha, que há policiais escondidos por toda parte, que Ethan e meu pai estão por perto.
Mas, aqui, parada sob uma das poucas luzes que ainda funcionam, sinto como se estivesse revivendo meu pesadelo.
Olho para o relógio no meu pulso. 19:05. Cada minuto que passa se arrasta como uma eternidade. David tem que aparecer. Ele vai aparecer. E, quando isso acontecer, tudo terá um fim.
Se será um final bom ou ruim, eu não sei. Mas preciso que aconteça.
Quase vinte minutos depois, o barulho de um motor rompe o silêncio. Um carro preto surge com os faróis apagados, parando a alguns metros de distância.
David sai do banco do passageiro enquanto o veículo se afasta lentamente. Ele caminha na minha direção sem pressa, como se saboreasse cada passo.
Mesmo vestido com roupas escuras e um boné, reconheço de imediato aquele rosto que um dia foi familiar. O rosto do homem que já foi minha família.
— Boa menina — David para a poucos passos de mim. Seus olhos descem para o envelope em minhas mãos. — Dez mil dólares em cinco dias. Como conseguiu isso?
— Vendi algumas coisas que… James me deu.
— Claro — ele ri, amargo, cruel. — Agora que encontrou seu papaizinho rico, está…
Mas ele para no instante em que policiais surgem de todos os lados, com armas apontadas para ele.
— David Cooper, você está cercado! — Um dos policiais grita. — Ajoelhe-se e coloque as mãos na cabeça!
Por um segundo, vejo seu olhar vacilar. David me encara com ódio puro, os punhos cerrados.
— Você vai me pagar por isso, Mia.
Ele tenta correr. Em vão.
Dois policiais se lançam sobre ele, derrubando-o no chão com força. Ele se debate, xinga, mas a luta dura pouco. As algemas se fecham em seus pulsos com um clique metálico.
— SUA INGRATA! — ele berra enquanto é levantado à força. — ISSO NÃO ACABOU AQUI!
O peso da adrenalina me atinge com força. Minhas pernas falham, o mundo gira ao meu redor e é impossível continuar em pé.
Mas antes que eu caia, sinto duas mãos fortes segurando meus braços. O perfume familiar me envolve. Ethan.
— Acabou, meu amor — ele murmura, ainda me segurando pelos braços, enquanto James corre em nossa direção. — Acabou.
Mas, enquanto vejo David sendo arrastado para uma das viaturas, um arrepio frio percorre minha espinha.
E se ele estiver errado?

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